20 maio 2015

À vida

Me cansa ser único
O lúdico e solitário
Rebento de mim mesmo
Dono de mim

Dono da minha vaidade
Da minha verdade
Dono da minha quietude
Do meu medo de altitude

Me cansa a forma como eu me cuido
Me faço sobreviver frente as farsas
Da forma como encaro de frente
Frente aos descuidos da minha mente

Me canso de ser o avesso
De ter pouco apresso
De parecer o que não pareço
De não ter um terço, nem a metade

Tenho medo e isso me cansa também
Saber que o que tenho não me faz ir além
Mas me mantém, como refém

Me canso de fazer tudo
De ser o começo, o meio e o fim
Decidir entre o bem e o mal
Ser sem forma, informal
Longe de mim

Canso da procura
Da falta de postura
Das fantasias sem uma costura
De sonhos sem cura

Me canso da facilidade como descubro
A felicidade que há nos outros e não há em mim
Me canso da ver o que há através
De ser aquilo que tu não és

Me canso de achar que divagando eu posso me curar
Me canso de estar certo
Me canso de ser o paciente, o médico e o remédio
A sala de estar e não estar

Me apodreço de tanta esperança
De um romantismo crônico
De estar errado
De ser muito mais do que o mundo me trouxe
Me embebedo por tamanha consciência

Me canso porque a minha vida é me cansar
Talvez fosse diferente se eu a ela me ausentar
E a mim mesmo aceitar
Que no fim haverá um descanso

11 maio 2015

Aparentemente

Momento de ouvir
Aquilo que quero
Aquilo que não quero
Aquilo que acho que preciso
Aquilo que acho que não preciso mas na verdade é o que realmente preciso

Silencio dentro pra absorver e organizar o barulho que vem de fora
O barulho aqui dentro foi suficiente já, até demais
Faz necessário um respeito
Da carne que me sustenta
Da cama que me aceita
Dos ouvidos internos, que estão cansados
Da mente que não mente
Da verdade que é cega
Da solidão que não nega

Então eu posso respirar
Continuar a ser gente
É hora de ouvir o som do mundo
É hora, minuto e segundo
O tempo bate e te leva
Um pedaço meu, um pedaço dela
Uma tatuagem, uma imagem
Uma homenagem



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