17 maio 2010

Céu limite (Projeto Telefone sem fio)

Ilustra: Soledad Cifuentes

Se um dia conseguisse esconder todos os sonhos numa caixinha eu o faria. Assim poderia roubar não só os meus sonhos mas dos outros também e guardar para poder tê-los quando mais precisasse e achasse conveniente. Mas ainda eu não pude.

Talvez os sonhos não caibam mesmo em caixinhas, talvez nem em nossas cabeças, protegidas por cabelos ou não, e só. Nossos sonhos ficam evidentes, respiramos e transpiramos eles e quando vemos que realmente estão evidentes, aparece a negação. E ela não é só para os outros, é para si também pra ver se nos convencemos. Os sonhos não podem ser tão explícitos, precisamos de alguma forma manter em segredo, para que não nos sabotem no meio do caminho, é um plano traçado com detalhes ou não, mas não deixa de ser.

E a gente nega. Nega que queria isso ou aquilo. Não aceitamos a nossa condição de querer coisas e/ou pessoas. É, e a gente quer. Aceitar não me faz nem um pouco satisfeito com a minha condição de possuidor, nem que seja da mentira.

As vezes nos colocamos do lado de fora, descemos o castelo e fingimos não morar lá. Tudo do lado de fora parece mais bonito, é um sonho. Sonhos são mentirinhas que nós contamos todas as noites para nós mesmos. Sonhar implica em mentir. Quem cria mente uma realidade. Mentimos várias vezes para nos convencermos. A repetição nos faz ficar acostumados com uma falsa realidade, que mais pra frente se torna a única coisa que tivemos durante um bom tempo. E ela fica familiar.

Se for fugir, fuja com estilo. Comece mentindo, sonhando, e logo você estará tão longe que só enxergue águas por todos os lados e quem sabe você não acha o seu peixe grande, pescador? Ou quem sabe, se afogue...

09 maio 2010

À noite

Um bar
Uma mesa
Um olhar
Uma presa
Um altar
Sobremesa
Um lar
Uma certeza
Um par
Uma fraqueza
Não amar
Ela era Teresa
Ele Baltasar.

04 maio 2010

Pare de esperar, espere! (Projeto Telefone sem fio)

Ilustra: Soledad Cifuentes
Pare de esperar, espere!

15 abril 2010

Dez motivações

Você olha, dá um sorriso.
Ela olha, levanta a sobrancelha e sorri também.
É um sinal, você não pode negar.
Se pergunta se o sorriso é pra você ou se é pra ela mesma.
Ela tem tempo.
Você vai arriscar, vai até ela..., Não! Espera! Ela tá olhando pra outro...
Poxa, pior que não, é pra você mesmo. Você não tem mais tempo, precisa ir falar com ela.
Você vai.
Puxa conversa, ela sorri novamente, te abraça.
A... nestesia. Oi? Volta rapaz! Fale com ela!! Fale com ela!!
Ufa, será que ela percebeu que eu não tava aqui? Acho que não.
Você olha nos olhos. Ah que olhos!!
Hey, acorda! Ela tá olhando ow!
Vocês trocam algumas frases, pupilas se dilatam.
Ela volta para onde estava, estava ocupada trabalhando. Você usa seu tempo que não tem para olhar pra ela agora de longe.
Droga, lá vem as espectativas e você já está decepcionado.
"Hey, não desista!"
Quem disse que você desistiu?

13 abril 2010

Num dado momento (Projeto Telefone sem fio)

Ilustra: Soledad Cifuentes

Num dado momento
Não sei se era sorte ou se ela lamento
Meio que de fora, meio que de dentro
Um sopro de alegria
Meio que vinha, meio que ia
Trazendo o antes pra depois
Meio que no meio de nós dois
Um prato de feijão com arroz

Numa dada hora
Parecia que não era agora
Que vinha tudo de fora
Meio na vinda, meio de ir embora
De onde não se vinga a ameaça
Medo da vida, medo da caça
Meia vida, meia taça

Era dado como morto
Meio sem tempo, meio sem sentido
Era tudo, menos sabido
Agia como se tivesse, mesmo sem ter tido
(O seu destino desvairido)
Contrário a toda corrente
De fato o mais iminente
Meio cheio, meio vazio
No meio de tudo, no meio do rio
Meio sortudo, meio sombrio
Meio confuso, meio colorido
Meio a meio e não se fala mais nisso!

07 abril 2010

Doador

Doa a quem doer esse é o meu dom
Não é meu aquilo que me dão
Doe a quem doar deu no que deu
Comprei o que "cê" me vendeu

É "mais do que nunca"
É "permaneça"
O amor não tem desculpa
Tem dor de cabeça

30 março 2010

Confeiteiro



Por uma fração de segundos se apaixona 3 vezes
Se trai a cada piscadela
Compra os mais caros em segredo e pros outros diz que é indiferente
Doa os livros que nunca leu dizendo que podem mudar a vida de alguém
Se vende por um preço superestimado e insite em ver mérito nisso
Diz que admira quem faz o contrário, mas é mentira
Termina uma conversa com silêncio, pra dar um ar de mistério e superioridade
Abraça pra ser abraçado
Veste uma camisa que não é sua, mas gostaria que fosse
Faz de conta que é amargo, mas é doce.

21 março 2010

Antes passado

Tinha intriga
Tinha entrega
Tinha tudo
...tinha nada!

Era surto
Era sorte
Era tudo
... era nada!

Foi feito
Foi feto
Foi fato
Foi tudo
... foi nada!

Meu mundo
Minha muda
Minha muda
... minha nada!

15 março 2010

Temporada de caça (Projeto Telefone sem fio)

Ilustração: Soledad Cifuentes

Julie vivia em uma época em que caçar cervos era uma diversão. Seus irmãos é que gostavam de caçar e ela nunca tinha ido antes, pois era coisa de homem, então só ficava em casa ajudando sua mãe. Tinha um gênio forte e como era a única mulher entre os homens da época, aprendeu a guardar aquilo que sentia. Ultimamente os dias de caça não estavam trazendo muito, já que o cervo que estava sendo caçado havia semanas, permanecia intacto.

Em um dia de caça, Julie saiu para colher alguns temperos para o almoço enquanto seus irmãos, pai e tios estavam a caçar este cervo que vivia em sua terra e teimava em não ser achado (como diziam eles), seja por cães farejadores, seja por caçadores bem experientes.

No momento em que se via procurando alguns condimentos, se assustou ao ver ao longe o cervo, se alimentando, comendo grama fresca, parecendo não ter qualquer preocupação e/ou de estar sendo procurado. Uma figura imponente, um cervo imperial, com chifres imensos. No momento em que ela o viu, ele para de comer e se ergue olhando-a fixamente por um breve momento. Neste instante, Julie sente como se estivesse fora de seu corpo, observando uma natureza que nunca antes tivera oportunidade de ver. Um animal selvagem como aquele, sua tranquilidade, com a natureza verde ao fundo.

Foi então que foi um barulho de cães, cavalos atrás dela a fez sair deste momento de devaneio e começou a fazer barulhos, tentando espantar o cervo. E ele mesmo assim continuou a olhá-la sem se mover. Ela olhou para trás e viu a orda de caçadores se aproximando agora sorrateiramente. Olhou para procurar o cervo e ele já havia sumido.

