22 agosto 2011
Errante
Ando ao acaso: caso, descaso, caso e descaso
De tanto descaso ao acaso, o caso é acatar o agora
Doravante perco o tempo, a rima, o ritmo
Acerca de você, eu me cerco
Hoje pode ser o dia
O dia da lembrança
Hoje e agora
Sem sombra, sem memória
Essa hora eu aproveito, deito e deleito
O antes eu não lembro
Só sento, sinto... não lamento
O futuro está lá fora
De tanto descaso ao acaso, o caso é acatar o agora
Doravante perco o tempo, a rima, o ritmo
Acerca de você, eu me cerco
Hoje pode ser o dia
O dia da lembrança
Hoje e agora
Sem sombra, sem memória
Essa hora eu aproveito, deito e deleito
O antes eu não lembro
Só sento, sinto... não lamento
O futuro está lá fora
13 julho 2011
Herói Anônimo
Porque ele não tinha noção do perigo, foi lá e morreu
Porque ele não sabia amar, foi lá e amou
Porque ele não sabia que era feio, foi lá e se tornou bonito.
Porque ele não sabia amar, foi lá e amou
Porque ele não sabia que era feio, foi lá e se tornou bonito.
05 julho 2011
Auto-Mar
- Chega de ser alheio de sentimento
Um torpor vário, estasiante
Meio que calmante
Um alento
Com o pouco de fora
E nada do lado de dentro
- Quero mais é que pinte mesmo
De azul ao escarlate
Um vazio, depois um estandarte
Pra recomeçar, tal qual navio que parte
Na aventura de se ver sem nada
Tendo só o que lhe sobraste
- Espero e avisto.
Nesse mar áspero e arisco
Uma ilha, um imprevisto
Um ponto bem quisto
Agora só falta provar que existo
Depois de um tempo sem êxito...
Paro e penso... logo desisto.
Um torpor vário, estasiante
Meio que calmante
Um alento
Com o pouco de fora
E nada do lado de dentro
- Vento é evento que sopra.
Na sobra de intento pra dar assunto
Fico calado meio abobado
Como tanto pobre, sem norte
Num sorriso de gente fraca e choro de gente forte
- Quero mais é que pinte mesmo
De azul ao escarlate
Um vazio, depois um estandarte
Pra recomeçar, tal qual navio que parte
Na aventura de se ver sem nada
Tendo só o que lhe sobraste
- Espero e avisto.
Nesse mar áspero e arisco
Uma ilha, um imprevisto
Um ponto bem quisto
Agora só falta provar que existo
Depois de um tempo sem êxito...
Paro e penso... logo desisto.
03 julho 2011
Contratempo
Eu não queria ter conseguido te conquistar
Era pra ser platônico
Era pra ser impossível
A realidade disso era mais do que eu poderia imaginar
Mas você se apaixonou por mim
Todo mundo quer ter alguém pra amar
Então eu escolhi você
Eu sei que você não tinha nada com isso
Mas agora tem, ou pelo menos teve
Não sei se escolhi muito bem
Quer dizer, sei
Mas vou fingir que não
Pra esse buraco no meu peito doer menos
E poder culpar alguém
Não sei mais o tempo que passou
O tempo que deveria curar
Se que ele criou em mim uma certeza
De que nada é feito pra durar
Era pra ser platônico
Era pra ser impossível
A realidade disso era mais do que eu poderia imaginar
Mas você se apaixonou por mim
Todo mundo quer ter alguém pra amar
Então eu escolhi você
Eu sei que você não tinha nada com isso
Mas agora tem, ou pelo menos teve
Não sei se escolhi muito bem
Quer dizer, sei
Mas vou fingir que não
Pra esse buraco no meu peito doer menos
E poder culpar alguém
Não sei mais o tempo que passou
O tempo que deveria curar
Se que ele criou em mim uma certeza
De que nada é feito pra durar
30 junho 2011
Inimigo
Você estragou a coisa mais bonita que tinha dentro de mim
E eu não te dei porque achava que poderia cuidar
Eu te dei porque achava que ficaria melhor em você
Você veste essa roupa, você veste essa levesa
Apesar de pesada, apesar dos pesares
Isso não serve em mim
Não mais
Era pra ser um sonho
Um sonho sonhado por dois
Era pra ser um jogo
Jogado aos pardais
Faz agora todo sentido
Que já não é mais sentido
Nem por mim, nem por você
Talvez por quem não devia
E entender só trás mais vazio
Nem dor, nem amor
Agora sei que espectativa existia
Era você, meu espectador
Esperava seu plano dar errado
Só porque o estrago lhe era mais certo
Você é melhor assim
De lado
Afim
Calado
Atrás...de mim
E eu não te dei porque achava que poderia cuidar
Eu te dei porque achava que ficaria melhor em você
Você veste essa roupa, você veste essa levesa
Apesar de pesada, apesar dos pesares
Isso não serve em mim
Não mais
Era pra ser um sonho
Um sonho sonhado por dois
Era pra ser um jogo
Jogado aos pardais
Faz agora todo sentido
Que já não é mais sentido
Nem por mim, nem por você
Talvez por quem não devia
E entender só trás mais vazio
Nem dor, nem amor
Agora sei que espectativa existia
Era você, meu espectador
Esperava seu plano dar errado
Só porque o estrago lhe era mais certo
Você é melhor assim
De lado
Afim
Calado
Atrás...de mim
29 junho 2011
Invertido
Se era um tombo ou vaidade
Se tinha um pingo de realidade
Se fazia só por maldade
Eu não queria saber
Se vinha de fora ou de dentro
Se a intenção era só alento
Se a verdade tinha cabimento
Eu não queria esconder
Eu não queria uma explicação
Eu não queria a razão
Eu não queria ser mais um pião
Se desse pra escolher
Se tinha um pingo de realidade
Se fazia só por maldade
Eu não queria saber
Se vinha de fora ou de dentro
Se a intenção era só alento
Se a verdade tinha cabimento
Eu não queria esconder
Eu não queria uma explicação
Eu não queria a razão
Eu não queria ser mais um pião
Se desse pra escolher
10 maio 2011
Óbvio
Você parece tão óbvio
Corre trilhas, pisa em falso
Coleciona favores
Destrói espectativas
Você parece tão óbvio
Quando repete as mesmas palavras
Se entrega às mesmas pessoas
Procura uma saida
Você é obvio
Obviamente aquilo que eu procurava
Uma falta de clichê aqui dentro
Uma porta, que eu não quero atravessar
Você parece tão óbvio
Que chega a me dar calafrios
Você na verdade não é óbvio
Obviamente, o óbvio não me interessaria
Eu digo isso porque eu não consigo aceitar
Que estou completamente apaixonada pelo óbvio
Ou seja, você.
Corre trilhas, pisa em falso
Coleciona favores
Destrói espectativas
Você parece tão óbvio
Quando repete as mesmas palavras
Se entrega às mesmas pessoas
Procura uma saida
Você é obvio
Obviamente aquilo que eu procurava
Uma falta de clichê aqui dentro
Uma porta, que eu não quero atravessar
Você parece tão óbvio
Que chega a me dar calafrios
Você na verdade não é óbvio
Obviamente, o óbvio não me interessaria
Eu digo isso porque eu não consigo aceitar
Que estou completamente apaixonada pelo óbvio
Ou seja, você.
05 maio 2011
Quem saberá?
Estou traindo você, confesso
Era pra ficar bem no esquecimento, mas eu não esqueço
Não foi bem traição, entendo
Foi desligamento, temporário, imaginário, alento
Estou traindo você, queria que fosse mentira
Não entendo essa vontade de me manter fiel
Fiel a uma falsa conduta, filha da puta
Me colocando sempre na minha mira, que nunca atira
Estou traindo você, talvez ligue
Mas eu queria que soubesse
Não que isso vá acontecer
Mas nem por isso deixo de querer
19 abril 2011
Locador
E foi assim que ele se encontrou.
Despido, frente a um espelho
Reflexo, sem nexo
Certo de que houve um retrocesso
Errado, era o que queria estar
De trás pra frente, rebobinando
A fita, a vida, o vício, a chance, o lance, a corda e a vez
Vinha de vários lugares as sensações, passadas... de mão em mão
Presente, de Deus
Ele bem que sabia
Nada daquilo lhe pertencia
Nem as sensações, nem as pessoas, nem as roupas
Eram todas emprestadas, com data de entrega e multa
Multa por abusar, ficar demais, absorver
Mas o certo é entregar, se entregar
Não ficar com nada, pois pode ser usado contra você, e assim será
Direitos e deveres
A pena, ficar preso, ao passado
Ele agora estava sem nada
Ele agora se encontrou
Ele, com medo, quis voltar, só que não tinha mais pra onde ir
Ele, agora, sem ter o que agarrar
E só tendo a si mesmo
Agarrou aquele que nunca o deixou
O agora.
Despido, frente a um espelho
Reflexo, sem nexo
Certo de que houve um retrocesso
Errado, era o que queria estar
De trás pra frente, rebobinando
A fita, a vida, o vício, a chance, o lance, a corda e a vez
Vinha de vários lugares as sensações, passadas... de mão em mão
Presente, de Deus
Ele bem que sabia
Nada daquilo lhe pertencia
Nem as sensações, nem as pessoas, nem as roupas
Eram todas emprestadas, com data de entrega e multa
Multa por abusar, ficar demais, absorver
Mas o certo é entregar, se entregar
Não ficar com nada, pois pode ser usado contra você, e assim será
Direitos e deveres
A pena, ficar preso, ao passado
Ele agora estava sem nada
Ele agora se encontrou
Ele, com medo, quis voltar, só que não tinha mais pra onde ir
Ele, agora, sem ter o que agarrar
E só tendo a si mesmo
Agarrou aquele que nunca o deixou
O agora.
15 abril 2011
Dê vida a esse blog
Olá caros leitores deste blog, como vão vocês?
Este post é direcionado especialmente para você. E obviamente o blog também, como um todo. Este post é para convidar vocês, que lêm este blog com certa frequência (ou não), a comentarem nos textos que público aqui. Quero também que este convite se expanda para os outros blogs que vocês gostam. Como eu sempre disse, a vida de um blog está nos comentários que os leitores deixam nele. Pois desta forma vocês, aí do outro lado da tela, estão interagindo diretamente com o autor.
Gostaria que percebessem, caso ainda não tenham percebido, que o blog vive disso, dos comentários de seus leitores. Um blog sem comentários é apenas um devaneio no escuro de autor esquizofrênico. Não estamos aqui para falar sozinhos, porque se o quiséssemos, estaríamos com nossos textos guardados ou simplesmente não existiriam. O seu comentário, que muita vezes não deve demorar mais do que um minuto seu, é o combustível, o que dá motivação para mim e para qualquer autor de um blog a fazer novos posts, trazer textos cada vez melhores para vocês. E como saberemos que estes posts estão melhores? Adivinhe?
Estou deixando um link, no banner acima, que o direcionará a um post que fala muito mais sobre esse assunto e bem melhor do que eu fiz aqui. Espero desta forma estar ajudando você a entender o quão importante é o seu comentário para nós, blogueiros e qualquer pessoa que gere conteúdo seja ela onde estiver.
Muito obrigado a todos que deram comentários neste blog, por menor que seja o número de comentários o que importa é que você deu sua contribuição, participou com a sua opinião sobre o conteúdo e não somente um comentário automático. Gostaria de dizer que vocês são os grandes responsáveis por ele ainda existir. Continuem comentando, todos são lidos com o mesmo carinho e atenção... e euforia também (porque nada se compara a um email na caixa de entrada avisando que mais um comentário foi adicionado ao blog).
14 abril 2011
Fim.
- Hey, e aí cara?! Quanto tempo hein?
- Opa, que saudade!! Pois é, bastante mesmo. Como você está?
- Bem, e você?
- Também.
- Opa, que saudade!! Pois é, bastante mesmo. Como você está?
- Bem, e você?
- Também.
27 março 2011
Rascunho
Ele rabisca, nós rabiscamos e eu rabisco. A forma não tem tanta importância. Importante é colocar no papel, é sair das ideias, é correr da ponta do iceberg até o fundo do oceano, é sair pra ganhar vida.
A hora que você poe em prática é como se o mundo pudesse presenciar, perceber que você está ali. Não tem muita importância, não é importante até que você ponha em prática. Talvez você tenha medo de rabiscar, por não ser ainda perfeito, mas isso é controverso. Rabisque, rascunhe, tire essa coisa da sua cabeça e coloque no mundo, ou quem sabe, coloque na cabeça de outro. Não seja egoísta, o que as vezes pode lhe parecer louco, impossível, nada a ver, talvez já tenha sido muito visto, feito e quem sabe, seja passado. Só não foi lhe passado.
A hora que você poe em prática é como se o mundo pudesse presenciar, perceber que você está ali. Não tem muita importância, não é importante até que você ponha em prática. Talvez você tenha medo de rabiscar, por não ser ainda perfeito, mas isso é controverso. Rabisque, rascunhe, tire essa coisa da sua cabeça e coloque no mundo, ou quem sabe, coloque na cabeça de outro. Não seja egoísta, o que as vezes pode lhe parecer louco, impossível, nada a ver, talvez já tenha sido muito visto, feito e quem sabe, seja passado. Só não foi lhe passado.
22 março 2011
À distância.
Como anjo você me acordou
Me acordou pra dizer adeus, e bateu asas
Nua, assim como veio assim se foi
Levando meu coração, minha calma
Alma eu ainda tenho, só não sei mais como é agora
Agora que tenho que procurar uma parede que for
Um pedaço de papel, de contas pra pagar
Pra de alguma forma registrar, o que ainda aqui ficou
Ainda arde em mim o nosso fogo
Mas agora parece grande demais pra uma pessoa só
Chego a suar sem saber o que acontece
Preciso escrever, pois não posso mais te beijar
Preciso apagar, pois não posso mais te afagar
Preciso me exercitar, porque amor, ainda estou no mesmo lugar.
