07 novembro 2013

Falta tempo

O encontro de dois errantes acontece no desencontro. Desencontro da realidade esperada versus a realidade projetada.
O desencontro, bom, ele não acontece, ele desacontece. Ele é fruto de um momento que não vai acontecer, ele se vai. Vai pra onde não se encontra mais, vai pra quem e pra onde não se sente a falta, vai sem rumo, sem ser lembrado, porque nunca existiu.
Ele precisa de tempo, tempo pra voltar atrás e corrigir o encontro que não aconteceu e acontecer.
Acontece que hoje ninguém tem esse tempo, e ao mesmo tempo, tem muito tempo pra perder. Perdem inúmeros momentos desencontrados. A perda é sempre maior que o ganho, e quando ganha, momento raro, perde a chance de celebrá-lo, pois estes não têm tempo pra celebrar... devem ter só tempo a perder, esse sim deve valer a pena.
Uma pena, porque quanto mais tempo se tem, mais tempo se pode perder, e quanto mais tempo se perde, menos tempo se tem.
Os paradoxos foram criados para serem questionados, auditados e por fim, deixados de lado por não fazerem parte (ou lógica) na realidade existente no momento.
Quando um encontro acontece ele precisa ser ao mesmo momento... e quando falta tempo? Há desecontros. Mas "ser ao mesmo momento" é relativo.
Então seja a referência.

14 outubro 2013

Sem essa tez

Eu sigo a vida
Ela me segue de volta
E insiste em me mostrar
Que não tem pra onde fugir
Daquilo que tem dentro de você
Porque é isso que é

Eu sigo as regras
E elas me seguem
Atropelando as minhas ingenuas formas de controlar
Queria ser descontrolado
Controlado por quem quer que seja
Menos eu

Eu sigo amigo
Covarde como só eu sei ser
"Mas eu juro, juro que tentei"
Digo isso pra me confortar
Mas no fundo eu sei
Que estar vivo aqui e agora é a prova de que ainda falta algo pra tentar
Falta mais pra machucar
Não é força, é teimosia, é egoísmo
Que seja

Eu sigo ela
Quer dizer, não sigo mais
Que seja assim
Talvez eu me esqueça
Que a esperança da amnésia
É falta de memória recente e não muito recente
Ressentimento
Recente... re-sente, você sente Rê?
Eu sinto, eu sinto muito mesmo

Eu não precisei perder pra dar valor
Pois já sofria antes de perder
É tão grande que conversa comigo com uma personalidade própria
Não é mais eu, nem você, somos nós
Não é silêncio, é falta de barulho
Não é loucura, é sensatez demais.

02 outubro 2013

Existe um silêncio que não cabe

Entregue aos braços da monotonia e cheirando a um cigarro que não é seu, ele ficou ali parado enquanto a Lua o olhava em silêncio.
- Era pra existir um pouco de magia nesse momento! - pensou ele em voz alta.
Mas não, ele não se via tocado, seja pela Lua, seja pela Terra debaixo dos seus pés. Talvez estivesse em órbita, não se sabe.
- Isso daria um filme, ou melhor, não.
Era a primeira vez que ele se viu como um expectador, e se sentiu desinteressado. Tinha algo que o estava incomodando. Um morto-vivo no sótão, chamando pela sua atenção.

Descabia virtude onde antes eram só medalhas
Sabia, que a cada passo pra frente, dois eram pra trás
Vivia de migalhas
E tudo que antes fazia, agora não faz mais

Escrevia pra se distanciar
Era como se pudesse guardar
Mas era tão grande que em si não cabia
Mesmo que seu peito fosse um hangar

Tudo voltara a ser cinza como ele odiava
Fingia que tinha aprendido a gostar
Se soubesse como dessa sair
Talvez nem isso fosse lhe acalmar

Saber não tinha importância
Porque ele não queria tentar
Como pode algo ser tão insistente e ingênuo ao ponto de ainda perdurar?

Parece uma invenção da sua cabeça
Mas no fundo ele sabe que é
O problema é que pra ter consequência
Basta não se ter o que quer

Existe um silêncio que não cabe, não tem cabimento
Precisa ser calado
Persiste o desaparecimento
A falta, o ser amado

Abriu a janela
Pensou consigo:
- Consigo?
- Consigo! Com ou sem, você consegue
Não se cegue
E a vida segue.