Julie nunca mais viu este animal desde então, nem mesmo falou sobre o encontro. Alguns meses depois, finalmente ele foi abatido pelos caçadores.

Estendido de cabeça para baixo, ao ver seu amigo errante frio e imaculado, Julie se lembrou do breve momento que teve ao seu encontro e como ele foi bom e repentino. Seu segredo agora não parecia fazer a menor diferença e se sentiu feliz ainda sim por tê-lo espantado naquele momento, dando-lhe um pouco mais do seu tempo de vida. Ela sabia que muito provavelmente sua ação pode não ter feito também diferença ao cervo, já que ele se mantinha vivo até então... mas quem pode culpá-la se era assim que era gostava de pensar.

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Com esse segundo trabalho, terminamos nosso "teste" e gostamos muito do resultado, espero que vocês também. Eu e Soledad, estamos pensando em construir um blog especialmente para este fim, onde cada post teria a contribuição de mais de uma pessoa pelo menos, sejam mídias diferentes ou não.

Esperamos em breve poder anunciar esta criação, até lá iremos nos divertir com mais posts compartilhando pontos de vistas diferentes da mesma paisagem.

12 março 2010

Dissidente

Disse do som dissonante
Da moça errante
Do dom destoante
Do tom distante
Do ponto de partida
Da cara fechada
Do amor à vida
A troco de nada

Ouvi que foi por pouco
Que faltava vontade
Que parecia um louco
Que dava saudade

Então que se fale menos
Que não durma lá em casa
Que vá para Vênus
Só com uma asa

Tenso, denso, penso
Troca, draga, praga
Tricô, droga, prego

06 março 2010

Tom (parte 1/2)



Por um breve momento Tom quis que esse momento se tornasse eterno. Que todo esse sentimento que estava sentindo fosse enviado para todas as pessoas ao redor do mundo tal era sua felicidade... Acordou na manhã seguinte como um viciado, pensando em como ter novamente aquilo que experimentou ontem. Mas Tom sabia que isso não poderia acontecer de novo. Ele sofria de uma maldição.

Tudo começou quando Tom encontra o que pensava ser a pessoa que continha todo o amor e beleza que ele estivera procurando por toda a sua longa, longa, longa vida de 15 anos. O breve momento em que esteve com Emma e se declarou, Tom foi a pessoa mais feliz do mundo. Este dia não é lembrado na sua memória como uma coisa bonita, mas sim como uma cicatriz. Desde então, Tom sente suas costas doendo, rugas aparecem em seu rosto, cicatrizes em lugares diversos a cada novo amor. E por alguma magia as pessoas que proporcionam isso a ele se rejuvenescem, ficam mais belas e de alguma forma imortais.



Hoje é um daqueles dias que Tom pega o telefone para ligar. Ligação feita, telefone agora no gancho, e ele se senta sentindo uma fisgada no braço. Por um momento ele fica em posição fetal se contorcendo e para. Se levanta e continua sua vida no resto de domingo que lhe sobra.

La fora todos os seus amores ainda estão imutáveis, esbanjando uma juventude que ele não tem mais. Mais de 30 anos se passaram e o mundo parece só mudar, o tempo passar só para ele. "Incrível!" ele pensou algumas vezes.

- Como podem estar todas em perfeito estado? Como isso é possível? - questionou Tom.

De alguma forma todos que tinham o toque de Tom, recebiam por ele a eternidade. Como um Midas dava vida eterna ao mesmo tempo que se via morrer.

Hoje não era mais um dia para se questionar sobre essas coisas. Tudo se foi. Ele nunca entendeu e já não queria mais entender.

- Não ia fazer diferença.

Tom continuava a ter os dias mais felizes da sua vida com o conhecimento que isso seria uma única vez com cada pessoa. Essas pessoas entendiam menos ainda o fato de não envelhecerem. Davam crédito à medicina, à alimentação, mas nunca passou por suas cabeças que tivera sido Tom o responsável por essa dádiva ou maldição de viver para sempre.

Hoje ele vai descansar e amanhã se preparar para poder encontrar um dia em que tudo isso terá um fim. Mas hoje não, hoje ele vai se esforçar para dar vida eterna a mais um amor que durou o suficiente para começar todo o processo. Foi-se o dia, nada mais.

Essa era sua sina. Se apaixonava a cada estação na tentativa até agora fracassada de tornar eterno aquilo que ele sentia em um momento mágico...

(continua...)

07 fevereiro 2010

Coisa de nossa cabeça (Projeto Telefone sem fio)


São Paulo parada. Nenhuma via dava acesso, como sempre. Todos estavam querendo chegar em casa. Tudo consequência das chuvas que não cansavam de castigar a grande metrópole fazia algumas semanas seguidas.

Em meio a todo esse caos estava Bianca, Bia para os mais íntimos. Bia voltava para casa com a tranquilidade de quem está a passear por um parque calmo cheio de árvores e muito verde, ou seja, o semblante comum dos transeuntes das grandes cidades. Um ar de avoada, comum a quem parece não ser deste mundo. Estava vivendo mais nesse mundo do que ela mesma gostaria de admitir.

Mora sozinha desde que sua mãe faleceu e agora só recebe algumas visitas da tia, irmã mais velha de sua mãe. Visitas essas que tinham muito mais interesses por parte da tia e Bia se via cada vez mais afastada da única família que havia lhe restado.

O fato é que nossa amiga errante trazia consigo uma tranqüilidade que assustavam até os acelerados a sua volta. Do restaurante que trabalhava como garçonete pegava dois metrôs ela já estava na porta de casa. Era sempre o último horário e estava quase sempre sozinha.

Uma noite voltando para casa, esperando seu metrô, Bia percebeu a existência de uma cia estranha nesta noite. De alguma forma ele lhe parecia familiar. Acenou com um levantar de sobrancelhas e com esse gesto sentiu como se tivesse feito algo automático mas que de alguma forma, naquele momento, lhe trazia também à Terra. Veio a tona então que este ser, que esperava também sua mesma condução, vinha fazendo isso a pelo menos uma semana atrás. Bia nem tinha se dado conta de sua presença até então. Sentaram um de frente para o outro e acabaram iniciando uma conversa. Isso se deu por mais alguns 3 ou 4 dias até que ela soube seu nome, Max.

Queria ela que sua viagem demorasse para que pudesse ter um pouco mais do que conversar com essa pessoa que parecia gostar de passar o tempo com ela. Seus dias se transformaram em noites. Noites estas que se resumiam apenas no final do expediente que vinha para lhe tirar do transe do dia a dia.

Conversas sérias, risadas, um amigo que ela nunca teve. Os problemas que a cidade vinha sentindo ficava cada vez mais longe dos seus e agora ela se concentrava em descobrir como não perder isso que tinha encontrado. Ele era um rapaz que agora chamava muito mais a atenção dela do que quando se conheceram. Ter ele por perto era como se sentir em casa. Quando ela pensava nesse momento dos dois juntos era uma forma de ser transportada para uma lembrança que ela gostava de ter e saber que era compartilhado.