Me acordou pra dizer adeus, e bateu asas
Nua, assim como veio assim se foi
Levando meu coração, minha calma
Alma eu ainda tenho, só não sei mais como é agora
Agora que tenho que procurar uma parede que for
Um pedaço de papel, de contas pra pagar
Pra de alguma forma registrar, o que ainda aqui ficou
Ainda arde em mim o nosso fogo
Mas agora parece grande demais pra uma pessoa só
Chego a suar sem saber o que acontece
Preciso escrever, pois não posso mais te beijar
Preciso apagar, pois não posso mais te afagar
Preciso me exercitar, porque amor, ainda estou no mesmo lugar.
15 março 2011
Desconforto
Nenhuma posição estava satisfazendo
Virava de um lado pro outro
Pensava em coisas antes proibidas
Era carregado contra sua vontade
Se viu correndo quando queria continuar andando
Sentia pressa, mas também sentia que não queria sair daquela posição confortável
Água fria
Vontade, alívio e um pouco de solidão
Volta pra casa
Estende os braços
(Pra ninguém)
Pega um caderno
Escreve e depois apaga.
10 fevereiro 2011
Fisiolofando (Projeto Telefone sem fio)
![]() |
Ilustra: Lia Fenix |
Por que água com açúcar acalma? Seria a substituição da mamadeira ou o açúcar que trás a infância a tona nos levando para uma época onde a falta de responsabilidade era permitida? Onde o castigo era a salvação?
Por que esse medo de multidão? Talvez a angústia de não se ver; muitos mundos, muita intromissão, muitos olhos, olhares, perda da intimidade, privacidade e silêncio. Muita atenção, por toda parte, inclusive a sua sobre a intimidade alheia.
Por que falar é pôr pra fora? Talvez porque o silêncio seja entendido como sendo pra dentro. É o oposto. É transformar em som aquilo que antes era apenas uma descarga elétrica. Mas continua sendo descarga, só que de idéias, sentimentos.
Por que a vírgula vem antes do ponto final? Porque sem uma pausa para respirar não se chega a lugar algum, quiçá o ponto final.
-----
Primeiro veio o texto por mim e depois a Lia fez o desenho inspirado nele. Obrigado Lia, ficou muito bom mesmo! Adorei! :)
05 fevereiro 2011
Cartel
Venho por meio deste
agradecer a atenção
A quem interessar
[possa, por gentileza]
Endereçar essa petição
"Faça-me o favor" - Diria ela ao seu autor
"Trate-me com carinho
Faça, não só um sonetinho,
Mas uma rima que tenha cor"
Desde já agradeço
Por não saber como começar
Um grande abraço aos que ficam
Boa viagem, mande um postal de lá
agradecer a atenção
A quem interessar
[possa, por gentileza]
Endereçar essa petição
"Faça-me o favor" - Diria ela ao seu autor
"Trate-me com carinho
Faça, não só um sonetinho,
Mas uma rima que tenha cor"
Desde já agradeço
Por não saber como começar
Um grande abraço aos que ficam
Boa viagem, mande um postal de lá
Grato aguardo sua resposta
E deixo um abraço também
Beijo eu mando aos mais íntimos
Quem sabe algo mais além
Contas de chocolate
Sei que não fui claro
E ao não ser, permiti que abristes os olhos
E imaginaste uma forma
Que se antes não fosse, agora se torna
Mas agora sou direto
"Quero você"
Essa é a verdade
Sem fantasia, sem máscara
Por mais que pareça singela
O que não falta é insanidade
Insano é o meu desejo
Que não tem rumo
Mas tem uma origem
Que eu agora fumo
Tragando a fuligem
E não obstante
Por mais que distante
Por hora, constante
Uma canção cativante
E mais que suficiente
Aos olhos dos amantes
Queria que fosse
Por antes não ter sido
Mas agora quero que seja
Por ter merecido
06 janeiro 2011
Afagocitose
Eu não lhe dou garantias, lhe dou riscos, rabiscos… nada de um papel em branco. Não cabe só à você, cabe à mim também permitir que os seus contornos se encontrem com os meus.
O mito que eu vá lhe fazer melhor é uma praga. Omito que eu possa lhe fazer melhor, só pra mostrar que na verdade é você quem o faz através de mim, com a sua permissão.
Vide a bula, talvez ela lhe mostre os riscos. Vire a cara, talvez assim você não veja e fique mais bonita de perfil, numa foto estática em preto e branco. O que foi feito pra ser apreciado não pode ser tocado, quem sabe trocado?
Uma falsa promessa é as vezes tudo que a gente precisa. Não precisamos que ela seja cumprida e nem mesmo justificada. A sua simples existência gera a sensação desejada e nada mais. E o que a gente espera mais do que a sensação? Diria um ingênuo que seria a realidade. Pois então eu lhe perguntaria: e como você toma conhecimento dela?
O mito que eu vá lhe fazer melhor é uma praga. Omito que eu possa lhe fazer melhor, só pra mostrar que na verdade é você quem o faz através de mim, com a sua permissão.
Vide a bula, talvez ela lhe mostre os riscos. Vire a cara, talvez assim você não veja e fique mais bonita de perfil, numa foto estática em preto e branco. O que foi feito pra ser apreciado não pode ser tocado, quem sabe trocado?
Uma falsa promessa é as vezes tudo que a gente precisa. Não precisamos que ela seja cumprida e nem mesmo justificada. A sua simples existência gera a sensação desejada e nada mais. E o que a gente espera mais do que a sensação? Diria um ingênuo que seria a realidade. Pois então eu lhe perguntaria: e como você toma conhecimento dela?
28 dezembro 2010
Ceifador
Sei falar das crianças escravizadas
Sei falar da volta por cima
Sei falar dos sentimentos e problemas que não tenho
Sei falar das coisas que não sou
Sei falar das dores dos outros
Sei falar da falta de abrigo, abrigado
Sei falar de como tudo vai bem, obrigado
Sei falar e escrever
Sei falar "é fácil"
Sei falar, é fácil.
Sei falar da volta por cima
Sei falar dos sentimentos e problemas que não tenho
Sei falar das coisas que não sou
Sei falar das dores dos outros
Sei falar da falta de abrigo, abrigado
Sei falar de como tudo vai bem, obrigado
Sei falar e escrever
Sei falar "é fácil"
Sei falar, é fácil.
04 dezembro 2010
Deixe Star
Venda-me os olhos
Veda minha vida
Vide à sua volta
Vira e mexe, se solta
Venda a sua vez
Ceda, a sua voz
Inverta os papéis
Invista na minha vontade
Vista uma seda
Apaga minha sede
Revele a morte velada
Descubra o véu de veludo
Nestes tempos vindouros
A viúva não é só quem ficou
Mas aquela que se nutre
Tal qual um abutre
Da dor da saudade
Veda minha vida
Vide à sua volta
Vira e mexe, se solta
Venda a sua vez
Ceda, a sua voz
Inverta os papéis
Invista na minha vontade
Vista uma seda
Apaga minha sede
Revele a morte velada
Descubra o véu de veludo
Nestes tempos vindouros
A viúva não é só quem ficou
Mas aquela que se nutre
Tal qual um abutre
Da dor da saudade
07 novembro 2010
Re-sabios Entre-tidos
Ele ri e sabia
Um tanto quanto ressabiado
Que não fazia nada demais
A não ser saber
O que não se devia fazer
Era em torno desse adorno
Aquele que melhor cabia
Sem arredores, sem contornos
Que ele, entre uns e outros, tinha
A manha que à entretia
Mas o melhor de tudo
Não era o que estava por vir
Nem que era passado, ou esperado
Era que ela, sabendo de seu ressabio
Não sentia
O vazio do presente desesperado
E que realmente se entretia.
Um tanto quanto ressabiado
Que não fazia nada demais
A não ser saber
O que não se devia fazer
Era em torno desse adorno
Aquele que melhor cabia
Sem arredores, sem contornos
Que ele, entre uns e outros, tinha
A manha que à entretia
Mas o melhor de tudo
Não era o que estava por vir
Nem que era passado, ou esperado
Era que ela, sabendo de seu ressabio
Não sentia
O vazio do presente desesperado
E que realmente se entretia.
20 outubro 2010
Fiado
Não sou raso nem a razão
Nem sofro baixo com a solidão
Escrevo diferente porque me vejo igual
Se te gosto em mais de uma
É porque não ainda não sei dizer qual
Mas te guardo num caminho, uma folha de jornal
Quem sabe eu ainda não o siga
E viva o que quer que me diga
Seja na íntegra, seja na intriga
O bom mesmo é não ser legal.
Nem sofro baixo com a solidão
Escrevo diferente porque me vejo igual
Se te gosto em mais de uma
É porque não ainda não sei dizer qual
Mas te guardo num caminho, uma folha de jornal
Quem sabe eu ainda não o siga
E viva o que quer que me diga
Seja na íntegra, seja na intriga
O bom mesmo é não ser legal.
02 outubro 2010
Queria não saber
Eu não sei a ordem que você põe os livros
Eu não sei a cor da sua escova de dentes
Eu não sei a hora que você termina suas tarefas
Eu não sei o quanto você gosta de mim
Eu não sei o número do seu manequim
Eu não sei quando eu posso brigar com você
Eu não sei escolher o seu melhor doce
Eu não lembro o que eu não sei
E assim fico parecendo pra você uma pessoa que não te conhece
E você continua pensando em mim toda noite, até que adormece
Apostaria com o destino que nos uniu
Que você nunca soube nada sobre isso
E que se um dia soubesse
Faria tudo ser diferente
Talvez um sonho dentro de uma prece
Ou uma mentira aparente
Que perdurasse até onde desse
Porque lembro tudo de cor?
Queria mesmo era não saber
Ter uma inteligência ignorante
Pra poder ser mais amante
E menos corante.
Eu não sei a cor da sua escova de dentes
Eu não sei a hora que você termina suas tarefas
Eu não sei o quanto você gosta de mim
Eu não sei o número do seu manequim
Eu não sei quando eu posso brigar com você
Eu não sei escolher o seu melhor doce
Eu não lembro o que eu não sei
E assim fico parecendo pra você uma pessoa que não te conhece
E você continua pensando em mim toda noite, até que adormece
Apostaria com o destino que nos uniu
Que você nunca soube nada sobre isso
E que se um dia soubesse
Faria tudo ser diferente
Talvez um sonho dentro de uma prece
Ou uma mentira aparente
Que perdurasse até onde desse
Porque lembro tudo de cor?
Queria mesmo era não saber
Ter uma inteligência ignorante
Pra poder ser mais amante
E menos corante.
19 setembro 2010
Mantra 2
Minha alma
Minha calma
Me acalma
Minha alma
Se acalma
E me acalma
Minha calma
Sem alma
Se acalma
Me acalma
Minha alma
Minha calma
Me acalma
Me acalma
Me acalma
Minha calma
Me acalma
Minha alma
Se acalma
E me acalma
Minha calma
Sem alma
Se acalma
Me acalma
Minha alma
Minha calma
Me acalma
Me acalma
Me acalma
14 setembro 2010
Peixe fora d'água
Já era hora de descer do navio e finalmente voltar para casa depois de uma temporada de vários meses no mar pescando. A pesca havia sido farta e agora todos os seus amigos e amigas iriam voltar para suas famílias para então depois de algum tempo voltarem novamente para o trabalho no mar.
Fato era que "voltar para sua família" não fazia mais sentido para aquele que havia passado tanto tempo imerso em uma atmosfera de amizade e companheirismo isolado de todo o resto da humanidade. Era um lugar aonde só havia a saudade de casa e a vontade de voltar para sua morada em terra firme.
Mas agora em terra firme as coisas pareciam ter tomado o rumo inverso, a saudade agora era do mar. Mas era óbvio que não era do mar exatamente, era sim das pessoas, do amor platônico que estaria por lá também... A "família" em casa era agora estranha, já haviam se acostumado com a saudade, com a sua ausência. O tempo que passou com seus companheiros era o que tinha feito tudo mudar, seja em momentos de distração, brigas, cia, etc.
No meio do caminho pra casa ele se via perdido. O coração já não tinha mais um lugar, uma morada. Estava indo aonde a correnteza levava, não fazia distinção da direção e nem de sentido algum. Não fazia sentido se ver entre familiares quando na verdade não passavam agora de pessoas de grande similaridade genética.
A temporada em casa o fez o ser mais sozinho deste mundo, mais ilhado e afogado entre propagandas, televisão, comida e cinema. O trabalho o tirava toda essa "diversão", mas era pra lá que ele queria ir. Era pro encontro de pessoas que gostavam da sua cia por um bom e longo tempo sem pensar mais vezes do que o necessário para cometer um crime. O convívio enclausurado oferece perigos, mas esses, ele nunca havia presenciado, se havia, era velado. Imaginava que havia encontrado o grupo de amigos mais gabaritados para dividirem suas histórias entre si. E eram.
Na volta ao mar todos reclamavam das vidas medíocres que passavam em terra firme e que a única coisa que pensavam era em voltar à pesca. Percebiam que passavam o tempo todo contando as histórias que tinham no mar, como lidar com o isolamento no oceano. Viram como era maior o isolamento na cidade, onde parece mais um arquipélago.
Torciam para naufragar e ficarem sozinhos em uma ilha e esquecer que um dia vieram a ter uma vida de fingimentos, de trabalhar por uma vida que já nem existia mais...
...
Mas agora, em alto mar, depois de tanto tempo, a saudade da família voltara. Torcia para terminar logo a pescaria e encontrar um descanso. Passar um tempo fingindo ser quem não era mais. A saudade não era da família, e sim, de quem um dia eles foram.
Fato era que "voltar para sua família" não fazia mais sentido para aquele que havia passado tanto tempo imerso em uma atmosfera de amizade e companheirismo isolado de todo o resto da humanidade. Era um lugar aonde só havia a saudade de casa e a vontade de voltar para sua morada em terra firme.