Existe um silêncio que não cabe, não tem cabimento
Preciso ser calado





07 agosto 2013

Jornal

Ok, vamos lá
Vamos ler o jornal
Afinal
Que mal poderia ter?
Afinal
Que mal poderia a mim fazer?
Se eu nem mesmo eu ali estou
Se nada daquilo me afeta
Se o texto não atinge sua meta
Que é de me afeitar
Atacar, matar por dentro
Esse ser tão louco e sedento
Sedento por ignorância
Mas que não perde a arrogância
De falar como quem por cima olha
Como quem, não importando a que chuva se acometa
Não se molha
É melhor que fique assim
Que não se intrometa
Na vida alheia
Alheia
Alheia
Alheia
Alheia à vida alheia
Alheia...
Que siga sua vida
Sem o tal
Jornal

15 julho 2013

Subjetivo


Um profundo desgaste daquilo que era pra ter ficado como essência
E nem tive a decência de dialogar com o tempo
Despercebendo a indecência que eu estava fazendo comigo mesmo
Nada mais me serve de alento
Está tudo caindo, enfraquecendo, levado com o vento
Meus dias sopram um blues que já não mais existe
É fruto do que um dia foi
São saudades, eu sei que são
E é no plural, porque são muitas... e são só minhas
São saudades sua, e você sabe que é de você que estou falando
Saudades da minha ingenuidade, já varrida mundo afora
Pensou que não, mas mexeu e ainda mexe
Se não é a presença, é a falta
Queria não querer
Livros e mais livros explicam o que aconteceu
Mas pra mim sempre foi aquela coisa entre você e eu
Queria não temer
Temer que alguém possa tomar esse lugar, essa sala de estar
Mas eu temo....
Queria não te amar
Mas eu te amo.

09 julho 2013

Vinho tinto

Alguns passos na minha direção
Demonstro minha aflição
De um cara que não sabe falar
De uma mente que não quer calar

Sobre-humano a disputa interna
De querer contar todos os segredos de cara
De esquecer a parte da conquista
E partir pro amor à primeira vista

É claro que nada disso vem fácil
Seria muito estranho se não fosse dócil
[No começo]
Mas parece que tudo só espera
[O meu tropeço]

Ele tenta me embriagar
Me tirar do controle pra me controlar
Abrir uma janela
Respirar
Agora eu sinto
Não, minto, não sinto
Deve ser o vinho tinto

De onde eu tiro tanta conclusão?
Talvez eu esteja saindo da minha direção
Não faço mais sentido
Agora eu sinto
Não, minto, não sinto
Deve-se ao vinho tinto

Acabo de me lembrar
Que a dúvida é pra dialogar
Então fique com a minha pergunta
A quem você quer enganar?
Sinto muito
Minto, não sinto
Deve ser o vinho tinto

Era pra ser uma mentira
De quem só faz por brincadeira
No intuito de que de alguma maneira
Sua mente descubra que nunca caíra
Nessa besteira
Queria tanto... minto, não queria
Era só mais um vinho tinto.

28 maio 2013

O Castelo e o dragão

Adote um dote
Denote
Note
Que a nota que agora anotas não é musical
e nem era pra ser
Era mesmo pra ninguém ler
E se entreter

Tu não anotas porque não tem o que notar
Sua atenção é virada, desvairada
Se a presta, empresta e nunca mais a tem de volta
Corre por ai a solta
Sem escolta

Olhe
Vem vindo alguém
Será que sabe como ir além?
E se não souber, o que é que tem?
Você aprende
...
Ah não, não é ninguém!
...
(Amém)

21 maio 2013

Ar alto, raro efeito

As vezes é um mero trocadilho
Que me vem de encontro
Talvez um empecilho
Meio assim, meio de canto

É um solavanco
Que me tira do compasso
As vezes nem me tento
As vezes nem me acho

É um suspiro desacordado
Pra me desequilibrar
Porque sabe que meu adorno é dissimular

Daí então eu me pergunto:
Com quem mesmo que eu me pareço?
Com a apatia de antes ou com o desinteresse de agora?
Sou apostas de que um dia vou perder
Sou pergunta nunca querendo responder
Então, que seja declarada a paz
Os dois lados se rendem
E todos perdem para poder ganhar
Uma mesmice disfarçada de sossego
Uma voz do que todos querem
Que entra pra ensaiar o desapego
Faz o que ninguém você faria
Ela não tem nome ou identidade
Mas atende por democracia

29 abril 2013

Coma

Talvez o mundo ainda seja do jeito que eu lembrava
Talvez a lembrança ainda seja do mundo do mesmo jeito
Talvez o mundo seja lembrado do mesmo jeito que eu lembro
Talvez o jeito seja ter mundo ainda na lembrança
Talvez o mundo ainda lembre do seu jeito
Talvez não haja jeito
Nem lembrança
Nem mundo
Só existe a dúvida

25 abril 2013

Fantasma

Sou um grito
Sou um sopro
Eu nunca amito
Eu nunca sofro

Abro minha mente
Pra todo tipo de gente
Desvirtuo a razão
Pra uma lógica menos inteligente

Quem sabe assim não me distraio
Com outras vertentes?
Quem sabe assim não me distraio
Com outra gente carente?