Não sabia seu telefone nem forma alguma de contatá-lo além de seu primeiro nome. Não sabia também se esse nome era verdadeiro. Não conseguia tomar a iniciativa de perguntar mais sobre ele. A internet, tv, rádio anunciavam o fim das enchentes e das chuvas que não cessavam. Mas Bia não se importava pois hoje seria o dia em que ela iria arriscar saber mais sobre esse novo companheiro de viagens.

Depois de comprada a passagem foi ela esperar na estação. Seu companheiro parecia atrasado desta vez. Sua hora chegou e por fim ela sentou em seu lugar, indo pra casa sem ele. Nos dias seguintes o mesmo se repetiu. As mídias anunciavam que as tempestades tinham ido embora e São Paulo não viveria mais por enquanto os alagamentos nem super congestionamentos que parava a cidade. Bia desde então não encontrou mais seu amigo. Se encontrava novamente sozinha na estação todas as noites. Hoje todo dia que chove ela sai mais cedo na esperança de um dia voltar a encontrá-lo passando em frente a estação. Suas lembranças agora a levavam para uma casa do qual ela não gostava de estar.

Nunca havia falado dele para ninguém. Talvez assim ninguém a chamasse de louca ou pensasse que foi coisa de sua cabeça... mas afinal, como poderia deixar de ter sido?

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Gostaria de agradecer à Soledad por ter aceitado participar desta ideia.

A ideia: Ela fazer um ilustra (este que está no topo do post) e depois eu escrever um conto/poema inspirado no mesmo.

Agora será feito o mesmo mas em tempos inversos. Eu farei um conto e depois ela fará um ilustra sobre. Vamos ver como vai ficar. :)

05 fevereiro 2010

Cadarço

Saberia dizer mais de uma vez o que se passa na cabeça de milhões de pessoas mas não o que se passa em sua própria. Sentia falta de não saber como ser doce com os seus próprios sentimentos. Queria entender porque o dos outros lhe parecia tão belo, ingênuo e colorido quando o seu era só mais uma forma estranhada de se sabotar e se esconder atrás daquilo que nunca soube dizer exatamente o que era. Era feito de pedra ou era feito de apostas.

Contava os dias que não esperava nada ao seu redor: ônibus, carinho, solidão... "Era mesmo feito de pedra" pensava ele. Amigo era aquele que estivesse disposto a contrariá-lo infinitamente a ponto de cortar laços. "Laços feitos de apostas"

Laços, algo que não sabia dar, mas sabia desfazer. Engraçado como sobre um pé pode haver tantas metáforas e não ajudar a entender como tirar o fedor do suor de se estar tanto tempo fechado com seus fungos.

Fungos, isso sabia cultivar. Usava contra os outros sim, mas já tinha tanto em volta que era contaminado e causava em si tanto dano como tal. Era pra ser defesa, mas era agora sua única forma de tocar.

O mais belo dos sentimentos não podia nascer em si. Era proibido, seria vendido e de quem iria comprar? Tinha tanta boca, tanta sombra que o sol lá fora doia não só os seus olhos mas a sua alma pela falta do que não tinha. Era feito de livros, filmes e solidão. Tinha medo do cobertor.

Certa feita foi abatido como presa fácil. Nunca mais vontara pela mesma rua, ônibus, escada... todos passavam pelo mesmo lugar e tudo era agora tão pequeno que ele teria que se acostumar a trocar espaço com uma bomba relógio. A cada dia sentia mais medo, mais dor, mais do que a bomba poderia em vida causar. Pois essa era a sua cina, sofrer o máximo que pudesse.

Estava sendo muito bem sucedido quando se viu traído pelos seus fungos. O mofo começava a ganhar cores diferentes, o que era sombra virou aliada. Aliada contra si mesmo. Tentando voltar a ser como era, voltar as horas do relógio-bomba. Mas já era tarde demais, algo tinha acontecido e sobre todos os seus pés e falsos cognatos, um mar de dúvidas inundou sua colheita defensora. Um profundo sentir, furtivo aos olhos de um atendo demais. Nascia em si então o que o seu delírio antes costumava chamar de cegueira.

04 fevereiro 2010

Passatempo


Torna trecho, torna turno
Hora vai, hora vem
Torna tudo, taciturno
Hora tem, hora nem
Torna terno, torna forno
Hora meu, hora seu
Torna tenro, torna torno
Hora estábulo, hora liceu
Torna trenó, torna trena
Hora rena, hora trem
Torna eterno, torna teima
Torna torto que por hora entretem

Favorito



Clico em você na confiança
Na minha estante divagante
Sem saber o porquê da aliança
Meu instante delirante

Fiz por puro comodismo
Para ter sempre a vista
Se torna agora meu abismo
Meu divã, analista

Meu ícone por acaso
Minha visita diária
Meu favorito guardado
Meu segredo quadrado

24 janeiro 2010

Imperfeito

Visto você vindo
Fico fácil fervente
Tendo tido tudo tinindo
Corro contra corrente

Sonso som só
Fosse feito fosso
Que come quase quanto quer
Da dádiva do desconhecido
Ao ar árido agora abismado

Ontem outros olhos
Que controlavam quatro cantos
Hoje habitat hostil
Entregues entre escolhas
Donde da dúvida de despistar
Só sei saborear

20 janeiro 2010

Ele foi apanhado por uma vontade imensa de chorar, mas não conseguia. A única vez que ele foi feliz em chorar foi com ela, e talvez ele não sentisse que devesse manchar seu quadro com essa reação (que até o momento não tinha sentido mais) que tivera se tornado tão bonita desde então. O problema é engolir sozinho quando se esperava poder sempre dividir com ela tais coisas,... mas essa coisa, agora, era só dele. Falta de ar, calafrio. Mal sabia ele que para sua cura bastava um telefonema.

19 janeiro 2010

Original do rascunho

Queria escrever um rascunho pra poder depois arrumar e fazer algo melhor. Acontece que a mania de voltar e ler de novo é agora uma forma de mentir sobre o que havia escrito. É como tirar uma foto e arrumar no photoshop ou como dar conselhos.

Meu rascunho foi escrito tal como deveria ter sido. Não tirei nem coloquei nada que não fosse do momento. Agora, eu tenho momentos em que começo a ensaiar um arrependimento. Mas por que será que me arrependo? Será que é por que eu consegui colocar mais de mim do que gostaria ou por que vejo erros que não podem mais ser corrigidos uma vez que foram já publicados e lidos?

Escrever, viver, falar, são formas de colocar o dedo. Algumas vezes a gente tem a oportunidade de mexer no que já foi feito. Outras vezes temos a oportunidade de só arcar com as consequências, sejam elas boas ou ruins. Eu sei que dá vontade de voltar e querer consertar, mas agora eu estou mais interessado em ver e sentir o que um erro pode arrumar.

10 janeiro 2010

Uma breve história do meu tempo

As vezes me vejo em um filme. Mas não um filme qualquer, desses que passam na TV ou no cinema. Me vejo em um filme sobre a minha vida. Já houve momentos em que eu imaginava esse filme como sendo um filme da minha vida atual, eu como um telespectador. Mas não mais. Hoje eu vejo como se fosse um filme antigo, em preto e branco. Como se eu estivesse participando do meu passado. Como se eu, lá no futuro, fosse capaz de voltar no tempo e viver novamente os momentos que eu tanto quero lembrar.