Mas agora em terra firme as coisas pareciam ter tomado o rumo inverso, a saudade agora era do mar. Mas era óbvio que não era do mar exatamente, era sim das pessoas, do amor platônico que estaria por lá também... A "família" em casa era agora estranha, já haviam se acostumado com a saudade, com a sua ausência. O tempo que passou com seus companheiros era o que tinha feito tudo mudar, seja em momentos de distração, brigas, cia, etc.
No meio do caminho pra casa ele se via perdido. O coração já não tinha mais um lugar, uma morada. Estava indo aonde a correnteza levava, não fazia distinção da direção e nem de sentido algum. Não fazia sentido se ver entre familiares quando na verdade não passavam agora de pessoas de grande similaridade genética.
A temporada em casa o fez o ser mais sozinho deste mundo, mais ilhado e afogado entre propagandas, televisão, comida e cinema. O trabalho o tirava toda essa "diversão", mas era pra lá que ele queria ir. Era pro encontro de pessoas que gostavam da sua cia por um bom e longo tempo sem pensar mais vezes do que o necessário para cometer um crime. O convívio enclausurado oferece perigos, mas esses, ele nunca havia presenciado, se havia, era velado. Imaginava que havia encontrado o grupo de amigos mais gabaritados para dividirem suas histórias entre si. E eram.
Na volta ao mar todos reclamavam das vidas medíocres que passavam em terra firme e que a única coisa que pensavam era em voltar à pesca. Percebiam que passavam o tempo todo contando as histórias que tinham no mar, como lidar com o isolamento no oceano. Viram como era maior o isolamento na cidade, onde parece mais um arquipélago.
Torciam para naufragar e ficarem sozinhos em uma ilha e esquecer que um dia vieram a ter uma vida de fingimentos, de trabalhar por uma vida que já nem existia mais...
...
Mas agora, em alto mar, depois de tanto tempo, a saudade da família voltara. Torcia para terminar logo a pescaria e encontrar um descanso. Passar um tempo fingindo ser quem não era mais. A saudade não era da família, e sim, de quem um dia eles foram.
09 setembro 2010
O vilão
O artista é um striper nato. Gosta de se despir, ainda mais se for um anônimo. Dá a cara a tapa, mas não a sua, a de um laranja que ele mesmo cria. Se reserva no direito de disfarçar e até mentir os nomes e as histórias para que seu segredo fique assegurado.
São nessas estórias e contos que seus sonhos se tornam realidade e o poder de manipular as pessoas finalmente é possível, pois são suas crias. Manipula detalhes fazendo o leitor olhar para o lado mais forte do monstro, deixando os flancos desprotegidos do nosso dragão escritor se safar mais um vez. Ele brinca ao passo que deixa você, pobre leitor indefeso, pensar que está no controle. É um jogo arriscado, mas que termina em vitória pro autor quando vê que a discussão passa longe do alvo e acerta bem no meio do seu ego, inflando-o. Ahh, como não se viciar com tal sensação! Presas brigando entre si quando ele, o responsável pela briga, está sentado tal qual um imperador que acena e escolhe o vencedor para o ultimo golpe de misericórdia. E ainda recebe elogios, comendo-os como uvas servidas pelas mais belas mucamas e as críticas ruins são os os caroços que ele cospe em lugar fértil a fim de que dali passam brotar bons frutos no futuro.
A metalinguagem seria como um tiro que sai pela culatra, um fruto da criação, um delator espião que tenta sabotar os planos dos poetas e instaurar um golpe de estado. Há tempos ela tenta ser mais clara e objetiva, mas cai nas garras de sua natureza, sua origem, seu sangue, como uma piada para alegrar a nobreza, é o bobo da corte.
Alguns artistas insistem que só querem te entreter. Mas não se engane, pois como bom contador de estórias ele é um mentiroso nato. Então, muitas vezes, de vítima você pode passar a cúmplice.
São nessas estórias e contos que seus sonhos se tornam realidade e o poder de manipular as pessoas finalmente é possível, pois são suas crias. Manipula detalhes fazendo o leitor olhar para o lado mais forte do monstro, deixando os flancos desprotegidos do nosso dragão escritor se safar mais um vez. Ele brinca ao passo que deixa você, pobre leitor indefeso, pensar que está no controle. É um jogo arriscado, mas que termina em vitória pro autor quando vê que a discussão passa longe do alvo e acerta bem no meio do seu ego, inflando-o. Ahh, como não se viciar com tal sensação! Presas brigando entre si quando ele, o responsável pela briga, está sentado tal qual um imperador que acena e escolhe o vencedor para o ultimo golpe de misericórdia. E ainda recebe elogios, comendo-os como uvas servidas pelas mais belas mucamas e as críticas ruins são os os caroços que ele cospe em lugar fértil a fim de que dali passam brotar bons frutos no futuro.
A metalinguagem seria como um tiro que sai pela culatra, um fruto da criação, um delator espião que tenta sabotar os planos dos poetas e instaurar um golpe de estado. Há tempos ela tenta ser mais clara e objetiva, mas cai nas garras de sua natureza, sua origem, seu sangue, como uma piada para alegrar a nobreza, é o bobo da corte.
Alguns artistas insistem que só querem te entreter. Mas não se engane, pois como bom contador de estórias ele é um mentiroso nato. Então, muitas vezes, de vítima você pode passar a cúmplice.
01 setembro 2010
Rito de passagem (Projeto Telefone sem Fio)
![]() |
Ilustra: Lia Fenix |
Era um dia especial na casa da Chapeleira
Havia comprado todos os tipos de doces, bolos e chás para comemorar
A comemoração vinha da notícia que tinha para dar
Uma notícia que ela mal podia segurar
Tinha preparado tudo pra impressionar
Um luxo como nunca antes visto
Era fartura pra todo lado
Nem ela sabia pra que tudo isso
Queria ver todos contentes
Sabia que a festa representava um marco
Pois sendo filha de quem era
Nada seria equivocado
Deu muito trabalho toda aquela festança
Havia de tudo, até bolo na aliança
Ela não sabia como tudo começara
Tinha até penetra sem vergonha na cara
Chegou então o grande momento
Quando os convidados já estavam fartos
Era a hora do anúncio
Todos haviam lambido seus pratos
Então ela começou a falar:
"Bem vindos meus amigos
De longe vocês vieram para aqui me ouvir declarar
Vocês até agora não sabem o que eu vos tenho a compartilhar
Dada a minha paternidade eu tenho muito o que fazer
Mas até agora eu era só uma chapeleira e não podia me comprometer
Entretanto completei minha jornada depois de muito desaprender
Serei a partir de hoje não só mais uma apreciadora de chás
Não só mais uma trocadora de roupa
Serei mundialmente conhecida como a Chapeleira Louca!"
----------------------------------
louco
lou.co
adj (cast loco) 1 Que perdeu a razão, alienado, doido. 2 Insensato, inconsiderado. 3 Arrebatado, imoderado, imprudente, temerário. 4 Mec Que pode girar independentemente sobre o eixo em que está montado, sem comunicar a rotação a este; solto, livre: Polia louca. 5 Alegre, brincalhão, folgazão, galhofeiro. 6 Doidivanas, estróina, extravagante. 7 Apaixonado. 8 Extraordinário, fora do comum, estupendo. sm 1 Indivíduo que perdeu a razão. 2 Indivíduo extravagante, desatinado.
loucuralou.co
adj (cast loco) 1 Que perdeu a razão, alienado, doido. 2 Insensato, inconsiderado. 3 Arrebatado, imoderado, imprudente, temerário. 4 Mec Que pode girar independentemente sobre o eixo em que está montado, sem comunicar a rotação a este; solto, livre: Polia louca. 5 Alegre, brincalhão, folgazão, galhofeiro. 6 Doidivanas, estróina, extravagante. 7 Apaixonado. 8 Extraordinário, fora do comum, estupendo. sm 1 Indivíduo que perdeu a razão. 2 Indivíduo extravagante, desatinado.
lou.cu.ra
sf (louco+ura2) 1 Estado de quem é louco. 2 Med Desarranjo mental que, sem a pessoa afetada estar ciente do seu estado, lhe modifica profundamente o comportamento e torna-a irresponsável; demência; psicose. 3 Ato próprio de louco. 4 Insensatez. 5 Aventura insensata. 6 Grande extravagância. 7 fam Alegria extrema, diabrura: Loucuras das crianças. 8 fam Propensão excessiva; mania: Loucura pelo futebol. 9 fam Despesa desproporcionada. Antôn (acepção 4): siso.
19 agosto 2010
Sem título
Daqui de cima da pra ver que estou longe de todos. É natal, e ninguém estaria em casa sozinho hoje. Mas tudo bem, nada que um cigarro não resolva, claro. Mas eu não fumo.
O carteiro e o cigarro
Sei bem como é ser bem tratado. Esse é um mal, saber. Fico aqui de cima achando tudo o que eu posso achar, e no final, não acho nada. Tenho a mim mesmo para convencer a sair e me surpreender, mas hoje eu resolvi fumar um cigarro. Pronto, um cigarro iria me relaxar, me tirar daqui. Seria um amigo que todos por aí parecem levar no bolso e podem até acender. Só que eu sou desgraçado demais pra me tirar daqui. Eu quero isso.
- É natal, foda-se. Vou descer e comprar na primeira banca de jornal o meu primeiro amigo, quer dizer, o meu cigarro.
Impressionante! Acho que até você ficou convencido depois que eu xinguei né? É, mas eu não. (Xingar faz a gente parecer ter mais certeza do que está falando, fica mais real entende?) Tô aqui ainda sentado, sou um personagem parado e você não vai querer ler até o fim pra descobrir o meu paradeiro. Sabe o por quê? Porque estarei bem aqui, quando sua leitura terminar, já você, talvez não. Ah, mas você é chato, tem a esperança de que no final, eu vá te surpreender..., ok, siga ao desapontamento.
Vou te contar o que eu faço pra viver: entrego cartas o dia inteiro pra pessoas que eu nunca vou conhecer. Levo até elas uma informação importante, um carinho de um amigo distante, as letras e garranchos que elas guardam com apreço em um lugar especial. Sim, sou um carteiro. Não, ninguém mais recebe cartas de amigos. Falei isso só pra te deixar com aquela frase na cabeça: "Minha época era tão boa, quando as pessoas mandavam cartas". Sou da sua época amigo*, nunca as recebi. Nem de você e nem de ninguém. Nem quando a tarefa do colégio era de cada um enviar uma carta a um "amigo" sorteado (eu a mandei, mas não recebi).
Não fique triste por mim, eu não fiquei.
Fato é que hoje temos email, sms, celulares e o escambau... e eu ainda entrego cartas. Eu ainda acho que recebê-las seria uma coisa legal. Mas não tem mais. Agora é só contas, revistas, propagandas... aquele mesmo material que você também encontra na sua caixa de correios, virtual. Mas eu sou real. Eu recebo pra entregar. Vejo muitas pessoas todos os dias, ando bastante e no final do dia eu estou sozinho, sem carta e sem amigo. Faço a informação fluir, chegar ao seu destinatário, todos se entendendo, mas eu não.
Vou escrever uma carta pra mim mesmo. Quem sabe até me sugerir ir até o jornaleiro comprar um cigarro. (Hey, você ainda taí? Insistente ham?) O jornaleiro é um cara que viu muitas coisas mudarem no seu ramo nos últimos anos. Assim como as cartas pararam de serem escritas, os jornais estão diminuindo drásticamente suas tiragens... não pense nisso.
Mas eu não estou aqui pra falar dele, estou aqui pra escrever uma carta pra mim, que eu vou me recusar a entregar. Eu procrastino de propósito. Eu sou sincero comigo mesmo. Alguns vêm a sinceridade como coragem. Mas no meu caso não é coragem porque não há medo. Sou é ingênuo mesmo, a verdadeira explicação pra muito "corajoso" por aí.
Você deve estar pensando na utilidade da carta quando se pode conversar pessoalmente. Também deve estar pensando na utilidade do email quando se pode usar o msn, gtalk, orkut e etc. A carta escrita à mão é como se fosse um desenho, um registro, um documento. Serve pra você ler e reler, guardar e pendurar (e acender também). É tal qual uma foto... mais até, pois trás um monólogo, um roteiro, um movimento, uma idéia de alguém que quis que ela fosse sua e ela está congelada no tempo. Eu seria mais feliz se pudesse entregar uma carta dessas. Ver o sorriso de alguém ao recebê-la e o seu olhar com afago pro remetente com expectativas.
(Alguma coisa foi entregue aí?)
Vou seguir com a minha carta, sem cigarro, mas eu não disse que não teria um álcool... e ela vai começar mais ou menos assim...
O carteiro e o cigarro
Sei bem como é ser bem tratado. Esse é um mal, saber. Fico aqui de cima achando tudo o que eu posso achar, e no final, não acho nada. Tenho a mim mesmo para convencer a sair e me surpreender, mas hoje eu resolvi fumar um cigarro. Pronto, um cigarro iria me relaxar, me tirar daqui. Seria um amigo que todos por aí parecem levar no bolso e podem até acender. Só que eu sou desgraçado demais pra me tirar daqui. Eu quero isso.
- É natal, foda-se. Vou descer e comprar na primeira banca de jornal o meu primeiro amigo, quer dizer, o meu cigarro.
Impressionante! Acho que até você ficou convencido depois que eu xinguei né? É, mas eu não. (Xingar faz a gente parecer ter mais certeza do que está falando, fica mais real entende?) Tô aqui ainda sentado, sou um personagem parado e você não vai querer ler até o fim pra descobrir o meu paradeiro. Sabe o por quê? Porque estarei bem aqui, quando sua leitura terminar, já você, talvez não. Ah, mas você é chato, tem a esperança de que no final, eu vá te surpreender..., ok, siga ao desapontamento.