Fico com a dúvida por ela não tem fim
Escolho uma saída, mas não saio
Quero saber o que ganho se ficar..
[Observando de soslaio]
Penso que fazendo assim
Sou menos aparente
Pena que eu sempre esqueço
Que sou fantasma transparente

11 dezembro 2012

Economista

Abreviando a vida
Falando só o necessário
Sendo direto, focado
Enforcado, forçado a economizar
Economista do nada
Reduzindo o custo, a que custo?
"Nada é de graça!"
Prevê o susto, sem graça
Abraça a massa sendo só
Sente falta da taça, do vinho, do desperdício
Mora em seu próprio hospício
Sem auspício
Mudo em seu palanque
Exigindo platéia pro seu comício
Sem desperdício, só o necessário
Sério, sem fala, salafrário

Mal interpretado, apertado, abreviado
"Falta de consciência
Vai à falência"
Desse jeito vai acabar
Não pode usar
Vamos ponderar, reduzir
Evita, guarda pra si
Economista, de nada
Obrigado a regular
Manter a manada
Segurar a onda
Repensar, aguardar

Perdeu tanto guardando que aguarda a eternidade pra não ter que perdoar.

07 novembro 2012

Acorde musical

Ah, a música
Te teletransporta
Abre uma porta
E se aporta

Fica e evanesce
Com outro sentido
Sem ter tido
Pra si
Entretido
Pra ti... Comportar
Abortar a realidade
Ter saudade
Da maldade de criança
Esperança
Nada que não se possa ter
Amadurecer
Amanhecer... acorde.

22 outubro 2012

Olá, tem alguém ai?

...Daí então você aprende, passa a vida aprendendo e morre sem saber. Quer encontrar a desgraça em forma de felicidade pra poder se dizer digno e ao mesmo tempo merecedor. Era pra ser inteligente, mas agora só conta um passado remoto de condecorações que não lhe servem pra mais nada. O mundo é assim: Você sabe que vão te cortar em pedaços, mas paga pra ver e passa a maior parte do tempo tentando recolher o que sobrou de ti, mesmo sabendo que conseguirá no máximo ser agora um Frankenstein. Você está vivo, mas carrega dentro de si um abajur que pisca dizendo que ainda funciona, só que você sempre liga ele em 220V quando o coitado já nem 110V aguenta mais.
Você abre uma brecha pra poder deixar o ar lá de fora entrar, com medo de entrar demais e esfriar a lareira que agora só é brasa morna. Você ainda consegue fazer o sorriso da Monalisa achando que pertencerá a um grupo que nem mesmo existe e que mesmo assim não quer você.
Era pra soar melancólico sem nexo, mas infelizmente você se vê nessa sangria. Era pra ter sido passado, mas ninguém o quer, ...embrulhe-se pra presente.
Era pra ter sido abatido a muitos anos atrás, junto com a manada que pertencia, mas foi arredio e fugiu e olha no que deu! ...agora quer voltar.
Anime-se, vá! Se fosse verdade você está no lucro, e você não está, ou está? Logo se lembrará que tudo isso não passa de umas palavras mal escritas e que tudo deve ser mentira, provavelmente.