O engraçado é que essa mudança de perspectiva sobre esse filme que eu vejo me fez viver a vida de uma forma bem diferente. Não é que eu pense que é destino as coisas terminarem iguais como uma vez já foram. É que como tudo já aconteceu, eu agora voltei e resolvi vivenciar um filme que foi feito sem mim.

Mesmo ele sendo em preto e branco eu o vejo muito mais colorido. Dou agora cores para o que antes eu chamaria de formas. Um novo mundo de expressões, emoções e distâncias foram tomando conta aqui dentro.

Tudo tem um começo e fim, mas também tem um meio. O meio é o que nos faz. O começo é o que não tem discussão e o fim, bem, o fim acaba sendo o grande mistério, aquele que é pretensioso e capaz de, em muito momentos, tomar conta daquilo que você foi e daquilo que você poderia ter sido.

09 janeiro 2010

Mantra

Um tira, a razão
Um tira a razão
Uma tira sem razão
Uma tira, sem razão

23 dezembro 2009

Quem saberá?

Gosta de fatos
Gosta de gatos
Gastos escassos
Gatos de laços
Uns tem nossos traços
Outros, abraços

Um fala de dentro
outro do lado de fora
o que era lamento
não mais é agora
se um erra
o outro adora
fora, um beijo doce
(que a libido aflora...
um álibi?
antes fosse)
dentro, gosto de amora

19 dezembro 2009

Lavagem

Fundo
Fundamento
Fundos
Fundação
Manda
Mandamento
Manto
Mantimento
Sento
Sentimento
Lama
Lamento
Cabe
Cabimento
Aparto
Apartamento
Rego
Regimento

Capricho

Mesmo que os pássaros não cantassem mais
Ainda que o sol não me aquecesse
Eu a teria ainda como a maior falta
Eu a teria como prioridade

Provei da sinceridade o sabor
Pela manutenção da minha sanidade
Tomei do cálice do amor
Pra cegar minha dor

Você nos braços de outro ser
Me vejo enlouquecer
Sem a sua
Devanecer

Nem seu amor por mim é meu
Nada é
Ainda sim, sinto como se fosse
Seu gosto doce

De dentro coisas estranhas
Vento frio das entranhas
Tudo tem um novo aspecto
De um outro espectro

O que faz ou deixa de fazer
A minha vida perecer
Não é o fato de você compreender
Mas do que vem a ser

14 dezembro 2009

Força de expressão



Me reservo no direito
(cada um na sua)
Me reservo do direito
(pra fazer errado)
Me reservo em casa
(e não ter nem a caça
muito menos ser caçado)
Me preservo intacto
(inato)
Conto contratos comuns
Defiro aos diferentes
Amigos escolho pelos dentes
(pra parecer mais normal)
O resto, mato a pau

Algum dia talvez eu pague
(até agora nunca ninguém pagou)
Quem sabe eu aprenda
E caia à(a) venda
Alguém me compre
(me mostre que o homem se corrompe)
Meu mestre me faça dormir
(e no sonho finalmente sorrir)

O que sei é que nada disso acontecerá
Porque do passado não aparecerá
Nenhuma história nova
Só se alguém disser
Que naquela cova
(contendo nenhuma prova
só uma vida partidária)
Tem que haver reforma agrária

13 dezembro 2009

Aquilo que não é

Não sinto falta
Não sinto calma
A palma
Alma

Não te amo mais
Não tenho fome
O homem
Capaz

Dividido nada
Vivido tudo
Uma fada
Casulo

De fora pra dentro
Sabido, lamento
Um Sonido
Silêncio

Quanto menos pôr
Mais longe
Um amor
Elefante

Forte o bastate
Pobre falante
Um achado
Passado

07 dezembro 2009

Sobretudo

Queria um lugar para deitar
Bebia pra não ver o tempo passar
Passava a beber para sonhar
Sonhava com um sonho bom
Pensava que precisava saber
Sabia que precisava pensar

19 novembro 2009

Cinzas

Sobre o saibro sóbrio sobra sabre
Tralha de uma batalha grisalha
Mangue de sangue, um bang-bang
Épica época hípica
Nenhuma haste em contraste que baste
Já era hora de amora
Espíritos a espreita
E a mera mira que no muro mora
Agira agora como um angorá

08 novembro 2009

Contra-bando

Com medo eu suavisei a morte
Com um dedo eu avisei a sorte
Que do corte inerte
Havia sangue vermelho
Vermelho bem forte

Me chamam de sério
Talvez eu até seja
Eu não me importo
(De certa forma)
Então que não me veja

Pois quanto mais eu corto
Mais ela almeja
Seja sangue vermelho
Seja sangue cereja

Abria no peito
Sobrava nos ombros
Dizia sem jeito
"Na vida dois caminhos
Mas nenhum é eleito"
Abria ferida
Fazia desfeito

01 novembro 2009

Em segundos...


Em um segundo eu quero um quarto que tenha um cesto com um terço seu.

Extra temporal

Em meio a tanta luz não sabia onde olhar
Era como vários tipos de flores no pomar
Sabia que era difícil se concentrar
Escolhia uma só para oferecer ao mar

Não sabia ao certo por que apenas uma
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser

Claro que era estranho
Ele não era desse mundo
Vinha de outro lugar
Deste, não estava a par

Ficava mais fácil de seguir
Comer o pão ao invés de sair
Comprar ou vender
Não via como desobedecer
Era estranho mas sempre foi assim
E assim é que tinha que ser

Era deselegante
Era falante
Era errada
Errante amante

25 outubro 2009

Um nome

Ela tinha o nome que escolhia. A verdade é que ela tem vários nomes, ou um nome só e vários significados. A partir do momento que ela se via sozinha adotava um novo nome. Aquele que cabia mais fácilmente não era escolhido. Tinha que ser apertado... ou largo demais. De fato, os que não coubessem ela fazia caber. Podia ser rotulada como uma estilista de sentimentos, nomes, vontades...

A medida que usava um novo nome se via desfigurada. Mas a verdade é que ela experimentava o que a vida lhe dava mais do que qualquer outro. Tinha o tino pra saber a hora de sair e a hora de entrar. Vinha sempre sozinha, mas acompanhada de tantas outras, mesmo que sejam todas ela, que qualquer um se dava por satisfeito com apenas a sua presença.

Vigia os comportamentos dos outros, seus nomes e suas vestes. Cada pedaço de conhecimento do mundo lá fora tinha gosto de algodão doce. Ela era viciada nisso e não escondia. Dar um nome pra ela é como vestí-la. E é engraçdo como ela veste qualquer um que você dê. Sabe onde retocar, e o faz com um estilo próprio.

Ela andava desapercebida. Com um guarda-roupas cheio. Era difícil não se apaixonar por ela, pelo seu jeito de vestir, seu modo de andar e seu silêncio. Agora mesmo ela não estando mais sozinha, ainda troca de nome. De acordo com ela é uma estação. Vejo seu desfile a cada dia e tem sido umas das poucas coisas que me fazem feliz de participar.

