29 agosto 2008
Gota d'água
Chovia lá fora.
Sobre o barulho das gotas caindo e do rádio tocando baixinho estava a voz dele ecoando em sua cabeça. Ela agora sabia que esse som ia durar mais do que ela gostaria.
"- Eu te falei. Você fica triste quando chove."
Apesar dela saber que isso era verdade, ainda veio em forma de dor.
Como a maioria das pessoas, Sofia achava que ser triste era errado. Então Sofia, só e fria, sofria ainda por ser triste. E sendo triste por ser triste ela não sabia como fazer parar... de chover.
- O que ganharia tentando provar o contrário? - questionava Sofia ao olhar pela janela, a chuva que insistia em deixá-la triste.
- Uma vez eu até fiquei feliz por chover. Mas logo depois que começou a chover eu realmente acho que me entristeci. Seria eu uma pessoa que fica feliz quando está triste?
A noite entrava pela madrugada, e Sofia sem perceber que era sua hóspede mais esperada, teimava em deixar seus pesamentos aonde era conseqüência e não a causa.
Fazia um tempo que ela estava imersa em tamanha tristeza. Sobravam perguntas e escorriam as respostas como a água da chuva que corria lá fora entre as pedras e telhas.
- Quando foi que tudo isso começou? Terá um fim?...
O som do rádio voltou a tocar, agora mais alto. Foi então que Sofia teve a resposta, mas era tarde agora. A chuva parou.
15 agosto 2008
Só brio
Sempre descrente
eu me via de frente
com minha mente
somada com a de tanta gente
escondendo o que sente
Então ao me contar esse fato
soube de imediato
era tudo contexto
de um pretexto
que agora contesto
em forma de protesto
Que eu não presto
E quem diria
Que justamente neste dia
Uma sombra enorme
de forma disforme
meio falsiforme
sumiria sem dar tchau
(como se nunca tivesse
feito nenhum mal)
atendendo minha prece
com toda pressa
vira vida impressa
o que era antes
dois amantes
04 agosto 2008
Os radicais livres no cesto do sentido
bolo, boleto
sono, soneto
corno, corneto
cia, cianeto
grave, graveto
traje, trajeto
complô, completo
ré, reto
15 julho 2008
Benedito
Maldito
Sóbrio erudito
Que me faz interdito
Calado e contradito
Desdito
...Bendito
De tanto intercalar
Deu calo de escalar
Agora eu que dito
Edito
E não acredito
No que foi dito
07 julho 2008
Palavra Chave: Capital
Uns compram livro
Livros compridos tão pouco lidos
Outros são mais radicais
Radicais livres comprimidos querendo ser engolidos
Os dois engordam uma ideologia
Os dos livros e os livres
Sentados sem ato
Cem atados
Um vai ao lado
O outro alado
E tem a peça branca que vem com traje fino
Olhos aos pés da letra
Na balada do assaz sino
É a vez das pretas!
Uma via sem volta
A outra nem queria olhar, mas sabia
Que lá no fundo, dos fundos
Fosse o que fosse
Fossa o que fossa
Era tudo vendado
Era tudo vendido
01 julho 2008
Longe de ser ex-perto
Foto: Martin Kenny
Se não fosse o doce, seria a foice e o coice
Se não tivesse a palavra seria só a lavra, ou ah lá, foi-se
Controverso àquele que é contra o verso
Tento de tanto falar inverso, universo, converso
Contanto que não seja tanto, tanto faz
No entanto, não pode pouco, porque não satisfaz
Contudo, tudo que nada pareça deve perecer
Sortudo é quem acrescenta sem estar a crescer
26 junho 2008
Semear

Vamos comentar
esquentar o cenário
Falar aos sete ventos
cantar como um canário
Ser doente por dúvidas
duvidar da saúde
Ter uma banda
tocar um alaúde
Brigar por um espaço com mais estrelas e planetas
Para que possamos trocar de mundo com canetas
Semear uma boa horta
Comer uma boa torta
Reciclar a vida morta
Bater à nossa porta
E ver como a gente se comporta
25 junho 2008
Ação de cor