19 outubro 2012

Eu tenho pena

Eu tenho pena dos que saem a noite sem rumo
Tenho pena porque só elas sabem do que estou falando
Tenho pena do escuro, porque, é claro, ninguém o vê
Tenho pena da luz, porque esconde a fonte
Tenho pena dos desiludidos pelo amor
Tenho pena da moça que só tira a roupa porque sente calor

Eu tenho pena da família do suicida
Tenho pena da carne moída
Tenho pena do rei no castelo, da côrte e da nobreza
Tenho pena da lei do martelo, da sorte e da lerdeza
Tenho pena daqueles que dependem da mesma
Tenho pena dos que esperam
Tenho pena dos que perdem tempo
Tenho pena dos que cuidam
Tenho pena dos que guardam rancor
Tenho pena de mim e quem mais for

Tenho tanta pena que não me esqueço quem eu sou
Sou uma ave que de tanta pena não sabe levantar voo

17 outubro 2012

João bobo

Deixa eu fingir com você
Deixa eu fingir que somos unidos, que temos conexão
Deixa eu fingir que temos uma vida normal, que temos algo em comum
Deixa eu fingir que o nosso futuro é promissor, desejado por qualquer um

Vamos fingir que não temos nenhum contrato social, contrariando a realidade
Vamos fingir que de vez em quando sentimos saudade
Vamos diminuir a intensidade da luz para fingir que temos interesse no que não estamos vendo
Vamos fingir que temos, mesmo não tendo
Vamos amaciar a carne e comê-la crua
Vamos fingir que essa carne é minha e não sua
Vamos amolecer os corações dos outros amantes com nossos beijos
Vamos fingir que esses beijos são músicas com lindos arpejos

Eu preciso fingir que dizer é não mentir
Eu preciso dizer que fingir é como não sentir
Eu preciso agora dizer que eu sinto, sinto muito
E eu preciso dizer que eu fingi o tempo todo
Eu te amo, foi tudo um engano
Era pra ser uma brincadeira, eu sou um bobo... seu bobo.

14 outubro 2012

Triste fim da bolsa de valores

Adalberto vestiu seu jaleco xadrez e colocou seu chapéu e todos os apetrechos que lhe eram exigidos para sua tarefa, estava pronto para mais um dia.
Era muito rico e por isso distribuía o que tinha de mais precioso aos outros, não importasse quem. Assim ele recebia de volta muito mais do que entregara, e guardava para si. E com isso ele juntava uma fortuna que todos os dias a noite ele as trazia novamente na cama, antes de dormir, e ficava admirando sua riqueza... É fato que no final do dia toda ela era utilizada e era necessário juntar mais o mesmo montante, pelo menos, no dia seguinte. Seu bem era perecível, sua riqueza não podia ser acumulada.

A casa de Adalberto também era muito rica, obviamente, e era muito visitada pelas pessoas que compravam os serviços de seu dono, que vale aqui salientar, sempre fez questão de nunca cobrar por isso.

Se passaram alguns anos e o nosso protagonista se viu em uma situação difícil de lidar. Algumas pessoas não queriam mais a sua riqueza de graça e preferiam a miséria, coisa que ele não conseguia entender. Ele não teve escolha a não ser cobrar para que ela fosse entregue, uma vez que agora sim as pessoas permitiam, pois era a nova forma de se distribuir o que se tinha. Era preciso cobrar antes para depois entregar. Chamavam de troca.

A troca por um momento fez seu papel e parecia ser realmente a reinvenção da forma como Adalberto lidava com suas riquezas, e não só dele como a de todo o mundo. O fato é que nada mais era feito sem troca. Tudo era cobrado e antecipadamente, mesmo sem ter nada para distribuir as pessoas cobravam. A cobrança já era feita sem medida alguma, ao ponto que os bens foram se esvaindo e só sobraram as contas, as dívidas e a miséria generalizada. Adalberto não conseguia mais doar sua fortuna porque diziam não poderem mais pagar por ela.

A riqueza era a alegria, o sorriso, um abraço, um olhar... uma cia.

04 setembro 2012

Visão turva

Desarrumava as palavras pra ele não poder ver o que estava por trás daquele amontoado de nada
Amontoada, queria não estar naquela toada, queria deixar de ser e estar para permanecer, ficar
Era saliva molhada no nada querendo ser ladra e roubada pra poder voar que nem um avião
E sua mão, arteira na arte de não se conter em um lugar e ir na contramão, queria um abrigo
Era pra ser um amigo, dizia a cabeça pesada envolta por um Sebastião qualquer
[Que faz sua mente presente ficar mais distante querendo um malmequer]
Mas ela sabia que fazia um tempo que ele sabia o que ela fazia pra ele não saber

Ele sabia tocar uma música ali dentro da sala acústica dela
Era pra ser só um show, mas ficou
Ecoando como ondas do mar
Quebrando seus paradigmas, de dentro pra fora
E fora que toda vez que ela ouvia as ondas dava vontade de dançar
Era pra ser só um som devagar, mas divagou
Não dava pra voltar atrás, ficou profundo demais
Ondas quebrando no cais

E então, ela arrumou as palavras certas e as erradas de uma só vez, tornando-as em silêncio. Só então ele pôde escutá-la e ela a si mesma também.