23 outubro 2009

Do início ao fim






Da vontade, o cansaço
Do bom senso, o lenço
Do amigo, a mão
Do orgulho, escorregão
Uma sombra, dois irmãos

Do afago, a ilusão
Da ternura, obrigação
Do escondido, uma luz
Um céu, dois azuis

Do prazer, a dívida
Do amor, a dúvida
Das minhas às suas
Uma palavra, duas linguas

27 setembro 2009

Contagem

De dia uma vida à frente
Cheia e diferente
É saída, nascente

De tarde uma vontade imensa
Que arde uma saudade tensa
Quem vê, sabe, pensa

De noite uma lista longa
Quem sabe o que ela conta?
Amanhã a gente apronta

15 setembro 2009

Retalho

Cabia dizer sim
Sabia dizer não
Via tudo de longe
Via de uma mão

De perto era belo
De modo furtivo
Desperto e leve
Desnudo e descabido

Senta forte
No meu calo
Senta, calado!
Não me calo!

Sabia dizer sim
Cabia dizer não
Via de um só modo
Modulação

12 setembro 2009

Culpa

My Dear Mountain,

             Foda é saber que você tá longe e descobrir que, ainda sim, esteve agora a mais próxima de mim que nunca. Escrevo essa carta não para te fazer acreditar, e sim me fazer entender que bastou a gente dar um passo pra busca pelo outro se tornar eterna contra a busca de desinteressantes/desinteressados.
             Queria ter a certeza, mas ela só me fez deixar as coisas pra trás. Então eu só quero ter a dúvida e a dívida de me/nos dar aquilo que é de direito nessa porra de vida. Ainda não sei se te agradeço ou te puno por me mostrar a "sujeira" por de baixo do tapete... De qualquer forma, somos culpados.

10 setembro 2009

Quem é ela?



Quem é ela? Quem é ela?
Se esconde, se esconde
Atrás da janela!

Talvez eu não tivesse procurado
Talvez não fosse o momento
Talvez ela tivesse me achado
Mesmo eu aqui dentro

Talvez eu a convide
Talvez ela aceite
Talvez a gente se encontre
De uma forma diferente

Talvez doa pouco
Talvez doa muito
Talvez só descubra
Se for mais a fundo

O que é isso? O que é isso?
Tome cuidado, tome cuidado!
Pode ser compromisso

Talvez compre uma bicicleta
Talvez case com ela
Talvez sejamos felizes
De uma forma indiscreta

Talvez seja carinho
Talvez algo mais
Talvez uma forma de dizer
Do que pode ser capaz

Talvez ela vá embora
Talvez não
Talvez a tempo perceba
Que nada foi em vão

Cadê ela? Cadê ela?
Não vejo nada, tudo escuro!
Traz uma vela!

Talvez sinta falta
Talvez mude de cor
Talvez a gente descubra
Como sarar essa dor

Talvez eu não soubesse
Talvez fosse paixão
Talvez ir embora
Não seja dizer não

Talvez eu me esconda
Talvez veja melhor
Talvez não lembre
Dessa vida de cor

Quem é ela? Quem é ela?
Se esconde, se esconde
Atrás da janela!

08 setembro 2009

Minimalista

Pedindo o mínimo eu tive tudo
Pedindo o mínimo vivi mudo
Pedido mínimo submundo
Pedido e tido, submudo

Incrível como sou capaz de me surpreender
Incrível como sou capaz de surpreender
Incrível como sou capaz
Incrível como sou
Incrível como
Incrível!

28 agosto 2009

Reflexos a sós


Se eu pudesse com fotos pintar meu passado
Traria você pra mais perto de mim
Se eu pudesse com fatos contar meus segredos
Trairia a todos com o meu medo

Só agora eu deixei você entrar
Trocar a estante de lugar
Só agora eu fui sincero
E disse que você é o que eu quero

Tive chances de estragar tudo
Mas não pude assim fazer
Pois negar que era oportuno
É dizer que não foi um prazer

23 agosto 2009

Troca


- Onde está aquela sua magia de antes?
- É, ...naquele tempo você não me conhecia.
- Então quer dizer que o desconhecido trás glamour?...
- Sim.
- ... e o conhecido, vazio?
- Não.
- Então o que quer dizer?
- Não quero, é você que sempre o faz. Eu falei e você disse.
- Hum, ok. Ficou triste por eu ter dito que você estava sem magia?
- Não, até porque, você não disse isso. Afinal, não saber aonde está aquela minha magia de antes não caracteriza que eu esteja sem alguma magia, certo?
- Hum... certo(?). Acho que fiquei sem graça agora.
- Pois então saiba que se assim estivesse não estaria conversando com você.
- Algum problema em eu estar sem graça?
- Todo. Pois que graça teria? :)
- hahahaha, engraçadinha!!
- Justamente. :P
- Acho que encontrei a magia.
- É, talvez ela não estivesse perdida em mim e nem em você.
- Como assim?
- Eu penso que a magia não está em nós, e sim entre nós.

08 agosto 2009

Ex-pirita marca dor

O que me faz esquecer
É o que me faz lembrar
Antes eu pensava em agradecer
Hoje quero celebrar

E da vontade de ser interessante
Caio na armadilha do mundo
Vendo meus direitos com medo
Devendo dívidas de dúvidas de outro

Sigo o que for mais incerto
Na certeza de me enganar
Crio histórias antigas
Pra pedra eu saborear

Daqueles que eu não esperava
Um conselho veio a calhar
De ser um verdadeiro amante
Mesmo sem ter nada pra amar

29 julho 2009

Recusado

No tempo de sair
nem pude reagir
no tempo de voar
nem pude decolar

Sai do rascunho
Virei forma feita
Abri um vinho
da outra colheita

Prometi a mim mesmo
Abracei meu legado
Recusei de primeira
Mesmo impressionado.

18 julho 2009

Solidez

Chorar não é se demonstrar sensível, mas sensíbilizar o demonstrável.

08 julho 2009

Impedido


Era um pedido de despedida
uma vontade de não ir
duas mãos acenando
uma chuva se armando

Fiz um pedido à nossa senhora
um contrato e uma penhora
pra dizer aos que foram
- Não prolonguem a demora

Fico à espera da volta
comendo aquilo que sobrou
na cabeça descabida
ainda guarda o que sou

Devia mesmo era parar de pedir
não esperar nada de ti
reprimir meu medo de perder
coragem do erro cometer

05 julho 2009

Trivial

Tento tanto até que me tentem
me meto no mito no meio do mato
canto o quanto quero em qualquer canto
visto a veste vasta à vista
ser caro como clero
claro que quero

01 julho 2009

Elástico

Queria fazer um comentário
pôr você no meu inventário
te pegar no conto do vigário
te cantar tal qual canário

Não sei como isso foi aparecer
essa idéia de me esquecer
mas saiba que um dia
de verdade vai acontecer

Olhos de fora me vêm apático
olhos de dentro falam verdade
não quero parecer dramático
mas de você eu tenho saudade

-------------------------------

Escrito graças ao post da Carol :)

24 junho 2009

Quarto vago


O fato era que os dias começaram a se parecerem demais
O tempo de algum modo estava indo para trás
Tudo era já conhecido
Era pra ser estranho
Mas já tinha sido

Palavra por palavra
Tento escapar da mesmice
Boicotar a babaquice
Catar o que caísse

O mesmo papo
A mesma conversa
Não é possível
Não é conversável
Nem conversível
é previsível

Não precisa ser vidente
Nem ser inteligente
Se já não tinha estrela-cadente
Meu futuro era evidente