Um doador de coração
Daqueles sem medo
Sabe de cor a ação
Que entrega logo cedo
um sabor de intenção
Faz raiz na vida inerte
Surpreende e se diverte
Mesmo sem um solo
Toma conta toma colo
Um doa a dor do coração
E perde a cor da vida
O outro perdoa a ação
Mesmo que doa a dor da ida
12 junho 2008
Criador
Assim eu te inventei
Era usado, sem passado....
Coube a mim caçar uma glória
Coube em mim ao calçar sua história
Sabia o que não queria
Não queria o que sabia
Experiência, essência... um preço
Cria dor, medo e um berço
Que não tive sequer um terço
Depois sem nada
debaixo da arcada
Eu prego de aliado
Com seu credo martelado
E me vejo sem avós
Só o som da sua voz
Que ora a frase, orador
Hora é a cria hora criador
Era usado, sem passado....
Coube a mim caçar uma glória
Coube em mim ao calçar sua história
Sabia o que não queria
Não queria o que sabia
Experiência, essência... um preço
Cria dor, medo e um berço
Que não tive sequer um terço
Depois sem nada
debaixo da arcada
Eu prego de aliado
Com seu credo martelado
E me vejo sem avós
Só o som da sua voz
Que ora a frase, orador
Hora é a cria hora criador
06 junho 2008
Migalhas

Eu ainda tenso em você
Te vejo mesmo que não me beija
Quanto ao que sinto no momento
está exposto o oposto
que não é do seu contento
mas é do meu gosto
mas no entanto, não é tanto
tanto que troco de amante
como tomo refrigerante
04 junho 2008
Descompasso

Dos passos que eu dei nesse sol
Devia ser falho meu solado
Dos laços que eu desfiz
Era pra estar desfiado
Das pedras do meu caminho
Esculpi o que ninguém via
Dos solos que eram meu ninho
Sobram brotos de nostalgia
26 maio 2008
Fala que abriga

Preso em papeis subscritos
Turvo em meio a tanta gente
Um povo que não dá mais gritos
Cada vez mais carente
Um dentro do outro na busca de si
Um pouco de cada no nada de todos
E na tentativa de se encontrar
Sobra o nome pra diferenciar
É Camila na fila de gente vazia
João que há dias não come nem um pão
Roberto sozinho no campo aberto
Carol pedindo esmola no farol
Jamil selecionado tal qual num canil
E Marcos diferente de Marina e Augusto, fica sem rima
Porque nem ao menos o poeta é justo.
17 maio 2008
Amor Irônico

Eu queria ter um amor de verdade
Desses de roubar o fôlego
Desses tão falados em músicas e poesias, inclusive esta
Encontrados nos momentos mais inoportunos
Desses incabíveis, mas real
Pois só assim eu poderia envelhecer
Só assim eu saberia dizer
Que apesar de tudo valeu a pena
E que aquilo que eu apostei em momentos errantes
Foi na verdade uma forma de reivindicar
A denotação da humanidade pro amar.
15 maio 2008
Dois amantes

Ele via a vida turva
Ela via uma curva
Ele tinha uma conta pra pagar
Ela tinha uma onda pra pegar
Ele mandava cartas pelo correio
Ela mudava as cordas do arreio
Ele compra flores
Ela nunca as teve
Ele tem dores
Ela tem amores
Ele achava ela linda
Ela achava ele lindo
Ele ouvia um CD
Ela o via ceder
Ele sobrava na festa
Ela soprava na testa
Ele sabia sumir
Ela sabia aparecer
Ele doava um pouco de si
Ela voava com um pouco dele
Ele queria ver a cidade
Ela queria uma saída
Ele esquecera como antes fora
Ela fora como a sua mente ira
Ele era vaidade
Ela sua vida
Ele era a verdade
Ela era a mentira.
14 maio 2008
Salva-vida

