20 outubro 2016

Happy hour

Um toque seco
Um olhar
Uma vida
Um mundo a escutar

Que vida vive a me espreitar?
Mora um desejo aqui como mora lá?
Fazem perguntas bobas como se encontra cá?
Tinha um abismo pra pesquisar
Mas só o que eu pensava
Era como chegar na borda que tinha acolá

Fazia sentido a rima
Fazia sem pensar
Fazia uma em cima
Fazia com um pesar

Era gente diferente
Era um desenrolar
Via luz e gente alegre
Mas só tinha eu a procurar

Todos estavam à caráter
Numa espécie de descontar
Conta um assunto de perto
Vai logo se deslocar

Paga a conta
Sai de fininho
Fica um conto
Vai um pontinho.

Estábulo cheio

Produzo o vazio pra colher o nada
Cheio de liberdade
Ingenuidade

Monto um grande espetáculo
Saído de um tabernáculo
Protagonizado por um grande oráculo

Ele encanta a platéia
Aprisiona a atenção
Converte a atéia
Canta uma canção

Enquanto faço tudo isso
Crio falas sem rimas
Um joguete sem final
Uma cena, um vício
Do bem e do mal
Pra me dizer que o aplauso
Não foi pro meu lapso
Mas pro artista e seu iminente colapso



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