04 setembro 2012

Visão turva

Desarrumava as palavras pra ele não poder ver o que estava por trás daquele amontoado de nada
Amontoada, queria não estar naquela toada, queria deixar de ser e estar para permanecer, ficar
Era saliva molhada no nada querendo ser ladra e roubada pra poder voar que nem um avião
E sua mão, arteira na arte de não se conter em um lugar e ir na contramão, queria um abrigo
Era pra ser um amigo, dizia a cabeça pesada envolta por um Sebastião qualquer
[Que faz sua mente presente ficar mais distante querendo um malmequer]
Mas ela sabia que fazia um tempo que ele sabia o que ela fazia pra ele não saber

Ele sabia tocar uma música ali dentro da sala acústica dela
Era pra ser só um show, mas ficou
Ecoando como ondas do mar
Quebrando seus paradigmas, de dentro pra fora
E fora que toda vez que ela ouvia as ondas dava vontade de dançar
Era pra ser só um som devagar, mas divagou
Não dava pra voltar atrás, ficou profundo demais
Ondas quebrando no cais

E então, ela arrumou as palavras certas e as erradas de uma só vez, tornando-as em silêncio. Só então ele pôde escutá-la e ela a si mesma também.



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