Guardei meus erros numa parte escura
E sobrou uma vida vazia
Na qual eu nada fazia
E eu só na janela jazia
Mas agora eu dava conselhos
Na balança os meus desejos
E então uma nova gente eu conheci
Me compravam por um preço mais caro
Da janela eu julgava as falhas das pobres calçadas
Então tudo foi faltando
E os ombros pesando
E nada mais valia
Nada mais cabia
E eu juntava tudo
Era hora de guardar
11 maio 2008
Devaneio
Me engano pra amar
Me calo pra dialogar
Fico atrás pra não atrapalhar
Fecho a tampa pra não transbordar
Uso azul pra alegrar
Invento um termo pra adequar
Vejo o certo pra não errar
Incluo sem conotar
Pra gostar de você e me contrariar
20 abril 2008
Com versos a conversar

Sem você do meu lado eu me tomo a perguntar
coisas que aconteciam antes de você chegar
perguntas sem parar de um medroso a testemunhar
mais um belo olhar, mais um tolo a sonhar
E com você do meu lado eu não consigo perguntar
porque todas as respostas já vem antes do questionar
e tudo se resume no que não ouso pronunciar
O medroso vive me dizendo que não devo me importar
mas só o que faço é me deixar levar e replicar
e não parar de conjugar
nesse tempo que nunca vai parar
porque o que sinto não é de hoje
não é passado e nem trocado
É natural, é infinitivo!
12 abril 2008
Inversos

Sinto que não minto quando tomo do seu vinho tinto
Deito no leito do seu peito de qualquer jeito feito feto
Mas é por um triz, quase faz uma cicatriz no meu nariz
Que desse sonho enfadonho não me recomponho
Pois poucas são as roupas das loucas
Nos encontros tontos de contos sem pontos
05 abril 2008
Meio dobrado entre nós

Queria escrever um bocado
escrevi dobrado
dobrado num quarto
metade de um meio
meio sem nada
meio que num é quarto
Mas cá entre nós
cai entre nós
quando troco as palavras
e o troco do sentido
é sentido que mente
e a mente prega peça
mesmo que eu não peça.
26 março 2008
Previsão do tempo
Tempo pra escrever
Tempo pra pensar
Tempo pra contar
Tempo pra esquecer
Tempo de colher
Tempo de saber
Tempo certo
Tempo errado
Tempo perto
Temperado
Nublado
Tempos atrás
17 março 2008
Livro de cabeceira
Foto: Murilo Martins
Ainda fechada você se mostra
Na capa: dura, sem adornos
Uma orelha que tem resumo duvidoso
Mas ainda sim, é o que mais gosto
Eu tenho você antes de durmir
muito embora já tenha lido sua introdução
Me pego lendo-a como se fosse a primeira vez
Pois sempre me faz feliz lembrar o que atraiu
Livro aberto, momentos de beleza
Outros de tristeza
Capítulos inesquecíveis
Sonetos inaudíveis
Adio os finais com o coração a mil
Leio cada frase como se minha vida dependesse disso
E nada mais é estranho
Deixo os novos parágrafos pro dia seguinte
Porque essa noite seu pedacinho meu já rendeu outro sonho
09 março 2008
Prazo de validade

Te encontrei numa prateleira de supermercado
Uma embalagem meio sujinha, uma marca desconhecida
Validade apagada e data de fabricação suspeita
Meio sem dinheiro resolvi te colocar no carrinho
Mesmo assim eu te levei pra casa
Escondi no meu armário entre outras embalagens antigas
Mas toda vez que eu abria, você se destacava
E deste modo eu esperei a ocasião especial

Luz de velas, cheiro de massa
O aguardo do momento

Lá vem ela
O perfume vence a massa
O sorriso vence a vela
Com cuidado eu te tirei
Com cuidado eu te abri
Só me dei conta do quanto passou
Quando seu prazo eu descobri
Um encontro esperado
Esperado até demais
02 março 2008
drama