Vou te contar o que eu faço pra viver: entrego cartas o dia inteiro pra pessoas que eu nunca vou conhecer. Levo até elas uma informação importante, um carinho de um amigo distante, as letras e garranchos que elas guardam com apreço em um lugar especial. Sim, sou um carteiro. Não, ninguém mais recebe cartas de amigos. Falei isso só pra te deixar com aquela frase na cabeça: "Minha época era tão boa, quando as pessoas mandavam cartas". Sou da sua época amigo*, nunca as recebi. Nem de você e nem de ninguém. Nem quando a tarefa do colégio era de cada um enviar uma carta a um "amigo" sorteado (eu a mandei, mas não recebi).
Não fique triste por mim, eu não fiquei.
Fato é que hoje temos email, sms, celulares e o escambau... e eu ainda entrego cartas. Eu ainda acho que recebê-las seria uma coisa legal. Mas não tem mais. Agora é só contas, revistas, propagandas... aquele mesmo material que você também encontra na sua caixa de correios, virtual. Mas eu sou real. Eu recebo pra entregar. Vejo muitas pessoas todos os dias, ando bastante e no final do dia eu estou sozinho, sem carta e sem amigo. Faço a informação fluir, chegar ao seu destinatário, todos se entendendo, mas eu não.
Vou escrever uma carta pra mim mesmo. Quem sabe até me sugerir ir até o jornaleiro comprar um cigarro. (Hey, você ainda taí? Insistente ham?) O jornaleiro é um cara que viu muitas coisas mudarem no seu ramo nos últimos anos. Assim como as cartas pararam de serem escritas, os jornais estão diminuindo drásticamente suas tiragens... não pense nisso.
Mas eu não estou aqui pra falar dele, estou aqui pra escrever uma carta pra mim, que eu vou me recusar a entregar. Eu procrastino de propósito. Eu sou sincero comigo mesmo. Alguns vêm a sinceridade como coragem. Mas no meu caso não é coragem porque não há medo. Sou é ingênuo mesmo, a verdadeira explicação pra muito "corajoso" por aí.
Você deve estar pensando na utilidade da carta quando se pode conversar pessoalmente. Também deve estar pensando na utilidade do email quando se pode usar o msn, gtalk, orkut e etc. A carta escrita à mão é como se fosse um desenho, um registro, um documento. Serve pra você ler e reler, guardar e pendurar (e acender também). É tal qual uma foto... mais até, pois trás um monólogo, um roteiro, um movimento, uma idéia de alguém que quis que ela fosse sua e ela está congelada no tempo. Eu seria mais feliz se pudesse entregar uma carta dessas. Ver o sorriso de alguém ao recebê-la e o seu olhar com afago pro remetente com expectativas.
(Alguma coisa foi entregue aí?)
Vou seguir com a minha carta, sem cigarro, mas eu não disse que não teria um álcool... e ela vai começar mais ou menos assim...
31 julho 2010
Sintético
Se eu tivesse coragem plantava uma árvore
Se eu contasse a verdade eu diria que que a palavra não é coragem
Não é que eu conte mentiras, mas é que eu não sou daqui, sou de lá
E de lá não dá pra ver vocês direito, então eu interpreto mal
Mas que mal tem em ser mal interpretado?
Tantos bons nomes o foram, serei apenas mais um, mas um mau
Se eu ainda estou aqui, então é prova cabal
E não saio nem a pau
Se eu tivesse coragem não contava até três
Se eu guardasse o que sinto, talvez
E como acabo com isso de vez?
Mas que mal pode ser maior que o que sinto?
Minha fala tem venenos que eu desconheço
Tramo tanto que me omito, minto
Um pouco disso até que mereço
Mas esqueço que tenho medo de mim, não de você
Você eu fecho a porta na cara, desligo o telefone, não ligo
Eu estou sempre aqui
Se eu contasse a verdade eu diria que que a palavra não é coragem
Não é que eu conte mentiras, mas é que eu não sou daqui, sou de lá
E de lá não dá pra ver vocês direito, então eu interpreto mal
Mas que mal tem em ser mal interpretado?
Tantos bons nomes o foram, serei apenas mais um, mas um mau
Se eu ainda estou aqui, então é prova cabal
E não saio nem a pau
Se eu tivesse coragem não contava até três
Se eu guardasse o que sinto, talvez
E como acabo com isso de vez?
Mas que mal pode ser maior que o que sinto?
Minha fala tem venenos que eu desconheço
Tramo tanto que me omito, minto
Um pouco disso até que mereço
Mas esqueço que tenho medo de mim, não de você
Você eu fecho a porta na cara, desligo o telefone, não ligo
Eu estou sempre aqui
28 julho 2010
Provavelmente
Ela não sabia que caminho pegar. Pegava qualquer condução que a fizesse pensar que estava em movimento... e mais rápida do que era capaz de calcular não importa para onde estivesse indo. Tinha um jeito doce de pedir carona que deixava o dono da carruagem não querendo chegar em seu destino próprio, pois assim a deixaria também (ou não, mas isso ninguém saberia responder).
A soma dos caminhos desencontrados percorridos era enorme. Para qualquer um que a visse daria-a quilômetros, como viajante. O problema, principalmente para ela, era que se via muito perto ainda de onde tivera um dia saido com as trouxas nas costas. Havia ainda um sentimento, talvez, de que não tivesse partido. A partida sim era difícil, o desatar, o adeus. A segurança de um lugar conhecido ganhava da busca pelo novo. Ela teimava em dizer que estava indo longe, que com os viajantes aprendia sobre novos mundos afora... mas que ela nunca esteve. Quem sabe esteve, mas voltara?!
Começava a ganhar rugas não pelo tempo, mas pelas caminhadasdesperdiçadas. Buscava um lugar para descansar quando o real cansaço era de ficar parada. Fugia mesmo era de um rosto conhecido, de ser conhecida, de conhecer a si mesma. Mal sabia ela que pra sair de dentro teria que deixar outro entrar.
A soma dos caminhos desencontrados percorridos era enorme. Para qualquer um que a visse daria-a quilômetros, como viajante. O problema, principalmente para ela, era que se via muito perto ainda de onde tivera um dia saido com as trouxas nas costas. Havia ainda um sentimento, talvez, de que não tivesse partido. A partida sim era difícil, o desatar, o adeus. A segurança de um lugar conhecido ganhava da busca pelo novo. Ela teimava em dizer que estava indo longe, que com os viajantes aprendia sobre novos mundos afora... mas que ela nunca esteve. Quem sabe esteve, mas voltara?!
Começava a ganhar rugas não pelo tempo, mas pelas caminhadas
24 julho 2010
Vlog
Olá meus caros leitores,
Agora no intuito de também divulgar esse blog eu resolvi começar com um vlog. Para quem acompanha meu trabalho aqui agora também poderá ver meus vídeos. O link para o canal agora estará sempre aqui em cima no menu principal. Pra você que está com preguiça de clicar aí em cima vai o link aqui: http://www.youtube.com/user/murilonm
Caso vocês gostem dos vídeos e queiram receber as atualizações que eu for fazendo ao longo do tempo, se inscrevam no canal.
Atenciosamente, eu :)
Agora no intuito de também divulgar esse blog eu resolvi começar com um vlog. Para quem acompanha meu trabalho aqui agora também poderá ver meus vídeos. O link para o canal agora estará sempre aqui em cima no menu principal. Pra você que está com preguiça de clicar aí em cima vai o link aqui: http://www.youtube.com/user/murilonm
Caso vocês gostem dos vídeos e queiram receber as atualizações que eu for fazendo ao longo do tempo, se inscrevam no canal.
Atenciosamente, eu :)
10 julho 2010
Tiro livre indireto
Era pra me sentir sedento, sem ninguém olhar
Mas fiquei isento, pra variar
Tinha um nome comum, mesmo assim vou elogiar
Não era pra eu ter dito isso, não vou negar
Ensaio para não estragar
Ensaio para não atuar
Atuo para não disfarçar
Estrago por não atuar
Viajo para não ver
Não vejo para não viajar
Não viajo para não começar
Começo a não acreditar
Mas fiquei isento, pra variar
Tinha um nome comum, mesmo assim vou elogiar
Não era pra eu ter dito isso, não vou negar
Ensaio para não estragar
Ensaio para não atuar
Atuo para não disfarçar
Estrago por não atuar
Viajo para não ver
Não vejo para não viajar
Não viajo para não começar
Começo a não acreditar
30 junho 2010
Stop
Fila do pão
Coceira no ouvido
[- Até que chegue sua vez...]
Cotovelo dolorido
[- Hey, esquece o pão, pegue o bolo mais concorrido!
- Não esse não, o outro, o mais colorido.]
-----------------
Dia cinza
Cinzeiro
[- Nunca neva!]
Nevoeiro
Tem barulho
Tem fúria
Tem ira
Furadeira
------------
- Não queria isso? Pronto conseguiu!
- Ok, eu cheguei até aqui, e agora?
- Isso você tinha que ter pensado antes...
- Se eu tivesse pensado antes não teria conseguido chegar até aqui...
---------
Deixe sua mensagem após o bip.....BIP!
Coceira no ouvido
[- Até que chegue sua vez...]
Cotovelo dolorido
[- Hey, esquece o pão, pegue o bolo mais concorrido!
- Não esse não, o outro, o mais colorido.]
-----------------
Dia cinza
Cinzeiro
[- Nunca neva!]
Nevoeiro
Tem barulho
Tem fúria
Tem ira
Furadeira
------------
- Não queria isso? Pronto conseguiu!
- Ok, eu cheguei até aqui, e agora?
- Isso você tinha que ter pensado antes...
- Se eu tivesse pensado antes não teria conseguido chegar até aqui...
---------
Deixe sua mensagem após o bip.....BIP!
10 junho 2010
Voo-não-voou
Cogito um agito
Enceno um aceno
Abraço o cansaço e durmo
Venço um vício
Pago o preço
Cobro da cobra
O que eu mereço
De fato era ainda feto
Tonto tanto quanto
Afetava mesmo era o afeto
Certo é ser incerto
Fato é que nem abraço cogito
E aceno para o cansaço
Que mereço outro vício
Enceno um aceno
Abraço o cansaço e durmo
Venço um vício
Pago o preço
Cobro da cobra
O que eu mereço
De fato era ainda feto
Tonto tanto quanto
Afetava mesmo era o afeto
Certo é ser incerto
Fato é que nem abraço cogito
E aceno para o cansaço
Que mereço outro vício
26 maio 2010
Sem talheles
Tlês platos de tligo pala tlês tligues tlistes.
Pala todos nós, humanos, apenas um Platão.
Pala todos nós, humanos, apenas um Platão.
17 maio 2010
Céu limite (Projeto Telefone sem fio)
![]() |
Ilustra: Soledad Cifuentes |
Se um dia conseguisse esconder todos os sonhos numa caixinha eu o faria. Assim poderia roubar não só os meus sonhos mas dos outros também e guardar para poder tê-los quando mais precisasse e achasse conveniente. Mas ainda eu não pude.
Talvez os sonhos não caibam mesmo em caixinhas, talvez nem em nossas cabeças, protegidas por cabelos ou não, e só. Nossos sonhos ficam evidentes, respiramos e transpiramos eles e quando vemos que realmente estão evidentes, aparece a negação. E ela não é só para os outros, é para si também pra ver se nos convencemos. Os sonhos não podem ser tão explícitos, precisamos de alguma forma manter em segredo, para que não nos sabotem no meio do caminho, é um plano traçado com detalhes ou não, mas não deixa de ser.
E a gente nega. Nega que queria isso ou aquilo. Não aceitamos a nossa condição de querer coisas e/ou pessoas. É, e a gente quer. Aceitar não me faz nem um pouco satisfeito com a minha condição de possuidor, nem que seja da mentira.
As vezes nos colocamos do lado de fora, descemos o castelo e fingimos não morar lá. Tudo do lado de fora parece mais bonito, é um sonho. Sonhos são mentirinhas que nós contamos todas as noites para nós mesmos. Sonhar implica em mentir. Quem cria mente uma realidade. Mentimos várias vezes para nos convencermos. A repetição nos faz ficar acostumados com uma falsa realidade, que mais pra frente se torna a única coisa que tivemos durante um bom tempo. E ela fica familiar.
Se for fugir, fuja com estilo. Comece mentindo, sonhando, e logo você estará tão longe que só enxergue águas por todos os lados e quem sabe você não acha o seu peixe grande, pescador? Ou quem sabe, se afogue...
09 maio 2010
À noite
Um bar
Uma mesa
Um olhar
Uma presa
Um altar
Sobremesa
Um lar
Uma certeza
Um par
Uma fraqueza
Não amar
Ela era Teresa
Ele Baltasar.
Uma mesa
Um olhar
Uma presa
Um altar
Sobremesa
Um lar
Uma certeza
Um par
Uma fraqueza
Não amar
Ela era Teresa
Ele Baltasar.
04 maio 2010
15 abril 2010
Dez motivações
Você olha, dá um sorriso.
Ela olha, levanta a sobrancelha e sorri também.
É um sinal, você não pode negar.
Se pergunta se o sorriso é pra você ou se é pra ela mesma.
Ela tem tempo.
Você vai arriscar, vai até ela..., Não! Espera! Ela tá olhando pra outro...
Poxa, pior que não, é pra você mesmo. Você não tem mais tempo, precisa ir falar com ela.
Você vai.
Puxa conversa, ela sorri novamente, te abraça.
A... nestesia. Oi? Volta rapaz! Fale com ela!! Fale com ela!!
Ufa, será que ela percebeu que eu não tava aqui? Acho que não.
Você olha nos olhos. Ah que olhos!!
Hey, acorda! Ela tá olhando ow!
Vocês trocam algumas frases, pupilas se dilatam.
Ela volta para onde estava, estava ocupada trabalhando. Você usa seu tempo que não tem para olhar pra ela agora de longe.
Droga, lá vem as espectativas e você já está decepcionado.
"Hey, não desista!"
Quem disse que você desistiu?
Ela olha, levanta a sobrancelha e sorri também.
É um sinal, você não pode negar.
Se pergunta se o sorriso é pra você ou se é pra ela mesma.