26 agosto 2012

Floresta sem arestas

Está longe, está muito longe do seu curso normal das coisas. Ele se viu entre animais e vegetação nunca antes explorada. Era pra ser intrigante, mas ele não sabia que ali podia se esconder um grande inimigo, o desconhecido.
Muitas pessoas diziam pra ele que o desconhecido podia ser algo que trouxesse esperança, motivação... mas ele é piegas e sabe muito bem o que aquilo que ele não conhece pode significar pra ele.
Essas pessoas comem coisas diferentes e dizem a todo momento o quanto estão felizes e como a comida está saborosa. Ele nunca antes precisou dizer o quanto estava feliz pra se sentir feliz, mas parece que agora nessa floresta negra ele precisa se expressar. Pôr pra fora para só então sentir o que há por dentro.
Era muita coisa nova, cada passa era observado por aqueles que não tinham com o que se ocupar. Sua vida era controlada para que não saísse do combinado, pois senão iriam colocá-lo no canto como se fosse um doente... e talvez até o fosse, visto que essa floresta a cada dia que passava parecia mais e mais o lugar mais perfeito do mundo, segundo milhares de cartazes, frases e discursos aclamados todos os dias.
Era um mar de gente que sabia a hora exata de se fazer amigos, a hora exata para compartilhar emoções falsas, se martirizar por isso e no fim pagar alguém para que os diga que estão doentes e que precisam de ajuda contínua.
Ele não sabia se tudo isso se passava porque ele tinha errado o caminho lá trás ou se era uma questão de tempo.

- No fim tudo se resume ao espaço e tempo - disse ele, querendo com isso reduzir a repulsa que sentia.

Era uma época desconhecida, o futuro. Essa caminhada teve seu curso reduzido por conta de sua observação acerca da floresta. Na verdade não havia prisão, mas todos estavam muito próximos uns dos outros e isso era necessário segundo as regras. Era preciso interagir, era preciso compartilhar, mesmo que os resultados sempre terminassem sempre na decisão do mais influente.
Ele não entendia, o quanto era preciso para que eles entendessem que só se pode adicionar quanto se tem algo para tal.

- Todos temos algo? - questionou-se frente ao chamado.

Reunião de um bocado de gente
Desunião de suas crenças, se é que tinha
Abrasão do que era pontiagudo
Pra se ter tudo em linha
E se tornar um ser mudo

Abraçou o travesseiro da informação como fazia todas as noites, a fim de encontrar um pouco do que tinha deixado para trás. Era uma luta diária, tinha que ser luta.

Desde então sua floresta se tornou a floresta negra sem árvores, habitada por seres com seus mundos, apenas seus.

E ele ficou por lá até descobrir que a caminhada não mudou de curso e sim seu passo que se tornou mais curto.

14 maio 2012

Não sabia nada do agora

Nem quando nem com quem
É muito tempo, é tempo demais
Futuro que não volta atrás
É briga com o que já não pode mais

É menino solto
(Sabe-se lá)
É caminho certo
Pra quem nunca está
Ou se era ou será

Sabiá
Nade agora
Só tem asa pra voar?

Nem quando nem com quem
É muito tempo, faz tempo
É fruto que não cai
É um tudo que já não me atrai

É menino solto
(Sabe-se lá)
É caminho certo
Pra quem nunca está
Ou se era ou será

O nunca é confortável
Sempre, detestável
Repita aquela prece
Ande, se apresse

Nem quando nem com quem
É menino solto
É muito tempo, é tempo demais
É rio que não acaba mais

03 maio 2012

Desatino

Cheio de fome
Alimento sem nome
Engasgado, comendo nós
Existe resposta quando estamos a sós?

Tão raro, tão caro
Se não se paga adiantado, a vista
Se paga a prazo, pro infinito
Mas se paga

Ele mesmo não sabia o que era
Se ilha ou se quimera
Se no pico ou se na cratera
Sem planos, sem esferas

Sem fome
Cheio de nome
Se não é aquele que some
É o que consome

É contradito, o maldito
Inventa notas sem se notar
Adota uma postura
Exposta para atacar

Engasgado, comendo a sós
Existe resposta entre nós?

Cheio nota
Cheio de dó
Cheio de si
Cheio de tudo
Cheio de nada
Cheio da sobra de ser camarada



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