Sempre tem gente chegando e saindo e aqui dentro não há mais espaço pra você. Por mais que um dia tenha sido, agora não sei nem mais como é o seu cheiro, menos ainda como é você hoje. É um mural do passado que eu ostento. É um corpo nú que há tempos se mostra mais do que vestido pra mim, pra não dizer inexistente.
Tem um preço pra isso, eu sei, tudo tem. Mas agora foi paga a última parcela e não estou interessado em nenhuma forma de garantia.
27 fevereiro 2008
Perda insolúvel

Num cômodo o artista
no ladrão, malabarista
no fundo uma lembrança
na frente a esperança
Foi dos queridos a mais querida
sempre dotada dos meus acessórios
e, como se não bastasse, agora ferida
tratada sem cuidado e remédios simplórios
Um traço de mim
um braço sem ombro
um colo que abafa
meu perdiz no escombro
-------------
Patrocínio: [Divina Comédia]
06 fevereiro 2008
Promessa de rodapé

Vamos fazer uma lista
pode ser uma coisa mista
Uma em cada listra
Do título ao rodapé
(Só você sabe o que é)
De tudo que se quer
Vamos, não posso esquecer...
Fiquei de me organizar
Mas até agora só azar
E essa lista que não começa?
Vou fazer uma promessa:
Nunca mais invento uma coisa dessa.
27 janeiro 2008
Conjugação

Seria silêncio se não fosse a sua palavra
Seria culpa se não tentasse
Seria belo se não fosse o rancor
Seria pretensão se não fosse a sinceridade
Seria fome se não fosse a vontade
Seria pouco se não fosse a luta
Seria amor se não fosse o compromisso
Seria aquilo se não fosse isso
Seria programado se não fosse especial
Seria triste se não fosse real
Seria pela metade se não fosse você
-----------------
23 janeiro 2008
No meio do devaneio
...Sobretudo eu ainda penso que estou no controle, mas que controle será esse? Depois de um punhado de momentos desesperados e fraquejados eu insisto em me questionar sobre tal poder.
Talvez eu esteja pensando em me enganar, mas quando será que isso foi decidido que eu não participei? Olha eu ai de novo, acho que é instintivo, só pode.
- Ok, eu não estou no controle, tá bom assim?
- Tudo bem, mas eu também não perguntei nada!
- Engraçado como daqui de cima eu vejo tudo com mais clareza...
20 dezembro 2007
Sem posição

Talvez eu não escreva mais por não ter nada a dizer
Talvez eu ainda queira um pedido informal
Talvez um talvez não me livre de todo o mal
Talvez o medo de te perder me tome o prazer
Digamos que seja tudo isso
E que você não leve em conta
Digamos que veja encanto
Mas não compromisso
Quisera eu tirar o amargo de seu coração
(Que vem como a maré pra te levar a mais um final
Junto com piratas e seu arsenal)
E provar a doce maldição
Pode ser que a conta não esteja certa
Pode ser que o tempo não mereça muito
Quero ver se o seu sorriso
Me faz ter você comigo
28 novembro 2007
Enquete

Só eu sei o quanto eu já escrevi e quanto apaguei
Palavras bonitas, sortidas, histórias que nem eram minhas
E o quanto fazer delas melhor eu tentei
Registrando assim o que era eu em algumas linhas
Mesmo assim muito já foi registrado
E fico pensando se é o suficiente
O que é que pensam toda essa gente
Que levam minhas palavras ditas de bom grado
Querendo descobrir este fato
aos anônimos agradeço o descaso
e aos de diária consulta
Deixo no ar a pergunta
24 novembro 2007
Sem fuso, confuso

Minto se digo que não te amo
Digo se finjo pra não te machucar
Finjo que não me importo
E me importo pro seu mundo de açúcar
Estupidez querer ser o mais forte
Quando você me ganha com um beijo
Insensatez de buscar um norte
Quando é de medo que eu me queixo
Era uma vez no dia
Era tudo que eu queria
Era a minha cura
Fruta madura
Fruta mordida
22 novembro 2007
Vago