Ela tem tempo.
Você vai arriscar, vai até ela..., Não! Espera! Ela tá olhando pra outro...
Poxa, pior que não, é pra você mesmo. Você não tem mais tempo, precisa ir falar com ela.
Você vai.
Puxa conversa, ela sorri novamente, te abraça.
A... nestesia. Oi? Volta rapaz! Fale com ela!! Fale com ela!!
Ufa, será que ela percebeu que eu não tava aqui? Acho que não.
Você olha nos olhos. Ah que olhos!!
Hey, acorda! Ela tá olhando ow!
Vocês trocam algumas frases, pupilas se dilatam.
Ela volta para onde estava, estava ocupada trabalhando. Você usa seu tempo que não tem para olhar pra ela agora de longe.
Droga, lá vem as espectativas e você já está decepcionado.
"Hey, não desista!"
Quem disse que você desistiu?
13 abril 2010
Num dado momento (Projeto Telefone sem fio)
![]() |
Ilustra: Soledad Cifuentes |
Num dado momento
Não sei se era sorte ou se ela lamento
Meio que de fora, meio que de dentro
Um sopro de alegria
Meio que vinha, meio que ia
Trazendo o antes pra depois
Meio que no meio de nós dois
Um prato de feijão com arroz
Numa dada hora
Parecia que não era agora
Que vinha tudo de fora
Meio na vinda, meio de ir embora
De onde não se vinga a ameaça
Medo da vida, medo da caça
Meia vida, meia taça
Era dado como morto
Meio sem tempo, meio sem sentido
Era tudo, menos sabido
Agia como se tivesse, mesmo sem ter tido
(O seu destino desvairido)
Contrário a toda corrente
De fato o mais iminente
Meio cheio, meio vazio
No meio de tudo, no meio do rio
Meio sortudo, meio sombrio
Meio confuso, meio colorido
Meio a meio e não se fala mais nisso!
07 abril 2010
Doador
Doa a quem doer esse é o meu dom
Não é meu aquilo que me dão
Doe a quem doar deu no que deu
Comprei o que "cê" me vendeu
É "mais do que nunca"
É "permaneça"
O amor não tem desculpa
Tem dor de cabeça
Não é meu aquilo que me dão
Doe a quem doar deu no que deu
Comprei o que "cê" me vendeu
É "mais do que nunca"
É "permaneça"
O amor não tem desculpa
Tem dor de cabeça
30 março 2010
Confeiteiro
Por uma fração de segundos se apaixona 3 vezes
Se trai a cada piscadela
Compra os mais caros em segredo e pros outros diz que é indiferente
Doa os livros que nunca leu dizendo que podem mudar a vida de alguém
Se vende por um preço superestimado e insite em ver mérito nisso
Diz que admira quem faz o contrário, mas é mentira
Termina uma conversa com silêncio, pra dar um ar de mistério e superioridade
Abraça pra ser abraçado
Veste uma camisa que não é sua, mas gostaria que fosse
Faz de conta que é amargo, mas é doce.
21 março 2010
Antes passado
Tinha intriga
Tinha entrega
Tinha tudo
...tinha nada!
Era surto
Era sorte
Era tudo
... era nada!
Foi feito
Foi feto
Foi fato
Foi tudo
... foi nada!
Meu mundo
Minha muda
Minha muda
... minha nada!
Tinha entrega
Tinha tudo
...tinha nada!
Era surto
Era sorte
Era tudo
... era nada!
Foi feito
Foi feto
Foi fato
Foi tudo
... foi nada!
Meu mundo
Minha muda
Minha muda
... minha nada!
15 março 2010
Temporada de caça (Projeto Telefone sem fio)
Ilustração: Soledad Cifuentes
Julie vivia em uma época em que caçar cervos era uma diversão. Seus irmãos é que gostavam de caçar e ela nunca tinha ido antes, pois era coisa de homem, então só ficava em casa ajudando sua mãe. Tinha um gênio forte e como era a única mulher entre os homens da época, aprendeu a guardar aquilo que sentia. Ultimamente os dias de caça não estavam trazendo muito, já que o cervo que estava sendo caçado havia semanas, permanecia intacto.
Em um dia de caça, Julie saiu para colher alguns temperos para o almoço enquanto seus irmãos, pai e tios estavam a caçar este cervo que vivia em sua terra e teimava em não ser achado (como diziam eles), seja por cães farejadores, seja por caçadores bem experientes.
No momento em que se via procurando alguns condimentos, se assustou ao ver ao longe o cervo, se alimentando, comendo grama fresca, parecendo não ter qualquer preocupação e/ou de estar sendo procurado. Uma figura imponente, um cervo imperial, com chifres imensos. No momento em que ela o viu, ele para de comer e se ergue olhando-a fixamente por um breve momento. Neste instante, Julie sente como se estivesse fora de seu corpo, observando uma natureza que nunca antes tivera oportunidade de ver. Um animal selvagem como aquele, sua tranquilidade, com a natureza verde ao fundo.
Foi então que foi um barulho de cães, cavalos atrás dela a fez sair deste momento de devaneio e começou a fazer barulhos, tentando espantar o cervo. E ele mesmo assim continuou a olhá-la sem se mover. Ela olhou para trás e viu a orda de caçadores se aproximando agora sorrateiramente. Olhou para procurar o cervo e ele já havia sumido.
Julie nunca mais viu este animal desde então, nem mesmo falou sobre o encontro. Alguns meses depois, finalmente ele foi abatido pelos caçadores.
Estendido de cabeça para baixo, ao ver seu amigo errante frio e imaculado, Julie se lembrou do breve momento que teve ao seu encontro e como ele foi bom e repentino. Seu segredo agora não parecia fazer a menor diferença e se sentiu feliz ainda sim por tê-lo espantado naquele momento, dando-lhe um pouco mais do seu tempo de vida. Ela sabia que muito provavelmente sua ação pode não ter feito também diferença ao cervo, já que ele se mantinha vivo até então... mas quem pode culpá-la se era assim que era gostava de pensar.
---------------------
Com esse segundo trabalho, terminamos nosso "teste" e gostamos muito do resultado, espero que vocês também. Eu e Soledad, estamos pensando em construir um blog especialmente para este fim, onde cada post teria a contribuição de mais de uma pessoa pelo menos, sejam mídias diferentes ou não.
Esperamos em breve poder anunciar esta criação, até lá iremos nos divertir com mais posts compartilhando pontos de vistas diferentes da mesma paisagem.
12 março 2010
Dissidente
Disse do som dissonante
Da moça errante
Do dom destoante
Do tom distante
Do ponto de partida
Da cara fechada
Do amor à vida
A troco de nada
Ouvi que foi por pouco
Que faltava vontade
Que parecia um louco
Que dava saudade
Então que se fale menos
Que não durma lá em casa
Que vá para Vênus
Só com uma asa
Tenso, denso, penso
Troca, draga, praga
Tricô, droga, prego
Da moça errante
Do dom destoante
Do tom distante
Do ponto de partida
Da cara fechada
Do amor à vida
A troco de nada
Ouvi que foi por pouco
Que faltava vontade
Que parecia um louco
Que dava saudade
Então que se fale menos
Que não durma lá em casa
Que vá para Vênus
Só com uma asa
Tenso, denso, penso
Troca, draga, praga
Tricô, droga, prego
06 março 2010
Tom (parte 1/2)
Por um breve momento Tom quis que esse momento se tornasse eterno. Que todo esse sentimento que estava sentindo fosse enviado para todas as pessoas ao redor do mundo tal era sua felicidade... Acordou na manhã seguinte como um viciado, pensando em como ter novamente aquilo que experimentou ontem. Mas Tom sabia que isso não poderia acontecer de novo. Ele sofria de uma maldição.
Tudo começou quando Tom encontra o que pensava ser a pessoa que continha todo o amor e beleza que ele estivera procurando por toda a sua longa, longa, longa vida de 15 anos. O breve momento em que esteve com Emma e se declarou, Tom foi a pessoa mais feliz do mundo. Este dia não é lembrado na sua memória como uma coisa bonita, mas sim como uma cicatriz. Desde então, Tom sente suas costas doendo, rugas aparecem em seu rosto, cicatrizes em lugares diversos a cada novo amor. E por alguma magia as pessoas que proporcionam isso a ele se rejuvenescem, ficam mais belas e de alguma forma imortais.
Hoje é um daqueles dias que Tom pega o telefone para ligar. Ligação feita, telefone agora no gancho, e ele se senta sentindo uma fisgada no braço. Por um momento ele fica em posição fetal se contorcendo e para. Se levanta e continua sua vida no resto de domingo que lhe sobra.
La fora todos os seus amores ainda estão imutáveis, esbanjando uma juventude que ele não tem mais. Mais de 30 anos se passaram e o mundo parece só mudar, o tempo passar só para ele. "Incrível!" ele pensou algumas vezes.
- Como podem estar todas em perfeito estado? Como isso é possível? - questionou Tom.
De alguma forma todos que tinham o toque de Tom, recebiam por ele a eternidade. Como um Midas dava vida eterna ao mesmo tempo que se via morrer.
Hoje não era mais um dia para se questionar sobre essas coisas. Tudo se foi. Ele nunca entendeu e já não queria mais entender.
- Não ia fazer diferença.
Tom continuava a ter os dias mais felizes da sua vida com o conhecimento que isso seria uma única vez com cada pessoa. Essas pessoas entendiam menos ainda o fato de não envelhecerem. Davam crédito à medicina, à alimentação, mas nunca passou por suas cabeças que tivera sido Tom o responsável por essa dádiva ou maldição de viver para sempre.
Hoje ele vai descansar e amanhã se preparar para poder encontrar um dia em que tudo isso terá um fim. Mas hoje não, hoje ele vai se esforçar para dar vida eterna a mais um amor que durou o suficiente para começar todo o processo. Foi-se o dia, nada mais.
Essa era sua sina. Se apaixonava a cada estação na tentativa até agora fracassada de tornar eterno aquilo que ele sentia em um momento mágico...
(continua...)
07 fevereiro 2010
Coisa de nossa cabeça (Projeto Telefone sem fio)
Ilustra: Soledad Cifuentes
Em meio a todo esse caos estava Bianca, Bia para os mais íntimos. Bia voltava para casa com a tranquilidade de quem está a passear por um parque calmo cheio de árvores e muito verde, ou seja, o semblante comum dos transeuntes das grandes cidades. Um ar de avoada, comum a quem parece não ser deste mundo. Estava vivendo mais nesse mundo do que ela mesma gostaria de admitir.
Mora sozinha desde que sua mãe faleceu e agora só recebe algumas visitas da tia, irmã mais velha de sua mãe. Visitas essas que tinham muito mais interesses por parte da tia e Bia se via cada vez mais afastada da única família que havia lhe restado.
O fato é que nossa amiga errante trazia consigo uma tranqüilidade que assustavam até os acelerados a sua volta. Do restaurante que trabalhava como garçonete pegava dois metrôs ela já estava na porta de casa. Era sempre o último horário e estava quase sempre sozinha.
Uma noite voltando para casa, esperando seu metrô, Bia percebeu a existência de uma cia estranha nesta noite. De alguma forma ele lhe parecia familiar. Acenou com um levantar de sobrancelhas e com esse gesto sentiu como se tivesse feito algo automático mas que de alguma forma, naquele momento, lhe trazia também à Terra. Veio a tona então que este ser, que esperava também sua mesma condução, vinha fazendo isso a pelo menos uma semana atrás. Bia nem tinha se dado conta de sua presença até então. Sentaram um de frente para o outro e acabaram iniciando uma conversa. Isso se deu por mais alguns 3 ou 4 dias até que ela soube seu nome, Max.
Queria ela que sua viagem demorasse para que pudesse ter um pouco mais do que conversar com essa pessoa que parecia gostar de passar o tempo com ela. Seus dias se transformaram em noites. Noites estas que se resumiam apenas no final do expediente que vinha para lhe tirar do transe do dia a dia.
Conversas sérias, risadas, um amigo que ela nunca teve. Os problemas que a cidade vinha sentindo ficava cada vez mais longe dos seus e agora ela se concentrava em descobrir como não perder isso que tinha encontrado. Ele era um rapaz que agora chamava muito mais a atenção dela do que quando se conheceram. Ter ele por perto era como se sentir em casa. Quando ela pensava nesse momento dos dois juntos era uma forma de ser transportada para uma lembrança que ela gostava de ter e saber que era compartilhado.
Não sabia seu telefone nem forma alguma de contatá-lo além de seu primeiro nome. Não sabia também se esse nome era verdadeiro. Não conseguia tomar a iniciativa de perguntar mais sobre ele. A internet, tv, rádio anunciavam o fim das enchentes e das chuvas que não cessavam. Mas Bia não se importava pois hoje seria o dia em que ela iria arriscar saber mais sobre esse novo companheiro de viagens.
Depois de comprada a passagem foi ela esperar na estação. Seu companheiro parecia atrasado desta vez. Sua hora chegou e por fim ela sentou em seu lugar, indo pra casa sem ele. Nos dias seguintes o mesmo se repetiu. As mídias anunciavam que as tempestades tinham ido embora e São Paulo não viveria mais por enquanto os alagamentos nem super congestionamentos que parava a cidade. Bia desde então não encontrou mais seu amigo. Se encontrava novamente sozinha na estação todas as noites. Hoje todo dia que chove ela sai mais cedo na esperança de um dia voltar a encontrá-lo passando em frente a estação. Suas lembranças agora a levavam para uma casa do qual ela não gostava de estar.
Nunca havia falado dele para ninguém. Talvez assim ninguém a chamasse de louca ou pensasse que foi coisa de sua cabeça... mas afinal, como poderia deixar de ter sido?
-----------------------------------------------------------------------------------
Gostaria de agradecer à Soledad por ter aceitado participar desta ideia.
A ideia: Ela fazer um ilustra (este que está no topo do post) e depois eu escrever um conto/poema inspirado no mesmo.
