26 março 2008
Previsão do tempo
Tempo pra escrever
Tempo pra pensar
Tempo pra contar
Tempo pra esquecer
Tempo de colher
Tempo de saber
Tempo certo
Tempo errado
Tempo perto
Temperado
Nublado
Tempos atrás
17 março 2008
Livro de cabeceira
Foto: Murilo Martins
Ainda fechada você se mostra
Na capa: dura, sem adornos
Uma orelha que tem resumo duvidoso
Mas ainda sim, é o que mais gosto
Eu tenho você antes de durmir
muito embora já tenha lido sua introdução
Me pego lendo-a como se fosse a primeira vez
Pois sempre me faz feliz lembrar o que atraiu
Livro aberto, momentos de beleza
Outros de tristeza
Capítulos inesquecíveis
Sonetos inaudíveis
Adio os finais com o coração a mil
Leio cada frase como se minha vida dependesse disso
E nada mais é estranho
Deixo os novos parágrafos pro dia seguinte
Porque essa noite seu pedacinho meu já rendeu outro sonho
09 março 2008
Prazo de validade

Te encontrei numa prateleira de supermercado
Uma embalagem meio sujinha, uma marca desconhecida
Validade apagada e data de fabricação suspeita
Meio sem dinheiro resolvi te colocar no carrinho
Mesmo assim eu te levei pra casa
Escondi no meu armário entre outras embalagens antigas
Mas toda vez que eu abria, você se destacava
E deste modo eu esperei a ocasião especial

Luz de velas, cheiro de massa
O aguardo do momento

Lá vem ela
O perfume vence a massa
O sorriso vence a vela
Com cuidado eu te tirei
Com cuidado eu te abri
Só me dei conta do quanto passou
Quando seu prazo eu descobri
Um encontro esperado
Esperado até demais
02 março 2008
drama

Sempre tem gente chegando e saindo e aqui dentro não há mais espaço pra você. Por mais que um dia tenha sido, agora não sei nem mais como é o seu cheiro, menos ainda como é você hoje. É um mural do passado que eu ostento. É um corpo nú que há tempos se mostra mais do que vestido pra mim, pra não dizer inexistente.
Tem um preço pra isso, eu sei, tudo tem. Mas agora foi paga a última parcela e não estou interessado em nenhuma forma de garantia.
27 fevereiro 2008
Perda insolúvel

Num cômodo o artista
no ladrão, malabarista
no fundo uma lembrança
na frente a esperança
Foi dos queridos a mais querida
sempre dotada dos meus acessórios
e, como se não bastasse, agora ferida
tratada sem cuidado e remédios simplórios
Um traço de mim
um braço sem ombro
um colo que abafa
meu perdiz no escombro
-------------
Patrocínio: [Divina Comédia]
06 fevereiro 2008
Promessa de rodapé

Vamos fazer uma lista
pode ser uma coisa mista
Uma em cada listra
Do título ao rodapé
(Só você sabe o que é)
De tudo que se quer
Vamos, não posso esquecer...
Fiquei de me organizar
Mas até agora só azar
E essa lista que não começa?
Vou fazer uma promessa:
Nunca mais invento uma coisa dessa.
27 janeiro 2008
Conjugação

Seria silêncio se não fosse a sua palavra
Seria culpa se não tentasse
Seria belo se não fosse o rancor
Seria pretensão se não fosse a sinceridade
Seria fome se não fosse a vontade
Seria pouco se não fosse a luta
Seria amor se não fosse o compromisso
Seria aquilo se não fosse isso
Seria programado se não fosse especial
Seria triste se não fosse real
Seria pela metade se não fosse você
-----------------
23 janeiro 2008
No meio do devaneio
...Sobretudo eu ainda penso que estou no controle, mas que controle será esse? Depois de um punhado de momentos desesperados e fraquejados eu insisto em me questionar sobre tal poder.
Talvez eu esteja pensando em me enganar, mas quando será que isso foi decidido que eu não participei? Olha eu ai de novo, acho que é instintivo, só pode.
- Ok, eu não estou no controle, tá bom assim?
- Tudo bem, mas eu também não perguntei nada!
- Engraçado como daqui de cima eu vejo tudo com mais clareza...
20 dezembro 2007
Sem posição

Talvez eu não escreva mais por não ter nada a dizer
Talvez eu ainda queira um pedido informal
Talvez um talvez não me livre de todo o mal
Talvez o medo de te perder me tome o prazer
Digamos que seja tudo isso
E que você não leve em conta
Digamos que veja encanto
Mas não compromisso
Quisera eu tirar o amargo de seu coração
(Que vem como a maré pra te levar a mais um final
Junto com piratas e seu arsenal)
E provar a doce maldição
Pode ser que a conta não esteja certa
Pode ser que o tempo não mereça muito
Quero ver se o seu sorriso
Me faz ter você comigo
28 novembro 2007
Enquete

Só eu sei o quanto eu já escrevi e quanto apaguei
Palavras bonitas, sortidas, histórias que nem eram minhas
E o quanto fazer delas melhor eu tentei
Registrando assim o que era eu em algumas linhas
Mesmo assim muito já foi registrado
E fico pensando se é o suficiente
O que é que pensam toda essa gente
Que levam minhas palavras ditas de bom grado
Querendo descobrir este fato
aos anônimos agradeço o descaso
e aos de diária consulta
Deixo no ar a pergunta
24 novembro 2007
Sem fuso, confuso