Talvez eu complete a sua frase, faça mil drinques com suas as lágrimas
E ai sim, caso encontrasse o que sentem todas as grávidas
Eu seria o que sou sem ter o que você é
Pois eu não aprendo a lição, não tenho livro e nem levo dever-de-casa.
Procuro dentro de você algo que faça sentido pra mim
Vago no seu mundo tentando morar em algum lugar
E só o que faz sentido é a saída, o fim
"Acorda meu amor, já é hora e levantar"
---------------------
Patrocínio: "Parte 2", "A Canção Pobre"
07 novembro 2007
Cinzas de um sorriso

Queria não saber o que há por trás desse seu sorriso de sempre
Dividir o mesmo lugar e não sentir nada do que tudo em mim quer
Não pensar que por onde quer que eu vá vou levar você
Não juntar pra depois separar
Mesmo assim há insistência, pra variar
De pôr à prova o prazer
Da vida que só faz me contrariar
Pois eu escrevo pra quem nunca vai ler

30 outubro 2007
Janela

Imprimi amigos
Esvaziei a lixeira
Comprimi o passado
Baixei o novo [o nível]
Programei o futuro
Abri uma janela
Queimei os arquivos
E então salvei a minha vida.
24 outubro 2007
Só pra irritar eu nego!

Só pra irritar deixo um sapo na sala
Te observo enquanto comes
Não faço juras
Conto tudo para os outros
Aponto seu erro
Desaponto suas expectativas
Canto música sertaneja
Não ligo
Ligo
Interrompo
Mudo suas idéias
Durmo antes
Fecho a cara
Faço de conta que você não existe
Nego seu expresso
Te estresso
Peço a conta
Te deixo esperando
E se algum dia você perceber o motivo de tudo isso
Eu nego!
18 outubro 2007
Plano 2

Não tenho mais cartas do outro eu
Nem promessa sei se ficou
Separados, cada qual para um canto
Um de pássaro outro de dor
Sou responsável pela parte que me coube do plano
Continuo com ele e por isso quero seu bem
Pois te dei a metade mais querida e sonhadora
Não conto mais os dias
Não quero esquecer
Do seu lado poesia
Do meu lado dever
Do remetente
Salvei o meu dia com o seu sorriso
Gravei um disco com o seu nome
Pintei meu muro com o seu rosto
Comi quando estava com fome
Antes da arte vinha você
Sair do parque, pra quê?
Praticar palavras soltas
Criticar as formas tontas
Se alegrar com as contas
Provocar as pombas
É claro que não passaria em branco
Não é fato que eu não tinha tanto
E é de fama que você vive em mim
É de cama que eu preciso sim
--------------------------
Patrocínio: my last goodbye ([Divina Comédia])
Gravei um disco com o seu nome
Pintei meu muro com o seu rosto
Comi quando estava com fome
Antes da arte vinha você
Sair do parque, pra quê?
Praticar palavras soltas
Criticar as formas tontas
Se alegrar com as contas
Provocar as pombas
É claro que não passaria em branco
Não é fato que eu não tinha tanto
E é de fama que você vive em mim
É de cama que eu preciso sim
--------------------------
Patrocínio: my last goodbye ([Divina Comédia])
16 outubro 2007
Dia-a-dia

De certo a despedida é algo curioso
Eu nunca sei se estou indo de verdade
Impressão de nunca ter ido
Muito menos me despedido
Vão-se as juras e as forças
Nada disso me faz melhor
Fodam-se as curas, das puras moças
Sem estima... de cor
Para que não muito me delonge
Vou ser breve no adeus
Muito embora pouca estadia
Sobra agora outro dia-a-dia
14 outubro 2007
Quando? Onde?