Agora será feito o mesmo mas em tempos inversos. Eu farei um conto e depois ela fará um ilustra sobre. Vamos ver como vai ficar. :)
05 fevereiro 2010
Cadarço
Saberia dizer mais de uma vez o que se passa na cabeça de milhões de pessoas mas não o que se passa em sua própria. Sentia falta de não saber como ser doce com os seus próprios sentimentos. Queria entender porque o dos outros lhe parecia tão belo, ingênuo e colorido quando o seu era só mais uma forma estranhada de se sabotar e se esconder atrás daquilo que nunca soube dizer exatamente o que era. Era feito de pedra ou era feito de apostas.
Contava os dias que não esperava nada ao seu redor: ônibus, carinho, solidão... "Era mesmo feito de pedra" pensava ele. Amigo era aquele que estivesse disposto a contrariá-lo infinitamente a ponto de cortar laços. "Laços feitos de apostas"
Laços, algo que não sabia dar, mas sabia desfazer. Engraçado como sobre um pé pode haver tantas metáforas e não ajudar a entender como tirar o fedor do suor de se estar tanto tempo fechado com seus fungos.
Fungos, isso sabia cultivar. Usava contra os outros sim, mas já tinha tanto em volta que era contaminado e causava em si tanto dano como tal. Era pra ser defesa, mas era agora sua única forma de tocar.
O mais belo dos sentimentos não podia nascer em si. Era proibido, seria vendido e de quem iria comprar? Tinha tanta boca, tanta sombra que o sol lá fora doia não só os seus olhos mas a sua alma pela falta do que não tinha. Era feito de livros, filmes e solidão. Tinha medo do cobertor.
Certa feita foi abatido como presa fácil. Nunca mais vontara pela mesma rua, ônibus, escada... todos passavam pelo mesmo lugar e tudo era agora tão pequeno que ele teria que se acostumar a trocar espaço com uma bomba relógio. A cada dia sentia mais medo, mais dor, mais do que a bomba poderia em vida causar. Pois essa era a sua cina, sofrer o máximo que pudesse.
Estava sendo muito bem sucedido quando se viu traído pelos seus fungos. O mofo começava a ganhar cores diferentes, o que era sombra virou aliada. Aliada contra si mesmo. Tentando voltar a ser como era, voltar as horas do relógio-bomba. Mas já era tarde demais, algo tinha acontecido e sobre todos os seus pés e falsos cognatos, um mar de dúvidas inundou sua colheita defensora. Um profundo sentir, furtivo aos olhos de um atendo demais. Nascia em si então o que o seu delírio antes costumava chamar de cegueira.
Contava os dias que não esperava nada ao seu redor: ônibus, carinho, solidão... "Era mesmo feito de pedra" pensava ele. Amigo era aquele que estivesse disposto a contrariá-lo infinitamente a ponto de cortar laços. "Laços feitos de apostas"
Laços, algo que não sabia dar, mas sabia desfazer. Engraçado como sobre um pé pode haver tantas metáforas e não ajudar a entender como tirar o fedor do suor de se estar tanto tempo fechado com seus fungos.
Fungos, isso sabia cultivar. Usava contra os outros sim, mas já tinha tanto em volta que era contaminado e causava em si tanto dano como tal. Era pra ser defesa, mas era agora sua única forma de tocar.
O mais belo dos sentimentos não podia nascer em si. Era proibido, seria vendido e de quem iria comprar? Tinha tanta boca, tanta sombra que o sol lá fora doia não só os seus olhos mas a sua alma pela falta do que não tinha. Era feito de livros, filmes e solidão. Tinha medo do cobertor.
Certa feita foi abatido como presa fácil. Nunca mais vontara pela mesma rua, ônibus, escada... todos passavam pelo mesmo lugar e tudo era agora tão pequeno que ele teria que se acostumar a trocar espaço com uma bomba relógio. A cada dia sentia mais medo, mais dor, mais do que a bomba poderia em vida causar. Pois essa era a sua cina, sofrer o máximo que pudesse.
Estava sendo muito bem sucedido quando se viu traído pelos seus fungos. O mofo começava a ganhar cores diferentes, o que era sombra virou aliada. Aliada contra si mesmo. Tentando voltar a ser como era, voltar as horas do relógio-bomba. Mas já era tarde demais, algo tinha acontecido e sobre todos os seus pés e falsos cognatos, um mar de dúvidas inundou sua colheita defensora. Um profundo sentir, furtivo aos olhos de um atendo demais. Nascia em si então o que o seu delírio antes costumava chamar de cegueira.
04 fevereiro 2010
Passatempo
Torna trecho, torna turno
Hora vai, hora vem
Torna tudo, taciturno
Hora tem, hora nem
Torna terno, torna forno
Hora meu, hora seu
Torna tenro, torna torno
Hora estábulo, hora liceu
Torna trenó, torna trena
Hora rena, hora trem
Torna eterno, torna teima
Torna torto que por hora entretem
Favorito
Clico em você na confiança
Na minha estante divagante
Sem saber o porquê da aliança
Meu instante delirante
Fiz por puro comodismo
Para ter sempre a vista
Se torna agora meu abismo
Meu divã, analista
Meu ícone por acaso
Minha visita diária
Meu favorito guardado
Meu segredo quadrado
24 janeiro 2010
Imperfeito
Visto você vindo
Fico fácil fervente
Tendo tido tudo tinindo
Corro contra corrente
Sonso som só
Fosse feito fosso
Que come quase quanto quer
Da dádiva do desconhecido
Ao ar árido agora abismado
Ontem outros olhos
Que controlavam quatro cantos
Hoje habitat hostil
Entregues entre escolhas
Donde da dúvida de despistar
Só sei saborear
Fico fácil fervente
Tendo tido tudo tinindo
Corro contra corrente
Sonso som só
Fosse feito fosso
Que come quase quanto quer
Da dádiva do desconhecido
Ao ar árido agora abismado
Ontem outros olhos
Que controlavam quatro cantos
Hoje habitat hostil
Entregues entre escolhas
Donde da dúvida de despistar
Só sei saborear
20 janeiro 2010
Ele foi apanhado por uma vontade imensa de chorar, mas não conseguia. A única vez que ele foi feliz em chorar foi com ela, e talvez ele não sentisse que devesse manchar seu quadro com essa reação (que até o momento não tinha sentido mais) que tivera se tornado tão bonita desde então. O problema é engolir sozinho quando se esperava poder sempre dividir com ela tais coisas,... mas essa coisa, agora, era só dele. Falta de ar, calafrio. Mal sabia ele que para sua cura bastava um telefonema.
19 janeiro 2010
Original do rascunho
Queria escrever um rascunho pra poder depois arrumar e fazer algo melhor. Acontece que a mania de voltar e ler de novo é agora uma forma de mentir sobre o que havia escrito. É como tirar uma foto e arrumar no photoshop ou como dar conselhos.
Meu rascunho foi escrito tal como deveria ter sido. Não tirei nem coloquei nada que não fosse do momento. Agora, eu tenho momentos em que começo a ensaiar um arrependimento. Mas por que será que me arrependo? Será que é por que eu consegui colocar mais de mim do que gostaria ou por que vejo erros que não podem mais ser corrigidos uma vez que foram já publicados e lidos?
Escrever, viver, falar, são formas de colocar o dedo. Algumas vezes a gente tem a oportunidade de mexer no que já foi feito. Outras vezes temos a oportunidade de só arcar com as consequências, sejam elas boas ou ruins. Eu sei que dá vontade de voltar e querer consertar, mas agora eu estou mais interessado em ver e sentir o que um erro pode arrumar.
Meu rascunho foi escrito tal como deveria ter sido. Não tirei nem coloquei nada que não fosse do momento. Agora, eu tenho momentos em que começo a ensaiar um arrependimento. Mas por que será que me arrependo? Será que é por que eu consegui colocar mais de mim do que gostaria ou por que vejo erros que não podem mais ser corrigidos uma vez que foram já publicados e lidos?
Escrever, viver, falar, são formas de colocar o dedo. Algumas vezes a gente tem a oportunidade de mexer no que já foi feito. Outras vezes temos a oportunidade de só arcar com as consequências, sejam elas boas ou ruins. Eu sei que dá vontade de voltar e querer consertar, mas agora eu estou mais interessado em ver e sentir o que um erro pode arrumar.
10 janeiro 2010
Uma breve história do meu tempo
As vezes me vejo em um filme. Mas não um filme qualquer, desses que passam na TV ou no cinema. Me vejo em um filme sobre a minha vida. Já houve momentos em que eu imaginava esse filme como sendo um filme da minha vida atual, eu como um telespectador. Mas não mais. Hoje eu vejo como se fosse um filme antigo, em preto e branco. Como se eu estivesse participando do meu passado. Como se eu, lá no futuro, fosse capaz de voltar no tempo e viver novamente os momentos que eu tanto quero lembrar.
O engraçado é que essa mudança de perspectiva sobre esse filme que eu vejo me fez viver a vida de uma forma bem diferente. Não é que eu pense que é destino as coisas terminarem iguais como uma vez já foram. É que como tudo já aconteceu, eu agora voltei e resolvi vivenciar um filme que foi feito sem mim.
Mesmo ele sendo em preto e branco eu o vejo muito mais colorido. Dou agora cores para o que antes eu chamaria de formas. Um novo mundo de expressões, emoções e distâncias foram tomando conta aqui dentro.
Tudo tem um começo e fim, mas também tem um meio. O meio é o que nos faz. O começo é o que não tem discussão e o fim, bem, o fim acaba sendo o grande mistério, aquele que é pretensioso e capaz de, em muito momentos, tomar conta daquilo que você foi e daquilo que você poderia ter sido.
O engraçado é que essa mudança de perspectiva sobre esse filme que eu vejo me fez viver a vida de uma forma bem diferente. Não é que eu pense que é destino as coisas terminarem iguais como uma vez já foram. É que como tudo já aconteceu, eu agora voltei e resolvi vivenciar um filme que foi feito sem mim.
Mesmo ele sendo em preto e branco eu o vejo muito mais colorido. Dou agora cores para o que antes eu chamaria de formas. Um novo mundo de expressões, emoções e distâncias foram tomando conta aqui dentro.
Tudo tem um começo e fim, mas também tem um meio. O meio é o que nos faz. O começo é o que não tem discussão e o fim, bem, o fim acaba sendo o grande mistério, aquele que é pretensioso e capaz de, em muito momentos, tomar conta daquilo que você foi e daquilo que você poderia ter sido.
09 janeiro 2010
23 dezembro 2009
Quem saberá?
Gosta de fatos
Gosta de gatos
Gastos escassos
Gatos de laços
Uns tem nossos traços
Outros, abraços
Um fala de dentro
outro do lado de fora
o que era lamento
não mais é agora
se um erra
o outro adora
fora, um beijo doce
(que a libido aflora...
um álibi?
antes fosse)
dentro, gosto de amora
Gosta de gatos
Gastos escassos
Gatos de laços
Uns tem nossos traços
Outros, abraços
Um fala de dentro
outro do lado de fora
o que era lamento
não mais é agora
se um erra
o outro adora
fora, um beijo doce
(que a libido aflora...
um álibi?