Minto se digo que não te amo
Digo se finjo pra não te machucar
Finjo que não me importo
E me importo pro seu mundo de açúcar
Estupidez querer ser o mais forte
Quando você me ganha com um beijo
Insensatez de buscar um norte
Quando é de medo que eu me queixo
Era uma vez no dia
Era tudo que eu queria
Era a minha cura
Fruta madura
Fruta mordida
22 novembro 2007
Vago

Talvez eu complete a sua frase, faça mil drinques com suas as lágrimas
E ai sim, caso encontrasse o que sentem todas as grávidas
Eu seria o que sou sem ter o que você é
Pois eu não aprendo a lição, não tenho livro e nem levo dever-de-casa.
Procuro dentro de você algo que faça sentido pra mim
Vago no seu mundo tentando morar em algum lugar
E só o que faz sentido é a saída, o fim
"Acorda meu amor, já é hora e levantar"
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Patrocínio: "Parte 2", "A Canção Pobre"
07 novembro 2007
Cinzas de um sorriso

Queria não saber o que há por trás desse seu sorriso de sempre
Dividir o mesmo lugar e não sentir nada do que tudo em mim quer
Não pensar que por onde quer que eu vá vou levar você
Não juntar pra depois separar
Mesmo assim há insistência, pra variar
De pôr à prova o prazer
Da vida que só faz me contrariar
Pois eu escrevo pra quem nunca vai ler

30 outubro 2007
Janela

Imprimi amigos
Esvaziei a lixeira
Comprimi o passado
Baixei o novo [o nível]
Programei o futuro
Abri uma janela
Queimei os arquivos
E então salvei a minha vida.
24 outubro 2007
Só pra irritar eu nego!

Só pra irritar deixo um sapo na sala
Te observo enquanto comes
Não faço juras
Conto tudo para os outros
Aponto seu erro
Desaponto suas expectativas
Canto música sertaneja
Não ligo
Ligo
Interrompo
Mudo suas idéias
Durmo antes
Fecho a cara
Faço de conta que você não existe
Nego seu expresso
Te estresso
Peço a conta
Te deixo esperando
E se algum dia você perceber o motivo de tudo isso
Eu nego!
18 outubro 2007
Plano 2

Não tenho mais cartas do outro eu
Nem promessa sei se ficou
Separados, cada qual para um canto
Um de pássaro outro de dor
Sou responsável pela parte que me coube do plano
Continuo com ele e por isso quero seu bem
Pois te dei a metade mais querida e sonhadora
Não conto mais os dias
Não quero esquecer
Do seu lado poesia
Do meu lado dever
Do remetente
Salvei o meu dia com o seu sorriso
Gravei um disco com o seu nome
Pintei meu muro com o seu rosto
Comi quando estava com fome
Antes da arte vinha você
Sair do parque, pra quê?
Praticar palavras soltas
Criticar as formas tontas
Se alegrar com as contas
Provocar as pombas
É claro que não passaria em branco
Não é fato que eu não tinha tanto
E é de fama que você vive em mim
É de cama que eu preciso sim
--------------------------
Patrocínio: my last goodbye ([Divina Comédia])
Gravei um disco com o seu nome
Pintei meu muro com o seu rosto
Comi quando estava com fome
Antes da arte vinha você
Sair do parque, pra quê?
Praticar palavras soltas
Criticar as formas tontas
Se alegrar com as contas
Provocar as pombas
É claro que não passaria em branco
Não é fato que eu não tinha tanto
E é de fama que você vive em mim
É de cama que eu preciso sim
--------------------------
Patrocínio: my last goodbye ([Divina Comédia])
16 outubro 2007
Dia-a-dia

De certo a despedida é algo curioso
Eu nunca sei se estou indo de verdade
Impressão de nunca ter ido
Muito menos me despedido
Vão-se as juras e as forças
Nada disso me faz melhor
Fodam-se as curas, das puras moças
Sem estima... de cor
Para que não muito me delonge
Vou ser breve no adeus
Muito embora pouca estadia
Sobra agora outro dia-a-dia
14 outubro 2007
Quando? Onde?

Escrevo pra esquecer
O que até agora tinha sido um sonho
Espero o inesperável
Reitero o que é infalível
O lado de cá ficou mais preto e branco
Fiz um pedido, mas não tenho gênio
Procurei mais uma vez
E só achei o meu receio de estar certo
De talvez não te ter mais por perto
Por enquanto eu vou arrumando a sala
E regando o meu jardim
Mas no entanto ainda sou só eu
E você... só você
06 outubro 2007
Presente
Enquanto o tempo passava eu me enganava. Me enganava que eu não estava sendo aquilo que eu não queria... podia não ser nada, mas nunca aquilo que eu não queria ser (engraçado como isso não exclui o outro). Mas como disse, me enganava. Eu estava num caminho esquisito, estranhamente familiar.
Soube como mudar a situação neste exato momento. Eu não sei precisamente como vou fazê-lo, mas vou. E isso é bom, pois eu não faço a menor idéia de como isso se dará. Nem mesmo o final desse texto.
De certo eu sei que a melhor coisa que eu tenho que fazer é não olhar pra trás e me enganar com as minhas memórias póstumas...
Soube como mudar a situação neste exato momento. Eu não sei precisamente como vou fazê-lo, mas vou. E isso é bom, pois eu não faço a menor idéia de como isso se dará. Nem mesmo o final desse texto.
De certo eu sei que a melhor coisa que eu tenho que fazer é não olhar pra trás e me enganar com as minhas memórias póstumas...
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