Escrevo pra esquecer
O que até agora tinha sido um sonho
Espero o inesperável
Reitero o que é infalível
O lado de cá ficou mais preto e branco
Fiz um pedido, mas não tenho gênio
Procurei mais uma vez
E só achei o meu receio de estar certo
De talvez não te ter mais por perto
Por enquanto eu vou arrumando a sala
E regando o meu jardim
Mas no entanto ainda sou só eu
E você... só você
06 outubro 2007
Presente
Enquanto o tempo passava eu me enganava. Me enganava que eu não estava sendo aquilo que eu não queria... podia não ser nada, mas nunca aquilo que eu não queria ser (engraçado como isso não exclui o outro). Mas como disse, me enganava. Eu estava num caminho esquisito, estranhamente familiar.
Soube como mudar a situação neste exato momento. Eu não sei precisamente como vou fazê-lo, mas vou. E isso é bom, pois eu não faço a menor idéia de como isso se dará. Nem mesmo o final desse texto.
De certo eu sei que a melhor coisa que eu tenho que fazer é não olhar pra trás e me enganar com as minhas memórias póstumas...
Soube como mudar a situação neste exato momento. Eu não sei precisamente como vou fazê-lo, mas vou. E isso é bom, pois eu não faço a menor idéia de como isso se dará. Nem mesmo o final desse texto.
De certo eu sei que a melhor coisa que eu tenho que fazer é não olhar pra trás e me enganar com as minhas memórias póstumas...
03 outubro 2007
27 setembro 2007
Liberdade

Eu nem sei por onde começar agora
(As vezes me pergunto se um dia eu soube)
Tento escolher, mas alguma coisa atrapalha
Não sei se foi eu quem ajudou pra que isso fosse assim
São tantas opções que eu me perco
E se acho, fico em dúvida de optar
Será que a vida é isso?
Bom, pelo menos se não for ainda não sei como é
Me parece que estou preso
Mas o mais engraçado, me sinto livre
E agora mesmo eu me pergunto
Eu optei por isso?
Liberdade é poder escolher
Poder escolher em que prisão queremos ficar
(Isso sim é um grande paradoxo)
E se no final não fosse escolha
Ainda há liberdade.
------------------------------------------
26/03/2007.
16 setembro 2007
Muda
Se um dia eu voar pra bem longe
Pode ficar com as minhas meias
Com as meias verdades
E com tudo mais que você encontrar
Se eu não for pra nenhum lugar
Você pode ficar, contudo...
Contudo não seja muito oportuno
Prefira se opor a tudo
Caso eu mude
Mude meu caso
Casando as mudas
Mudando-as de casas
Prefiro eu ficar aqui
Por que vejo tudo diferente
De um lugar bem conhecido
---------------------------------------------
Escrito em 26/03/2007.
11 setembro 2007
Brinco de boneca

Imagem: Lia Fenix
Brinco de ser modelo
Brinco de boneca
Sinto como se fosse alguém
Cinto de boneca
Venda a minha alma!
Venda de boneca
Pelos mesmos caminhos
Pêlos de boneca
Saia da vitrine
Saia de boneca
Visto tudo isso
Visto a boneca
Meio-termo é a máscara
Meio boneca
Meio mulher
Brinco de boneca
Sinto como se fosse alguém
Cinto de boneca
Venda a minha alma!
Venda de boneca
Pelos mesmos caminhos
Pêlos de boneca
Saia da vitrine
Saia de boneca
Visto tudo isso
Visto a boneca
Meio-termo é a máscara
Meio boneca
Meio mulher
08 setembro 2007
Viagem


Eu quero ser uma viagem
Pra bem longe
Pra não sei onde
Dessa vida selvagem
Uma viagem de férias, descanso
Praia, sol, vento e nuvens de algodão?
Sabe, delas nunca me canso
pode ser rápida, passageira, por que não?
(- O que vai ser senhor?
- Ida e volta?)
Só existe a ida, a partida
E quem volta apenas vai de novo
(- Vai sozinho?)
E todos iriam comigo
Uma viagem alegre e sem rumo
Obrigado por ter ido comigo
(- Volte sempre!)
----------------------------------
Resposta ao post da Clara. (21/01/2007)
Alias, está também como um dos comentários.
Já está monopolizando meus posts. :)
Na próxima prometo que volto a escrever algo atual, voltar ao modelo clássico.
06 setembro 2007
Falta