antes fosse)
dentro, gosto de amora
19 dezembro 2009
Lavagem
Fundo
Fundamento
Fundos
Fundação
Manda
Mandamento
Manto
Mantimento
Sento
Sentimento
Lama
Lamento
Cabe
Cabimento
Aparto
Apartamento
Rego
Regimento
Fundamento
Fundos
Fundação
Manda
Mandamento
Manto
Mantimento
Sento
Sentimento
Lama
Lamento
Cabe
Cabimento
Aparto
Apartamento
Rego
Regimento
Capricho
Mesmo que os pássaros não cantassem mais
Ainda que o sol não me aquecesse
Eu a teria ainda como a maior falta
Eu a teria como prioridade
Provei da sinceridade o sabor
Pela manutenção da minha sanidade
Tomei do cálice do amor
Pra cegar minha dor
Você nos braços de outro ser
Me vejo enlouquecer
Sem a sua
Devanecer
Nem seu amor por mim é meu
Nada é
Ainda sim, sinto como se fosse
Seu gosto doce
De dentro coisas estranhas
Vento frio das entranhas
Tudo tem um novo aspecto
De um outro espectro
O que faz ou deixa de fazer
A minha vida perecer
Não é o fato de você compreender
Mas do que vem a ser
Ainda que o sol não me aquecesse
Eu a teria ainda como a maior falta
Eu a teria como prioridade
Provei da sinceridade o sabor
Pela manutenção da minha sanidade
Tomei do cálice do amor
Pra cegar minha dor
Você nos braços de outro ser
Me vejo enlouquecer
Sem a sua
Devanecer
Nem seu amor por mim é meu
Nada é
Ainda sim, sinto como se fosse
Seu gosto doce
De dentro coisas estranhas
Vento frio das entranhas
Tudo tem um novo aspecto
De um outro espectro
O que faz ou deixa de fazer
A minha vida perecer
Não é o fato de você compreender
Mas do que vem a ser
14 dezembro 2009
Força de expressão
Me reservo no direito
(cada um na sua)
Me reservo do direito
(pra fazer errado)
Me reservo em casa
(e não ter nem a caça
muito menos ser caçado)
Me preservo intacto
(inato)
Conto contratos comuns
Defiro aos diferentes
Amigos escolho pelos dentes
(pra parecer mais normal)
O resto, mato a pau
Algum dia talvez eu pague
(até agora nunca ninguém pagou)
Quem sabe eu aprenda
E caia à(a) venda
Alguém me compre
(me mostre que o homem se corrompe)
Meu mestre me faça dormir
(e no sonho finalmente sorrir)
O que sei é que nada disso acontecerá
Porque do passado não aparecerá
Nenhuma história nova
Só se alguém disser
Que naquela cova
(contendo nenhuma prova
só uma vida partidária)
Tem que haver reforma agrária
13 dezembro 2009
Aquilo que não é
Não sinto falta
Não sinto calma
A palma
Alma
Não te amo mais
Não tenho fome
O homem
Capaz
Dividido nada
Vivido tudo
Uma fada
Casulo
De fora pra dentro
Sabido, lamento
Um Sonido
Silêncio
Quanto menos pôr
Mais longe
Um amor
Elefante
Forte o bastate
Pobre falante
Um achado
Passado
Não sinto calma
A palma
Alma
Não te amo mais
Não tenho fome
O homem
Capaz
Dividido nada
Vivido tudo
Uma fada
Casulo
De fora pra dentro
Sabido, lamento
Um Sonido
Silêncio
Quanto menos pôr
Mais longe
Um amor
Elefante
Forte o bastate
Pobre falante
Um achado
Passado
07 dezembro 2009
Sobretudo
Queria um lugar para deitar
Bebia pra não ver o tempo passar
Passava a beber para sonhar
Sonhava com um sonho bom
Pensava que precisava saber
Sabia que precisava pensar
Bebia pra não ver o tempo passar
Passava a beber para sonhar
Sonhava com um sonho bom
Pensava que precisava saber
Sabia que precisava pensar
19 novembro 2009
Cinzas
Sobre o saibro sóbrio sobra sabre
Tralha de uma batalha grisalha
Mangue de sangue, um bang-bang
Épica época hípica
Nenhuma haste em contraste que baste
Já era hora de amora
Espíritos a espreita
E a mera mira que no muro mora
Agira agora como um angorá
Tralha de uma batalha grisalha
Mangue de sangue, um bang-bang
Épica época hípica
Nenhuma haste em contraste que baste
Já era hora de amora
Espíritos a espreita
E a mera mira que no muro mora
Agira agora como um angorá
08 novembro 2009
Contra-bando
Com medo eu suavisei a morte
Com um dedo eu avisei a sorte
Que do corte inerte
Havia sangue vermelho
Vermelho bem forte
Me chamam de sério
Talvez eu até seja
Eu não me importo
(De certa forma)
Então que não me veja
Pois quanto mais eu corto
Mais ela almeja
Seja sangue vermelho
Seja sangue cereja
Abria no peito
Sobrava nos ombros
Dizia sem jeito
"Na vida dois caminhos
Mas nenhum é eleito"
Abria ferida
Fazia desfeito
Com um dedo eu avisei a sorte
Que do corte inerte
Havia sangue vermelho
Vermelho bem forte
Me chamam de sério
Talvez eu até seja
Eu não me importo
(De certa forma)
Então que não me veja
Pois quanto mais eu corto
Mais ela almeja
Seja sangue vermelho
Seja sangue cereja
Abria no peito
Sobrava nos ombros
Dizia sem jeito
"Na vida dois caminhos
Mas nenhum é eleito"
Abria ferida
Fazia desfeito
01 novembro 2009
Extra temporal
Em meio a tanta luz não sabia onde olhar
Era como vários tipos de flores no pomar
Sabia que era difícil se concentrar
Escolhia uma só para oferecer ao mar
Não sabia ao certo por que apenas uma
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser
Claro que era estranho
Ele não era desse mundo
Vinha de outro lugar
Deste, não estava a par
Ficava mais fácil de seguir
Comer o pão ao invés de sair
Comprar ou vender
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser
Era deselegante
Era falante
Era errada
Errante amante
Era como vários tipos de flores no pomar
Sabia que era difícil se concentrar
Escolhia uma só para oferecer ao mar
Não sabia ao certo por que apenas uma
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser
Claro que era estranho
Ele não era desse mundo
Vinha de outro lugar
Deste, não estava a par
Ficava mais fácil de seguir
Comer o pão ao invés de sair
Comprar ou vender
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser
Era deselegante
Era falante
Era errada
Errante amante
25 outubro 2009
Um nome
Ela tinha o nome que escolhia. A verdade é que ela tem vários nomes, ou um nome só e vários significados. A partir do momento que ela se via sozinha adotava um novo nome. Aquele que cabia mais fácilmente não era escolhido. Tinha que ser apertado... ou largo demais. De fato, os que não coubessem ela fazia caber. Podia ser rotulada como uma estilista de sentimentos, nomes, vontades...
A medida que usava um novo nome se via desfigurada. Mas a verdade é que ela experimentava o que a vida lhe dava mais do que qualquer outro. Tinha o tino pra saber a hora de sair e a hora de entrar. Vinha sempre sozinha, mas acompanhada de tantas outras, mesmo que sejam todas ela, que qualquer um se dava por satisfeito com apenas a sua presença.
Vigia os comportamentos dos outros, seus nomes e suas vestes. Cada pedaço de conhecimento do mundo lá fora tinha gosto de algodão doce. Ela era viciada nisso e não escondia. Dar um nome pra ela é como vestí-la. E é engraçdo como ela veste qualquer um que você dê. Sabe onde retocar, e o faz com um estilo próprio.
Ela andava desapercebida. Com um guarda-roupas cheio. Era difícil não se apaixonar por ela, pelo seu jeito de vestir, seu modo de andar e seu silêncio. Agora mesmo ela não estando mais sozinha, ainda troca de nome. De acordo com ela é uma estação. Vejo seu desfile a cada dia e tem sido umas das poucas coisas que me fazem feliz de participar.
A medida que usava um novo nome se via desfigurada. Mas a verdade é que ela experimentava o que a vida lhe dava mais do que qualquer outro. Tinha o tino pra saber a hora de sair e a hora de entrar. Vinha sempre sozinha, mas acompanhada de tantas outras, mesmo que sejam todas ela, que qualquer um se dava por satisfeito com apenas a sua presença.
Vigia os comportamentos dos outros, seus nomes e suas vestes. Cada pedaço de conhecimento do mundo lá fora tinha gosto de algodão doce. Ela era viciada nisso e não escondia. Dar um nome pra ela é como vestí-la. E é engraçdo como ela veste qualquer um que você dê. Sabe onde retocar, e o faz com um estilo próprio.
Ela andava desapercebida. Com um guarda-roupas cheio. Era difícil não se apaixonar por ela, pelo seu jeito de vestir, seu modo de andar e seu silêncio. Agora mesmo ela não estando mais sozinha, ainda troca de nome. De acordo com ela é uma estação. Vejo seu desfile a cada dia e tem sido umas das poucas coisas que me fazem feliz de participar.
23 outubro 2009
Do início ao fim
Da vontade, o cansaço
Do bom senso, o lenço
Do amigo, a mão
Do orgulho, escorregão
Uma sombra, dois irmãos
Do afago, a ilusão
Da ternura, obrigação
Do escondido, uma luz
Um céu, dois azuis
Do prazer, a dívida
Do amor, a dúvida
Das minhas às suas
Uma palavra, duas linguas
27 setembro 2009
Contagem
De dia uma vida à frente
Cheia e diferente
É saída, nascente
De tarde uma vontade imensa
Que arde uma saudade tensa
Quem vê, sabe, pensa
De noite uma lista longa
Quem sabe o que ela conta?
Amanhã a gente apronta
Cheia e diferente
É saída, nascente
De tarde uma vontade imensa
Que arde uma saudade tensa
Quem vê, sabe, pensa
De noite uma lista longa
Quem sabe o que ela conta?
Amanhã a gente apronta
15 setembro 2009
Retalho
Cabia dizer sim
Sabia dizer não
Via tudo de longe
Via de uma mão
De perto era belo
De modo furtivo
Desperto e leve
Desnudo e descabido
Senta forte
No meu calo
Senta, calado!
Não me calo!
Sabia dizer sim
Cabia dizer não
Via de um só modo
Modulação
Sabia dizer não
Via tudo de longe
Via de uma mão
De perto era belo
De modo furtivo
Desperto e leve
Desnudo e descabido
Senta forte
No meu calo
Senta, calado!
Não me calo!
Sabia dizer sim
Cabia dizer não
Via de um só modo
Modulação
12 setembro 2009
Culpa
My Dear Mountain,
Foda é saber que você tá longe e descobrir que, ainda sim, esteve agora a mais próxima de mim que nunca. Escrevo essa carta não para te fazer acreditar, e sim me fazer entender que bastou a gente dar um passo pra busca pelo outro se tornar eterna contra a busca de desinteressantes/desinteressados.
Queria ter a certeza, mas ela só me fez deixar as coisas pra trás. Então eu só quero ter a dúvida e a dívida de me/nos dar aquilo que é de direito nessa porra de vida. Ainda não sei se te agradeço ou te puno por me mostrar a "sujeira" por de baixo do tapete... De qualquer forma, somos culpados.
Foda é saber que você tá longe e descobrir que, ainda sim, esteve agora a mais próxima de mim que nunca. Escrevo essa carta não para te fazer acreditar, e sim me fazer entender que bastou a gente dar um passo pra busca pelo outro se tornar eterna contra a busca de desinteressantes/desinteressados.
Queria ter a certeza, mas ela só me fez deixar as coisas pra trás. Então eu só quero ter a dúvida e a dívida de me/nos dar aquilo que é de direito nessa porra de vida. Ainda não sei se te agradeço ou te puno por me mostrar a "sujeira" por de baixo do tapete... De qualquer forma, somos culpados.
10 setembro 2009
Quem é ela?
Quem é ela? Quem é ela?
Se esconde, se esconde
Atrás da janela!
Talvez eu não tivesse procurado
Talvez não fosse o momento
Talvez ela tivesse me achado
Mesmo eu aqui dentro
Talvez eu a convide
Talvez ela aceite
Talvez a gente se encontre
De uma forma diferente
Talvez doa pouco
Talvez doa muito
Talvez só descubra
Se for mais a fundo
O que é isso? O que é isso?
Tome cuidado, tome cuidado!
Pode ser compromisso
Talvez compre uma bicicleta
Talvez case com ela
Talvez sejamos felizes
De uma forma indiscreta
Talvez seja carinho
Talvez algo mais
Talvez uma forma de dizer
Do que pode ser capaz
Talvez ela vá embora
Talvez não
Talvez a tempo perceba
Que nada foi em vão
Cadê ela? Cadê ela?
Não vejo nada, tudo escuro!
Traz uma vela!
Talvez sinta falta
Talvez mude de cor
Talvez a gente descubra
Como sarar essa dor
Talvez eu não soubesse
Talvez fosse paixão
Talvez ir embora
Não seja dizer não
Talvez eu me esconda
Talvez veja melhor
Talvez não lembre
Dessa vida de cor
Quem é ela? Quem é ela?
Se esconde, se esconde
Atrás da janela!
08 setembro 2009
Minimalista
Pedindo o mínimo eu tive tudo
Pedindo o mínimo vivi mudo
Pedido mínimo submundo
Pedido e tido, submudo
Incrível como sou capaz de me surpreender
Incrível como sou capaz de surpreender
Incrível como sou capaz
Incrível como sou
Incrível como
Incrível!
Pedindo o mínimo vivi mudo
Pedido mínimo submundo
Pedido e tido, submudo
Incrível como sou capaz de me surpreender
Incrível como sou capaz de surpreender
Incrível como sou capaz
Incrível como sou
Incrível como
Incrível!
28 agosto 2009
Reflexos a sós
Se eu pudesse com fotos pintar meu passado
Traria você pra mais perto de mim
Se eu pudesse com fatos contar meus segredos
Trairia a todos com o meu medo
Só agora eu deixei você entrar
Trocar a estante de lugar
Só agora eu fui sincero
E disse que você é o que eu quero
Tive chances de estragar tudo
Mas não pude assim fazer
Pois negar que era oportuno
É dizer que não foi um prazer
23 agosto 2009
Troca
- Onde está aquela sua magia de antes?
- É, ...naquele tempo você não me conhecia.
- Então quer dizer que o desconhecido trás glamour?...
- Sim.
- ... e o conhecido, vazio?
- Não.
- Então o que quer dizer?
- Não quero, é você que sempre o faz. Eu falei e você disse.
- Hum, ok. Ficou triste por eu ter dito que você estava sem magia?
- Não, até porque, você não disse isso. Afinal, não saber aonde está aquela minha magia de antes não caracteriza que eu esteja sem alguma magia, certo?
- Hum... certo(?). Acho que fiquei sem graça agora.
- Pois então saiba que se assim estivesse não estaria conversando com você.
- Algum problema em eu estar sem graça?
- Todo. Pois que graça teria? :)
- hahahaha, engraçadinha!!
- Justamente. :P
- Acho que encontrei a magia.
- É, talvez ela não estivesse perdida em mim e nem em você.
- Como assim?
- Eu penso que a magia não está em nós, e sim entre nós.
08 agosto 2009
Ex-pirita marca dor
O que me faz esquecer
É o que me faz lembrar
Antes eu pensava em agradecer
Hoje quero celebrar
E da vontade de ser interessante
Caio na armadilha do mundo
Vendo meus direitos com medo
Devendo dívidas de dúvidas de outro
Sigo o que for mais incerto
Na certeza de me enganar
Crio histórias antigas
Pra pedra eu saborear
Daqueles que eu não esperava
Um conselho veio a calhar
De ser um verdadeiro amante
Mesmo sem ter nada pra amar
É o que me faz lembrar
Antes eu pensava em agradecer
Hoje quero celebrar
E da vontade de ser interessante
Caio na armadilha do mundo
Vendo meus direitos com medo
Devendo dívidas de dúvidas de outro
Sigo o que for mais incerto
Na certeza de me enganar
Crio histórias antigas
Pra pedra eu saborear
Daqueles que eu não esperava
Um conselho veio a calhar
De ser um verdadeiro amante
Mesmo sem ter nada pra amar
29 julho 2009
Recusado
No tempo de sair
nem pude reagir
no tempo de voar
nem pude decolar
Sai do rascunho
Virei forma feita
Abri um vinho
da outra colheita
Prometi a mim mesmo
Abracei meu legado
Recusei de primeira
Mesmo impressionado.
nem pude reagir
no tempo de voar
nem pude decolar
Sai do rascunho
Virei forma feita
Abri um vinho
da outra colheita
Prometi a mim mesmo
Abracei meu legado
Recusei de primeira
Mesmo impressionado.
