14 outubro 2013

Sem essa tez

Eu sigo a vida
Ela me segue de volta
E insiste em me mostrar
Que não tem pra onde fugir
Daquilo que tem dentro de você
Porque é isso que é

Eu sigo as regras
E elas me seguem
Atropelando as minhas ingenuas formas de controlar
Queria ser descontrolado
Controlado por quem quer que seja
Menos eu

Eu sigo amigo
Covarde como só eu sei ser
"Mas eu juro, juro que tentei"
Digo isso pra me confortar
Mas no fundo eu sei
Que estar vivo aqui e agora é a prova de que ainda falta algo pra tentar
Falta mais pra machucar
Não é força, é teimosia, é egoísmo
Que seja

Eu sigo ela
Quer dizer, não sigo mais
Que seja assim
Talvez eu me esqueça
Que a esperança da amnésia
É falta de memória recente e não muito recente
Ressentimento
Recente... re-sente, você sente Rê?
Eu sinto, eu sinto muito mesmo

Eu não precisei perder pra dar valor
Pois já sofria antes de perder
É tão grande que conversa comigo com uma personalidade própria
Não é mais eu, nem você, somos nós
Não é silêncio, é falta de barulho
Não é loucura, é sensatez demais.

02 outubro 2013

Existe um silêncio que não cabe

Entregue aos braços da monotonia e cheirando a um cigarro que não é seu, ele ficou ali parado enquanto a Lua o olhava em silêncio.
- Era pra existir um pouco de magia nesse momento! - pensou ele em voz alta.
Mas não, ele não se via tocado, seja pela Lua, seja pela Terra debaixo dos seus pés. Talvez estivesse em órbita, não se sabe.
- Isso daria um filme, ou melhor, não.
Era a primeira vez que ele se viu como um expectador, e se sentiu desinteressado. Tinha algo que o estava incomodando. Um morto-vivo no sótão, chamando pela sua atenção.

Descabia virtude onde antes eram só medalhas
Sabia, que a cada passo pra frente, dois eram pra trás
Vivia de migalhas
E tudo que antes fazia, agora não faz mais

Escrevia pra se distanciar
Era como se pudesse guardar
Mas era tão grande que em si não cabia
Mesmo que seu peito fosse um hangar

Tudo voltara a ser cinza como ele odiava
Fingia que tinha aprendido a gostar
Se soubesse como dessa sair
Talvez nem isso fosse lhe acalmar

Saber não tinha importância
Porque ele não queria tentar
Como pode algo ser tão insistente e ingênuo ao ponto de ainda perdurar?

Parece uma invenção da sua cabeça
Mas no fundo ele sabe que é
O problema é que pra ter consequência
Basta não se ter o que quer

Existe um silêncio que não cabe, não tem cabimento
Precisa ser calado
Persiste o desaparecimento
A falta, o ser amado

Abriu a janela
Pensou consigo:
- Consigo?
- Consigo! Com ou sem, você consegue
Não se cegue
E a vida segue.

Existe um silêncio que não cabe, não tem cabimento
Preciso ser calado







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