18 junho 2009

Vista grossa


A gente era só intriga
e na hora de se entregar
na íntegra
só um não pode integrar

Se você soubesse a falta que me faz
de ter um caso pra correr atrás
do medo de perder
do seu beijo com um quê a mais
ter, perceber
me ver capaz

Mas tem um pouco que não volta
um pouco que não faz falta
um ritual teimoso
de você ser a contralta

Talvez nem eu saiba
de onde a falta vem
só não quero que aqui caiba
com o que já contém

12 junho 2009

Mutualismo


Um frio por toda parte
Uma vida que imita a arte
Um sopro de solidão
Um suspiro que vem de marte

O meio entre nós
Se torna um algoz
Dia a dia, fato a fato
Era ditongo agora hiato

Um frio por toda arte
Uma vida que imita uma parte
Um sonho sem ilusão
Um topo sem aste

12 maio 2009

faz de conta


- "Tem um ditado que diz assim..."
- "Posso te contar um segredo?"
- "Eu sei, eu entendo..."
- "Fui eu!"
- "Não fui eu!"
- "Como foi seu dia?"
- "Oi!"
- (silêncio)

As vezes a gente só quer ser aceito.

06 maio 2009

Campo-divisão


Aos 10 anos ele sabia o que queria
Sabia que ia crescer
Sabia o que ia fazer
...As vezes não queria saber

Foi se auto-consultando
de cima do telhado
Investigando as estrelas
uma a uma, lado a lado
que ele viu de uma só vez
o que antes não tinha olhado
diante da sua tez
seu destino mal criado

Mal criado coletivo
do montante ativo
incolor massificado
carne de gado

Se já com essa idade
de longe o mais sabido
de perto mais um perdido
solto na cidade

Viva! "de agora em diante..."
"assim é que se faz!"
"daqui pra frente..."
"é agora ou nunca mais"

26 abril 2009

Abertos demais


Mundos diversos
bancos dispersos
um ônibus, uma janela, um bar
outra vida, outro olhar
caso optado
surdo ou calado
fatos de um lado
livros do outro
sinto-me solto
pouco envolto

Dos poros chorei
a culpa do direito
direitos da lei
de tudo que vi
do preço da escolha
seja o for, percebi
que pra consertar os olhos
a gente precisa fechá-los.

21 abril 2009

Sem título

A inspiração não vem de mim, eu a moldo. Engraçado perceber isso, mas é assim que é. Eu me vejo como um catalisador das coisas que leio e das novas associações que faço quando dou a sorte de me encontrar com combinações de fatos e notícias que antes a mim foram ignoradas. Fico muitas vezes esperando que algo aconteça. Esperar..... essa tem sido uma das minhas melhores façanhas ultimamente. Não que eu tenha esperado com paciência, sabedoria ou por opção, mas sim por enganação. Sim, um bom mentiroso, daqueles que mentem com medo da verdade. E quando ela chega me torno um ladrão, que rouba a verdade e tem a audácia de colocar em troca algo de menos valor para que a falta seja substituída pela loucura.

27 março 2009

Metadentro


Música alta nos fones de ouvido - começo a andar.
Minha vida parece ser um clipe infinto que só cessa quanto aperto o pause do tocador - aumento o volume.
O silêncio interrompe de uma faixa pra outra - atravesso a rua.
Um show visual que insiste em me tirar do meu mundo - mudo de faixa.
Volto pra casa e a única coisa que me acompanha hoje é a minha incerteza e o desejo de ser surpreendido pela música do meu celular me chamando pra sair - tiro a roupa.
Entrego meus desejos e anseios à água quente do chuveiro - deixo o rádio ligado.
Seco meus sonhos, escovo meus dentes e durmo... sem música.

11 março 2009

Guerra fria

Trago a S.I.D.A
Ávida por um corte
Trago a vida
Ácida como a morte

Corre a droga
Cor de fundo
Tomo nota
Tom imundo

Todos têm
De mim dó
Sou mais eu
Enfim só

26 fevereiro 2009

T(C)úmulo da esperança


Era rica de lembranças
que sabia de cor
dos males o pior
vivia a se lembrar
morria pra esquecer
nascia pra celebrar

Desde que morreu
aquela que só era planejar
que não sabia que sabia amar
agora era sol à beira mar

O osso que assumira
o que mais ela queria
fora ócio dia a dia
no que nada lhe valia

Sentia na pele
aos olhos da cara
que como um espelho que repeli
a carne que era rara

Eu ainda a queria
toda forte
toda pra mim
era como dizia:
não era sorte
ela era assim
era como vivia
uma vida de morte
uma morte sem fim

03 fevereiro 2009

Gramafone

Sérios rostos
dia-a-dia
Seriado

Caros amigos
longa data
Cariado

Ares férteis
raros efeitos
Areado

02 fevereiro 2009

Som-neto

Falta valsa
Falta flauta
Falta alça
Falsa falta

Sinto indo
Sinto vindo
Sinto vinho
Vinho tinto

Faz de novo
Faz de conta
Faz de bobo
Bobo eficaz

23 janeiro 2009

O Espelho de Narcizo


Quero deixar claro o bem que me faz
E assim fazendo, te faço mais
Roubando pra mim o que cada pedaço trás
O máximo que sou capaz

Pra mim você é assim, séria e sincera
Apaga um pouco do que ninguém afaga
Compra caro sem ter o faro
Pule o que eu engoli

Seja abstrato ou um trato
não me corrói nem dói
Se eu a quisesse pegar
às minhas mãos ia faltar
E não é por medo que eu a preservo
é pelo seu poder que eu me enxergo

15 janeiro 2009

Cronodiálise

Estava ele sentado observando a vida alheia
onde sorriam os viventes e seus dentes
Estava ele calado vivendo alheio
quando alado corria ao lado

E ele cobra os que cobram
e sobra cobra na manobra
sobre cobre na mão nobre
"eles que se dobrem"

Ela beija do meu lado
eu a vejo e me beijo
ela julga minha fuga
então me prendo e compreendo
que não estava perto nem esperto
estava longe como monge
mais endereço do que pareço

Estava eu sentado observando a vida dele
onde dormiam os dormentes zen
Estava eu calado vendo o tempo
quando o quando era mais do que com quem

09 janeiro 2009

Outono



Enfileiradas de forma anômala
compartilhando a desordem do mundo moderno
abarrotadas de desinformação
compradas pelas orelhas
sendo conceituadas pelas capas
que no começo vêm maduras desde criança
folha por folha
e saem, em sua maioria, secas ou podres
são elas ... as palavras dentro das idéias
cada vez mais as primeiras contorcem as últimas
e ai você pensa
tudo isso é pouco... sempre é.

23 dezembro 2008

Meme

Fui indicado pelo http://sonhadoresradicais.blogspot.com/ [obrigado!]

Essa brincadeira consiste em:
1. Linkar a pessoa que te indicou;
2. Escrever as regras do meme em seu blog; [para alguns, sair da rotina é complicado]
3. Contar 6 coisas aleatórias sobre você;
4. Indique mais 6 pessoas e coloque os links no final do post;
5. Deixe a pessoa saber que você o indicou, deixando um comentário para ela;
6. Deixe os indicados saberem quando você publicar seu post.

