21 agosto 2022

Casulo

Você pode
Se fode
(es)Pera
Volta

A vida muda
Você que era vice
Versa agora sobre si
Muda e se mantém o mesmo

Na antiga busca do outro, o desejo
No antigo medo do outro, desprezo
Cantiga nova cura, me vejo
Baliza e apura, despejo
Sutura e fulgura o ego
Olho pra dentro, me apego
Nada fácil, não nego
Antes isso do que cego

O que fica é memória
O amor e a glória
De todo dia ter feito
Sem aperto no peito
O que era dever e direito

Certo e errado
Falado e não calado
Agido
Sentido
Alado
Voa que o tempo é amigo
O sol o afago
E a lua o abrigo

03 agosto 2022

A forma

Desce pela garganta uma forma estranha

Quer me matar

Quer minha entranha!

E ela me quer e ela me ganha


Faz do meu corpo morada

Do meu sangue sustento

Tem um pouco de nada

E um muito do tempo


Vê-se que nela eu me tenho

E tu também se assemelha

Sofro franzindo o cenho

Ao sentir uma pequena centelha


Queimo agora por dentro

Atado e sem alento

Vencido por um momento

Mas aquecido com seu lamento


Vá-se embora dissabor e amargura

Vinde pronto, ó ternura!

Quanto mais quero mais invento

Uma mentira para apartar meu sofrimento

Nesse caos se fulgura


Não digerir não é opção

E esperar parece sensato

Pois se foi nascido da negação

Será vencido pelo anonimato



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