18 julho 2009
08 julho 2009
Impedido
Era um pedido de despedida
uma vontade de não ir
duas mãos acenando
uma chuva se armando
Fiz um pedido à nossa senhora
um contrato e uma penhora
pra dizer aos que foram
- Não prolonguem a demora
Fico à espera da volta
comendo aquilo que sobrou
na cabeça descabida
ainda guarda o que sou
Devia mesmo era parar de pedir
não esperar nada de ti
reprimir meu medo de perder
coragem do erro cometer
05 julho 2009
Trivial
Tento tanto até que me tentem
me meto no mito no meio do mato
canto o quanto quero em qualquer canto
visto a veste vasta à vista
ser caro como clero
claro que quero
me meto no mito no meio do mato
canto o quanto quero em qualquer canto
visto a veste vasta à vista
ser caro como clero
claro que quero
01 julho 2009
Elástico
Queria fazer um comentário
pôr você no meu inventário
te pegar no conto do vigário
te cantar tal qual canário
Não sei como isso foi aparecer
essa idéia de me esquecer
mas saiba que um dia
de verdade vai acontecer
Olhos de fora me vêm apático
olhos de dentro falam verdade
não quero parecer dramático
mas de você eu tenho saudade
-------------------------------
Escrito graças ao post da Carol :)
pôr você no meu inventário
te pegar no conto do vigário
te cantar tal qual canário
Não sei como isso foi aparecer
essa idéia de me esquecer
mas saiba que um dia
de verdade vai acontecer
Olhos de fora me vêm apático
olhos de dentro falam verdade
não quero parecer dramático
mas de você eu tenho saudade
-------------------------------
Escrito graças ao post da Carol :)
24 junho 2009
Quarto vago
O fato era que os dias começaram a se parecerem demais
O tempo de algum modo estava indo para trás
Tudo era já conhecido
Era pra ser estranho
Mas já tinha sido
Palavra por palavra
Tento escapar da mesmice
Boicotar a babaquice
Catar o que caísse
O mesmo papo
A mesma conversa
Não é possível
Não é conversável
Nem conversível
é previsível
Não precisa ser vidente
Nem ser inteligente
Se já não tinha estrela-cadente
Meu futuro era evidente
18 junho 2009
Vista grossa
A gente era só intriga
e na hora de se entregar
na íntegra
só um não pode integrar
Se você soubesse a falta que me faz
de ter um caso pra correr atrás
do medo de perder
do seu beijo com um quê a mais
ter, perceber
me ver capaz
Mas tem um pouco que não volta
um pouco que não faz falta
um ritual teimoso
de você ser a contralta
Talvez nem eu saiba
de onde a falta vem
só não quero que aqui caiba
com o que já contém
12 junho 2009
Mutualismo
Um frio por toda parte
Uma vida que imita a arte
Um sopro de solidão
Um suspiro que vem de marte
O meio entre nós
Se torna um algoz
Dia a dia, fato a fato
Era ditongo agora hiato
Um frio por toda arte
Uma vida que imita uma parte
Um sonho sem ilusão
Um topo sem aste
12 maio 2009
faz de conta
- "Tem um ditado que diz assim..."
- "Posso te contar um segredo?"
- "Eu sei, eu entendo..."
- "Fui eu!"
- "Não fui eu!"
- "Como foi seu dia?"
- "Oi!"
- (silêncio)
As vezes a gente só quer ser aceito.
06 maio 2009
Campo-divisão
Aos 10 anos ele sabia o que queria
Sabia que ia crescer
Sabia o que ia fazer
...As vezes não queria saber
Foi se auto-consultando
de cima do telhado
Investigando as estrelas
uma a uma, lado a lado
que ele viu de uma só vez
o que antes não tinha olhado
diante da sua tez
seu destino mal criado
Mal criado coletivo
do montante ativo
incolor massificado
carne de gado
Se já com essa idade
de longe o mais sabido
de perto mais um perdido
solto na cidade
Viva! "de agora em diante..."
"assim é que se faz!"
"daqui pra frente..."
"é agora ou nunca mais"
26 abril 2009
Abertos demais
Mundos diversos
bancos dispersos
um ônibus, uma janela, um bar
outra vida, outro olhar
caso optado
surdo ou calado
fatos de um lado
livros do outro
sinto-me solto
pouco envolto
Dos poros chorei
a culpa do direito
direitos da lei
de tudo que vi
do preço da escolha
seja o for, percebi
que pra consertar os olhos
a gente precisa fechá-los.
21 abril 2009
Sem título
A inspiração não vem de mim, eu a moldo. Engraçado perceber isso, mas é assim que é. Eu me vejo como um catalisador das coisas que leio e das novas associações que faço quando dou a sorte de me encontrar com combinações de fatos e notícias que antes a mim foram ignoradas. Fico muitas vezes esperando que algo aconteça. Esperar..... essa tem sido uma das minhas melhores façanhas ultimamente. Não que eu tenha esperado com paciência, sabedoria ou por opção, mas sim por enganação. Sim, um bom mentiroso, daqueles que mentem com medo da verdade. E quando ela chega me torno um ladrão, que rouba a verdade e tem a audácia de colocar em troca algo de menos valor para que a falta seja substituída pela loucura.
27 março 2009
Metadentro
Música alta nos fones de ouvido - começo a andar.
Minha vida parece ser um clipe infinto que só cessa quanto aperto o pause do tocador - aumento o volume.
O silêncio interrompe de uma faixa pra outra - atravesso a rua.
Um show visual que insiste em me tirar do meu mundo - mudo de faixa.
Volto pra casa e a única coisa que me acompanha hoje é a minha incerteza e o desejo de ser surpreendido pela música do meu celular me chamando pra sair - tiro a roupa.
Entrego meus desejos e anseios à água quente do chuveiro - deixo o rádio ligado.
Seco meus sonhos, escovo meus dentes e durmo... sem música.
11 março 2009
Guerra fria
Trago a S.I.D.A
Ávida por um corte
Trago a vida
Ácida como a morte
Corre a droga
Cor de fundo
Tomo nota
Tom imundo
Todos têm
De mim dó
Sou mais eu
Enfim só
Ávida por um corte
Trago a vida
Ácida como a morte
Corre a droga
Cor de fundo
Tomo nota
Tom imundo
Todos têm
De mim dó
Sou mais eu
Enfim só
26 fevereiro 2009
T(C)úmulo da esperança
Era rica de lembranças
que sabia de cor
dos males o pior
vivia a se lembrar
morria pra esquecer
nascia pra celebrar
Desde que morreu
aquela que só era planejar
que não sabia que sabia amar
agora era sol à beira mar
O osso que assumira
o que mais ela queria
fora ócio dia a dia
no que nada lhe valia
Sentia na pele
aos olhos da cara
que como um espelho que repeli
a carne que era rara
Eu ainda a queria
toda forte
toda pra mim
era como dizia:
não era sorte
ela era assim
era como vivia
uma vida de morte
uma morte sem fim
03 fevereiro 2009
Gramafone
Sérios rostos
dia-a-dia
Seriado
Caros amigos
longa data
Cariado
Ares férteis
raros efeitos
Areado
dia-a-dia
Seriado
Caros amigos
longa data
Cariado
Ares férteis
raros efeitos
Areado
02 fevereiro 2009
Som-neto
Falta valsa
Falta flauta
Falta alça
Falsa falta
Sinto indo
Sinto vindo
Sinto vinho
Vinho tinto
Faz de novo
Faz de conta
Faz de bobo
Bobo eficaz
Falta flauta
Falta alça
Falsa falta
Sinto indo
Sinto vindo
Sinto vinho
Vinho tinto
Faz de novo
Faz de conta
Faz de bobo
Bobo eficaz
23 janeiro 2009
O Espelho de Narcizo
Quero deixar claro o bem que me faz
E assim fazendo, te faço mais
Roubando pra mim o que cada pedaço trás
O máximo que sou capaz
Pra mim você é assim, séria e sincera
Apaga um pouco do que ninguém afaga
Compra caro sem ter o faro
Pule o que eu engoli
Seja abstrato ou um trato
não me corrói nem dói
Se eu a quisesse pegar
às minhas mãos ia faltar
E não é por medo que eu a preservo
é pelo seu poder que eu me enxergo
15 janeiro 2009
Cronodiálise
Estava ele sentado observando a vida alheia
onde sorriam os viventes e seus dentes
Estava ele calado vivendo alheio
quando alado corria ao lado
E ele cobra os que cobram
e sobra cobra na manobra
sobre cobre na mão nobre
"eles que se dobrem"
Ela beija do meu lado
eu a vejo e me beijo
ela julga minha fuga
então me prendo e compreendo
que não estava perto nem esperto
estava longe como monge
mais endereço do que pareço
Estava eu sentado observando a vida dele
onde dormiam os dormentes zen
Estava eu calado vendo o tempo
quando o quando era mais do que com quem
onde sorriam os viventes e seus dentes
Estava ele calado vivendo alheio
quando alado corria ao lado
E ele cobra os que cobram
e sobra cobra na manobra
sobre cobre na mão nobre
"eles que se dobrem"
Ela beija do meu lado
eu a vejo e me beijo
ela julga minha fuga
então me prendo e compreendo
que não estava perto nem esperto
estava longe como monge
mais endereço do que pareço
Estava eu sentado observando a vida dele
onde dormiam os dormentes zen
Estava eu calado vendo o tempo
quando o quando era mais do que com quem
09 janeiro 2009
Outono
Enfileiradas de forma anômala
compartilhando a desordem do mundo moderno
abarrotadas de desinformação
compradas pelas orelhas
sendo conceituadas pelas capas
que no começo vêm maduras desde criança
folha por folha
e saem, em sua maioria, secas ou podres
são elas ... as palavras dentro das idéias
cada vez mais as primeiras contorcem as últimas
e ai você pensa
tudo isso é pouco... sempre é.
23 dezembro 2008
Meme
Fui indicado pelo http://sonhadoresradicais.blogspot.com/ [obrigado!]
Essa brincadeira consiste em:
1. Linkar a pessoa que te indicou;
2. Escrever as regras do meme em seu blog; [para alguns, sair da rotina é complicado]
3. Contar 6 coisas aleatórias sobre você;
4. Indique mais 6 pessoas e coloque os links no final do post;
5. Deixe a pessoa saber que você o indicou, deixando um comentário para ela;
6. Deixe os indicados saberem quando você publicar seu post.
Bom, sairá como um post meu "as coisas aleatórias sobre mim", o que vier na cabeça :) [vale o momento, então, quero nem saber]
- Triste;
- Dúvida;
- Vazio;
- Fuga;
- Medo;
- Preguiça.
[Vou deixar os 6º's para que apareçam nos comentários se quiserem] :)
Que a brincadeira com os que eu escolhi possa continuar. E sabemos muito bem que não se trata só de uma brincadeira.
09 dezembro 2008
Sem solução única
Amigo secreto mais presente é igual a vida menos só.
A gente complica o incomplicável, provado por absurdo.
O melhor da vida sempre vem em companhia.
Só vive aquele que pode morrer.
De tudo que foi dito, só vale a pena lembrar aquilo que não se pode esquecer.
A gente complica o incomplicável, provado por absurdo.
O melhor da vida sempre vem em companhia.
Só vive aquele que pode morrer.
De tudo que foi dito, só vale a pena lembrar aquilo que não se pode esquecer.
07 dezembro 2008
Conversa fiada
Tem uma coisa, que não é bem uma coisa, é um sentimento.
Que passa a ser sentimento quando se expressa, não pelas palavras, mas pelos poros.
- ...A coisa só é sua, quando você sua!
Você perde a noção do tempo e passa a sentir em vez de fazer qualquer outra coisa.
- ...A gente só perde tempo nas nossas vidas quando paramos para percebermos o-tempo-que-estamos-perdendo-em-nossas-vidas.
É justo quando você pensa no que pensa que a coisa foge. E fica o nosso controle, o nosso plano, a nossa mente. Tudo normal, patético. Hoje temos muito mais conhecimento, mais patologias, sabemos identificar muitas coisas... eu não as queria identificar. 'Fale sobre você'. Fale-me você sobre mim, ou melhor, faça alguma coisa. A gente se conhece mais com o tempo?! Posso dizer que eu sou eu desde que fui eu até quando me conheci. Desde então, não mais.
Que passa a ser sentimento quando se expressa, não pelas palavras, mas pelos poros.
- ...A coisa só é sua, quando você sua!
Você perde a noção do tempo e passa a sentir em vez de fazer qualquer outra coisa.
- ...A gente só perde tempo nas nossas vidas quando paramos para percebermos o-tempo-que-estamos-perdendo-em-nossas-vidas.
É justo quando você pensa no que pensa que a coisa foge. E fica o nosso controle, o nosso plano, a nossa mente. Tudo normal, patético. Hoje temos muito mais conhecimento, mais patologias, sabemos identificar muitas coisas... eu não as queria identificar. 'Fale sobre você'. Fale-me você sobre mim, ou melhor, faça alguma coisa. A gente se conhece mais com o tempo?! Posso dizer que eu sou eu desde que fui eu até quando me conheci. Desde então, não mais.
27 novembro 2008
A Corda
Sem que se desse conta
ele pôs-se a contar...
tem quem lhe desse corda
desde a hora de acordar
De noite e de dia
colava no encarte
tinha medo da vizinha
tudo era arte
Um era de lua
Outro era de marte
Amigos de rua
vindos de toda parte
Foi passando
Foi passado
o futuro
papo furado
Tinha tempo
agora é gastado
caso fosse franco
teria gostado
A vida te furta
O laço é forte
A corda é curta
A missão, cumprida
18 novembro 2008
Falência anônima
Calço um sapato
Calço em falso
Cálcios fartos
Passos largos
Passo o dia
Passo em falso
Contra os prós
Contra um conto
Aumento um ponto
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