Bom, sairá como um post meu "as coisas aleatórias sobre mim", o que vier na cabeça :) [vale o momento, então, quero nem saber]
  • Triste;
  • Dúvida;
  • Vazio;
  • Fuga;
  • Medo;
  • Preguiça.
Indicados:

[Vou deixar os 6º's para que apareçam nos comentários se quiserem] :)

Que a brincadeira com os que eu escolhi possa continuar. E sabemos muito bem que não se trata só de uma brincadeira.

09 dezembro 2008

Sem solução única

Amigo secreto mais presente é igual a vida menos só.

A gente complica o incomplicável, provado por absurdo.

O melhor da vida sempre vem em companhia.

Só vive aquele que pode morrer.

De tudo que foi dito, só vale a pena lembrar aquilo que não se pode esquecer.

07 dezembro 2008

Conversa fiada

Tem uma coisa, que não é bem uma coisa, é um sentimento.
Que passa a ser sentimento quando se expressa, não pelas palavras, mas pelos poros.
- ...A coisa só é sua, quando você sua!
Você perde a noção do tempo e passa a sentir em vez de fazer qualquer outra coisa.
- ...A gente só perde tempo nas nossas vidas quando paramos para percebermos o-tempo-que-estamos-perdendo-em-nossas-vidas.
É justo quando você pensa no que pensa que a coisa foge. E fica o nosso controle, o nosso plano, a nossa mente. Tudo normal, patético. Hoje temos muito mais conhecimento, mais patologias, sabemos identificar muitas coisas... eu não as queria identificar. 'Fale sobre você'. Fale-me você sobre mim, ou melhor, faça alguma coisa. A gente se conhece mais com o tempo?! Posso dizer que eu sou eu desde que fui eu até quando me conheci. Desde então, não mais.

27 novembro 2008

A Corda



Sem que se desse conta
ele pôs-se a contar...
tem quem lhe desse corda
desde a hora de acordar

De noite e de dia
colava no encarte
tinha medo da vizinha
tudo era arte

Um era de lua
Outro era de marte
Amigos de rua
vindos de toda parte

Foi passando
Foi passado
o futuro
papo furado

Tinha tempo
agora é gastado
caso fosse franco
teria gostado

A vida te furta
O laço é forte
A corda é curta
A missão, cumprida

18 novembro 2008

Falência anônima


Calço um sapato
Calço em falso
Cálcios fartos

Passos largos
Passo o dia
Passo em falso

Contra os prós
Contra um conto
Aumento um ponto

20 outubro 2008

Palavras não-ditas

Essa hora tinha que chegar
Enfrentar todo o pessimismo
Achar que o mundo vai acabar
Ver a euforia como paz
Trocar o certo pelo incerto
Sentir medo por sentir medo
Salvar o dia com a frase
Se importar até com a crase
Doer de tão exagerado
Doar de mão-beijada
Calar na hora mais gritante
Gritar na hora mais calante
Delegar a outro uma tarefa mais elegante
E ficar com a mais desconcertante
Ter outros olhos para amar
Amar outros olhos para ter

17 outubro 2008

Era glacial


Era palavra, razão
era um nada
mas eu não a conhecia
e ela padecia

Era pálida, vaga
era um 'não'
tinha sentido
mas não direção

Era presente, diferente
era vida
tomava conta
de ponta-a-ponta

Era muda, mudo
era medo
tudo casual
era glacial

29 setembro 2008

Vice-verso



Já me doei de peito aberto
Me doeu por completo
Já fui direto no caminho certo
Pra ver de perto meu deserto

Já me fiz de inconsciente
Na frente de muita gente
Inventei um monte de lente
Que sente de forma diferente
Mas que ainda me deixa carente

Faltei com atenção
Fiz como a tradição
Mofei na estação
E não vi a exceção

Cobri o feio com bonito
Calei a voz com um grito
E me tornei no havia escrito

24 setembro 2008

Eu vou, cativo

Abra a mente
Abracadabra
Cometa suicídio
Cometa Halley
Curta o pouco
Curta metragem
Vista algo
Vista cansada
Controle-se
Controle remoto
Sinta dor
Cinta liga
Vem sem medo
Ventania
Passe bem
Passeata

18 setembro 2008

Emoções


     Depois de 1h naquela varanda do prédio, Fausto sabia que não era um bom lugar para se esconder.
     Acabara de matar seu patrão com 11 facadas.
     - Estou de férias! Melhor assim.
     Neste mesmo dia, seus números de aposta foram sorteados na loteria e ele estava agora milionário.
     - Foi uma atitude exagerada talvez, mas com ele no meu pé eu não conseguiria usufruir desse prêmio - dissimulava Fausto ao se afastar da varanda e ir de encontro ao elevador do seu andar.
     Agora no elevador ele sentia o sangue voltar a sua velocidade normal dentro das artérias e esfriar.
     - Não foi a sangue frio que fiz isso, agora sim eu tenho uma prova disso.
     Estranhamente ele via que agora sim começava a sentir o ambiente a sua volta. Matar, para Fausto, parece ter aflorado sua percepção.
     - Preciso decidir pra qual lugar eu vou... hum, 7º andar por favor! - falava ele ao funcionário do elevador.
     Chegando no 7º andar, viu que boa parte do que ele lembrava de lá estava agora com cores. Se tratava do andar no qual trabalhava uma amiga dele.
     Cubículos separados, pedaços superiores das cabecinhas se movimentando salientes das separações secretariais.
     Loira, bem vestida e dedos que teclavam rápido. Esta era sua visão.
     - Poliana, será que você poderia me dar a honra da sua companhia numa viagem?
     - Fausto, você sabe muito bem que estou trabalhando muito ultimamente... Não posso!.. Talvez em um dia de folga, se é que ele vai existir. Quando você está planejando?
     - Amanhã... hum, poderia ser agora?
     - Você está louco? Tenho um aluguel pra pagar esqueceu? rs Além do mais, estou sem dinheiro.
     - E se eu te dissesse que amanhã será feriado?
     - Depois a gente conversa, tá?! Estou ocupada.
     - Então, calmamente Fausto se dirige ao seu cubículo, pega sua faca e volta até Poliana. 11 facadas. Todos ao seu redor parecem não esboçar reação: colegas de trabalho, faxineira...
     Fausto olha para a tela do seu computador e acorda.
     Tudo voltara ao normal. Seu MSN estava online, e ele ansiava pela oportunidade de mandar um emoticon.

29 agosto 2008

Gota d'água


Chovia lá fora.
Sobre o barulho das gotas caindo e do rádio tocando baixinho estava a voz dele ecoando em sua cabeça. Ela agora sabia que esse som ia durar mais do que ela gostaria.

"- Eu te falei. Você fica triste quando chove."

Apesar dela saber que isso era verdade, ainda veio em forma de dor.
Como a maioria das pessoas, Sofia achava que ser triste era errado. Então Sofia, só e fria, sofria ainda por ser triste. E sendo triste por ser triste ela não sabia como fazer parar... de chover.

- O que ganharia tentando provar o contrário? - questionava Sofia ao olhar pela janela, a chuva que insistia em deixá-la triste.

- Uma vez eu até fiquei feliz por chover. Mas logo depois que começou a chover eu realmente acho que me entristeci. Seria eu uma pessoa que fica feliz quando está triste?


