15 julho 2008
Benedito
Maldito
Sóbrio erudito
Que me faz interdito
Calado e contradito
Desdito
...Bendito
De tanto intercalar
Deu calo de escalar
Agora eu que dito
Edito
E não acredito
No que foi dito
07 julho 2008
Palavra Chave: Capital
Uns compram livro
Livros compridos tão pouco lidos
Outros são mais radicais
Radicais livres comprimidos querendo ser engolidos
Os dois engordam uma ideologia
Os dos livros e os livres
Sentados sem ato
Cem atados
Um vai ao lado
O outro alado
E tem a peça branca que vem com traje fino
Olhos aos pés da letra
Na balada do assaz sino
É a vez das pretas!
Uma via sem volta
A outra nem queria olhar, mas sabia
Que lá no fundo, dos fundos
Fosse o que fosse
Fossa o que fossa
Era tudo vendado
Era tudo vendido
01 julho 2008
Longe de ser ex-perto
Foto: Martin Kenny
Se não fosse o doce, seria a foice e o coice
Se não tivesse a palavra seria só a lavra, ou ah lá, foi-se
Controverso àquele que é contra o verso
Tento de tanto falar inverso, universo, converso
Contanto que não seja tanto, tanto faz
No entanto, não pode pouco, porque não satisfaz
Contudo, tudo que nada pareça deve perecer
Sortudo é quem acrescenta sem estar a crescer
26 junho 2008
Semear

Vamos comentar
esquentar o cenário
Falar aos sete ventos
cantar como um canário
Ser doente por dúvidas
duvidar da saúde
Ter uma banda
tocar um alaúde
Brigar por um espaço com mais estrelas e planetas
Para que possamos trocar de mundo com canetas
Semear uma boa horta
Comer uma boa torta
Reciclar a vida morta
Bater à nossa porta
E ver como a gente se comporta
25 junho 2008
Ação de cor

Um doador de coração
Daqueles sem medo
Sabe de cor a ação
Que entrega logo cedo
um sabor de intenção
Faz raiz na vida inerte
Surpreende e se diverte
Mesmo sem um solo
Toma conta toma colo
Um doa a dor do coração
E perde a cor da vida
O outro perdoa a ação
Mesmo que doa a dor da ida
12 junho 2008
Criador
Assim eu te inventei
Era usado, sem passado....
Coube a mim caçar uma glória
Coube em mim ao calçar sua história
Sabia o que não queria
Não queria o que sabia
Experiência, essência... um preço
Cria dor, medo e um berço
Que não tive sequer um terço
Depois sem nada
debaixo da arcada
Eu prego de aliado
Com seu credo martelado
E me vejo sem avós
Só o som da sua voz
Que ora a frase, orador
Hora é a cria hora criador
Era usado, sem passado....
Coube a mim caçar uma glória
Coube em mim ao calçar sua história
Sabia o que não queria
Não queria o que sabia
Experiência, essência... um preço
Cria dor, medo e um berço
Que não tive sequer um terço
Depois sem nada
debaixo da arcada
Eu prego de aliado
Com seu credo martelado
E me vejo sem avós
Só o som da sua voz
Que ora a frase, orador
Hora é a cria hora criador
06 junho 2008
Migalhas

Eu ainda tenso em você
Te vejo mesmo que não me beija
Quanto ao que sinto no momento
está exposto o oposto
que não é do seu contento
mas é do meu gosto
mas no entanto, não é tanto
tanto que troco de amante
como tomo refrigerante
04 junho 2008
Descompasso

Dos passos que eu dei nesse sol
Devia ser falho meu solado
Dos laços que eu desfiz
Era pra estar desfiado
Das pedras do meu caminho
Esculpi o que ninguém via
Dos solos que eram meu ninho
Sobram brotos de nostalgia
26 maio 2008
Fala que abriga

Preso em papeis subscritos
Turvo em meio a tanta gente
Um povo que não dá mais gritos
Cada vez mais carente
Um dentro do outro na busca de si
Um pouco de cada no nada de todos
E na tentativa de se encontrar
Sobra o nome pra diferenciar
É Camila na fila de gente vazia
João que há dias não come nem um pão
Roberto sozinho no campo aberto
Carol pedindo esmola no farol
Jamil selecionado tal qual num canil
E Marcos diferente de Marina e Augusto, fica sem rima
Porque nem ao menos o poeta é justo.
17 maio 2008
Amor Irônico

Eu queria ter um amor de verdade
Desses de roubar o fôlego
Desses tão falados em músicas e poesias, inclusive esta
Encontrados nos momentos mais inoportunos
Desses incabíveis, mas real
Pois só assim eu poderia envelhecer
Só assim eu saberia dizer
Que apesar de tudo valeu a pena
E que aquilo que eu apostei em momentos errantes
Foi na verdade uma forma de reivindicar
A denotação da humanidade pro amar.
15 maio 2008
Dois amantes