A noite entrava pela madrugada, e Sofia sem perceber que era sua hóspede mais esperada, teimava em deixar seus pesamentos aonde era conseqüência e não a causa.

Fazia um tempo que ela estava imersa em tamanha tristeza. Sobravam perguntas e escorriam as respostas como a água da chuva que corria lá fora entre as pedras e telhas.

- Quando foi que tudo isso começou? Terá um fim?...

O som do rádio voltou a tocar, agora mais alto. Foi então que Sofia teve a resposta, mas era tarde agora. A chuva parou.

15 agosto 2008

Só brio


Sempre descrente
eu me via de frente
com minha mente
somada com a de tanta gente
escondendo o que sente
Então ao me contar esse fato
soube de imediato
era tudo contexto
de um pretexto
que agora contesto
em forma de protesto
Que eu não presto

E quem diria
Que justamente neste dia
Uma sombra enorme
de forma disforme
meio falsiforme
sumiria sem dar tchau
(como se nunca tivesse
feito nenhum mal)
atendendo minha prece
com toda pressa
vira vida impressa
o que era antes
dois amantes

04 agosto 2008

Os radicais livres no cesto do sentido

 

bolo, boleto

sono, soneto

corno, corneto

cia, cianeto

grave, graveto

traje, trajeto

complô, completo

ré, reto

15 julho 2008

Benedito




Maldito

Sóbrio erudito

Que me faz interdito

Calado e contradito

Desdito

...Bendito



De tanto intercalar

Deu calo de escalar

Agora eu que dito

Edito

E não acredito

No que foi dito

07 julho 2008

Palavra Chave: Capital


Uns compram livro
Livros compridos tão pouco lidos
Outros são mais radicais
Radicais livres comprimidos querendo ser engolidos
Os dois engordam uma ideologia
Os dos livros e os livres

Sentados sem ato
Cem atados
Um vai ao lado
O outro alado

E tem a peça branca que vem com traje fino
Olhos aos pés da letra
Na balada do assaz sino
É a vez das pretas!

Uma via sem volta
A outra nem queria olhar, mas sabia
Que lá no fundo, dos fundos
Fosse o que fosse
Fossa o que fossa
Era tudo vendado
Era tudo vendido

01 julho 2008

Longe de ser ex-perto



Foto: Martin Kenny



Se não fosse o doce, seria a foice e o coice

Se não tivesse a palavra seria só a lavra, ou ah lá, foi-se

Controverso àquele que é contra o verso

Tento de tanto falar inverso, universo, converso

Contanto que não seja tanto, tanto faz

No entanto, não pode pouco, porque não satisfaz

Contudo, tudo que nada pareça deve perecer

Sortudo é quem acrescenta sem estar a crescer

26 junho 2008

Semear



Vamos comentar
esquentar o cenário
Falar aos sete ventos
cantar como um canário
Ser doente por dúvidas
duvidar da saúde
Ter uma banda
tocar um alaúde
Brigar por um espaço com mais estrelas e planetas
Para que possamos trocar de mundo com canetas
Semear uma boa horta
Comer uma boa torta
Reciclar a vida morta
Bater à nossa porta
E ver como a gente se comporta

25 junho 2008

Ação de cor



Um doador de coração
Daqueles sem medo
Sabe de cor a ação
Que entrega logo cedo
um sabor de intenção

Faz raiz na vida inerte
Surpreende e se diverte
Mesmo sem um solo
Toma conta toma colo

Um doa a dor do coração
E perde a cor da vida
O outro perdoa a ação
Mesmo que doa a dor da ida

12 junho 2008

Criador

Assim eu te inventei
Era usado, sem passado....
Coube a mim caçar uma glória
Coube em mim ao calçar sua história

Sabia o que não queria
Não queria o que sabia
Experiência, essência... um preço
Cria dor, medo e um berço
Que não tive sequer um terço

Depois sem nada
debaixo da arcada
Eu prego de aliado
Com seu credo martelado
E me vejo sem avós
Só o som da sua voz
Que ora a frase, orador
Hora é a cria hora criador

06 junho 2008

Migalhas



Eu ainda tenso em você
Te vejo mesmo que não me beija
Quanto ao que sinto no momento
está exposto o oposto
que não é do seu contento
mas é do meu gosto
mas no entanto, não é tanto
tanto que troco de amante
como tomo refrigerante

04 junho 2008

Descompasso



Dos passos que eu dei nesse sol
Devia ser falho meu solado
Dos laços que eu desfiz
Era pra estar desfiado

Das pedras do meu caminho
Esculpi o que ninguém via
Dos solos que eram meu ninho
Sobram brotos de nostalgia

26 maio 2008

Fala que abriga






Preso em papeis subscritos
Turvo em meio a tanta gente
Um povo que não dá mais gritos
Cada vez mais carente
Um dentro do outro na busca de si
Um pouco de cada no nada de todos
E na tentativa de se encontrar
Sobra o nome pra diferenciar
É Camila na fila de gente vazia
João que há dias não come nem um pão
Roberto sozinho no campo aberto
Carol pedindo esmola no farol
Jamil selecionado tal qual num canil
E Marcos diferente de Marina e Augusto, fica sem rima
Porque nem ao menos o poeta é justo.

17 maio 2008

Amor Irônico



Eu queria ter um amor de verdade
Desses de roubar o fôlego
Desses tão falados em músicas e poesias, inclusive esta
Encontrados nos momentos mais inoportunos
Desses incabíveis, mas real
Pois só assim eu poderia envelhecer
Só assim eu saberia dizer
Que apesar de tudo valeu a pena
E que aquilo que eu apostei em momentos errantes
Foi na verdade uma forma de reivindicar
A denotação da humanidade pro amar.

15 maio 2008

Dois amantes



Ele via a vida turva
Ela via uma curva
Ele tinha uma conta pra pagar
Ela tinha uma onda pra pegar
Ele mandava cartas pelo correio
Ela mudava as cordas do arreio
Ele compra flores
Ela nunca as teve
Ele tem dores
Ela tem amores
Ele achava ela linda
Ela achava ele lindo
Ele ouvia um CD
Ela o via ceder
Ele sobrava na festa
Ela soprava na testa
Ele sabia sumir
Ela sabia aparecer
Ele doava um pouco de si
Ela voava com um pouco dele
Ele queria ver a cidade
Ela queria uma saída
Ele esquecera como antes fora
Ela fora como a sua mente ira
Ele era vaidade
Ela sua vida
Ele era a verdade
Ela era a mentira.

14 maio 2008

Salva-vida



Guardei meus erros numa parte escura
E sobrou uma vida vazia
Na qual eu nada fazia
E eu só na janela jazia

Mas agora eu dava conselhos
Na balança os meus desejos
E então uma nova gente eu conheci

Me compravam por um preço mais caro
Da janela eu julgava as falhas das pobres calçadas
Então tudo foi faltando
E os ombros pesando

E nada mais valia
Nada mais cabia
E eu juntava tudo
Era hora de guardar

11 maio 2008

Devaneio



Me engano pra amar
Me calo pra dialogar
Fico atrás pra não atrapalhar
Fecho a tampa pra não transbordar
Uso azul pra alegrar
Invento um termo pra adequar
Vejo o certo pra não errar
Incluo sem conotar
Pra gostar de você e me contrariar



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