Ele via a vida turva
Ela via uma curva
Ele tinha uma conta pra pagar
Ela tinha uma onda pra pegar
Ele mandava cartas pelo correio
Ela mudava as cordas do arreio
Ele compra flores
Ela nunca as teve
Ele tem dores
Ela tem amores
Ele achava ela linda
Ela achava ele lindo
Ele ouvia um CD
Ela o via ceder
Ele sobrava na festa
Ela soprava na testa
Ele sabia sumir
Ela sabia aparecer
Ele doava um pouco de si
Ela voava com um pouco dele
Ele queria ver a cidade
Ela queria uma saída
Ele esquecera como antes fora
Ela fora como a sua mente ira
Ele era vaidade
Ela sua vida
Ele era a verdade
Ela era a mentira.
14 maio 2008
Salva-vida

Guardei meus erros numa parte escura
E sobrou uma vida vazia
Na qual eu nada fazia
E eu só na janela jazia
Mas agora eu dava conselhos
Na balança os meus desejos
E então uma nova gente eu conheci
Me compravam por um preço mais caro
Da janela eu julgava as falhas das pobres calçadas
Então tudo foi faltando
E os ombros pesando
E nada mais valia
Nada mais cabia
E eu juntava tudo
Era hora de guardar
11 maio 2008
Devaneio
Me engano pra amar
Me calo pra dialogar
Fico atrás pra não atrapalhar
Fecho a tampa pra não transbordar
Uso azul pra alegrar
Invento um termo pra adequar
Vejo o certo pra não errar
Incluo sem conotar
Pra gostar de você e me contrariar
20 abril 2008
Com versos a conversar

Sem você do meu lado eu me tomo a perguntar
coisas que aconteciam antes de você chegar
perguntas sem parar de um medroso a testemunhar
mais um belo olhar, mais um tolo a sonhar
E com você do meu lado eu não consigo perguntar
porque todas as respostas já vem antes do questionar
e tudo se resume no que não ouso pronunciar
O medroso vive me dizendo que não devo me importar
mas só o que faço é me deixar levar e replicar
e não parar de conjugar
nesse tempo que nunca vai parar
porque o que sinto não é de hoje
não é passado e nem trocado
É natural, é infinitivo!
12 abril 2008
Inversos

Sinto que não minto quando tomo do seu vinho tinto
Deito no leito do seu peito de qualquer jeito feito feto
Mas é por um triz, quase faz uma cicatriz no meu nariz
Que desse sonho enfadonho não me recomponho
Pois poucas são as roupas das loucas
Nos encontros tontos de contos sem pontos
05 abril 2008
Meio dobrado entre nós

Queria escrever um bocado
escrevi dobrado
dobrado num quarto
metade de um meio
meio sem nada
meio que num é quarto
Mas cá entre nós
cai entre nós
quando troco as palavras
e o troco do sentido
é sentido que mente
e a mente prega peça
mesmo que eu não peça.
26 março 2008
Previsão do tempo
Tempo pra escrever
Tempo pra pensar
Tempo pra contar
Tempo pra esquecer
Tempo de colher
Tempo de saber
Tempo certo
Tempo errado
Tempo perto
Temperado
Nublado
Tempos atrás
17 março 2008
Livro de cabeceira
Foto: Murilo Martins
Ainda fechada você se mostra
Na capa: dura, sem adornos
Uma orelha que tem resumo duvidoso
Mas ainda sim, é o que mais gosto
Eu tenho você antes de durmir
muito embora já tenha lido sua introdução
Me pego lendo-a como se fosse a primeira vez
Pois sempre me faz feliz lembrar o que atraiu
Livro aberto, momentos de beleza
Outros de tristeza
Capítulos inesquecíveis
Sonetos inaudíveis
Adio os finais com o coração a mil
Leio cada frase como se minha vida dependesse disso
E nada mais é estranho
Deixo os novos parágrafos pro dia seguinte
Porque essa noite seu pedacinho meu já rendeu outro sonho
09 março 2008
Prazo de validade

Te encontrei numa prateleira de supermercado
Uma embalagem meio sujinha, uma marca desconhecida
Validade apagada e data de fabricação suspeita
Meio sem dinheiro resolvi te colocar no carrinho
Mesmo assim eu te levei pra casa
Escondi no meu armário entre outras embalagens antigas
Mas toda vez que eu abria, você se destacava
E deste modo eu esperei a ocasião especial

Luz de velas, cheiro de massa
O aguardo do momento

Lá vem ela
O perfume vence a massa
O sorriso vence a vela
Com cuidado eu te tirei
Com cuidado eu te abri
Só me dei conta do quanto passou
Quando seu prazo eu descobri
Um encontro esperado
Esperado até demais
02 março 2008
drama

Sempre tem gente chegando e saindo e aqui dentro não há mais espaço pra você. Por mais que um dia tenha sido, agora não sei nem mais como é o seu cheiro, menos ainda como é você hoje. É um mural do passado que eu ostento. É um corpo nú que há tempos se mostra mais do que vestido pra mim, pra não dizer inexistente.
Tem um preço pra isso, eu sei, tudo tem. Mas agora foi paga a última parcela e não estou interessado em nenhuma forma de garantia.
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