Sinto falta do olhar
Do encontro de dois mundos
Do jogo que não tem perdedor
Penso que nesses dias
Eu era mais distraído
Mais amante e sutil
Andante sem rumo
Hoje sinto, falta sentir
Sinto, se pra você não falta
Falta, se você não sente
Frases desperdiçadas
Amores traídos
Sonhos cansados
Palavras sem sentidos
Não quero me cansar
Estar na rotina
Pois mesmo sendo um dia da dor
O outro é da folia
Tá no olhar
Tá no ar
No coração do amante
A vontade de amar
----------------------------------
Outro texto meu escrito em Março de 2007.
03 setembro 2007
Obrigado

Foto: Tracy Hebden
Todos somos anônimos
Eu sou, assim como você é pra mim, anônimo
Escreva o que achar necessário
leia o que te der vontade mas, mesmo assim você o será.
Meu blog é anônimo
Anônimos são os que gostam dele
Anônimo é que eu sinto sobre isso
E na maioria das vezes o resto também
Faça algo diferente como os outros
Não leia até o final
Não ligue para os outros
Não deixe seu depoimento
Não conte com os amigos
Não tenha amigos
Não escreva poemas
Não fale palavrões
Pois desse modo, quem sabe(?)
Anônimos diferentes seremos, obrigado!
-------------------------
"Este blog não permite comentários anônimos."
Lendo essa frase na parte de comentários do meu blog eu pensei que algo sobre isso deveria ser dito.
02 setembro 2007
Ímpeto sem explicações
Eu:
Se meus estudos se mostrarem menos exigentes
Se meu tempo quiser mais
Eu vou estar lá
Se duas vezes eu pensar
Tarde logo será
A atitude que outrora
Deixei passar
Falo agora por não ter amarras
Solto-te toda
Deixando nada pra trás
Pra que ninguém tente te encontrar
De todas a mais bela
A única entre muitos
Que vem a mim sem medo
Que parece tão de perto
Falo em códigos pra esconder meus desejos
Peço pra que ninguém mais saiba
O que por trás dessas palavras
Eu discorro sem que me caiba
Volto de onde eu vim
Por não saber pra onde vou
Perco um pouco de mim
Ganho porque agora nada sobrou
Ela:
"Case-se comigo
Antes que amanheça
Antes que não pareça tão bom pedido
Antes que eu padeça
Case comigo
Quero dizer pra sempre
Que eu te mereço
Que eu me pareço
Com o seu estilo
E existe um forte pressentimento dizendo
Que eu sem você é como você sem mim
Antes que amanheça, que seja sem fim
Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim
Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido."
Eu:
Por isso que eu gosto de você
Você tem um gosto e um jeito de pôr isso
Que sobretudo é simples
E no mínimo é o máximo!
Sempre deixa um pouquinho mais
E melhor que sobre tudo
Pra que caso eu queira mais, tenha
E caso eu tenha
E você queira mais
Caso com você
Ela:
"hoje eu acordei tão só
mas só do que eu merecia.
eu acho que será pra sempre
mas sempre não é todo dia."
----------------------------------------
Todos os créditos das escolhas dela são para Maria Clara e os outros pra mim.
Foi uma conversa no orkut que houve em março (2007).
Referências dela:
Ela 1: "Case-se Comigo" (Vanessa Da Mata)
Ela 2: "Sempre não é Todo Dia" (Oswaldo Montenegro/Mongol)
01 setembro 2007
Pensamento Diminuto, conversa fora

Cada vez mais curtos estão meus versos
Da reciclagem cruel e egoísta
Pensamento de minutos
Versos diminutos
Se esvaindo
Indo...
Força!
- "Você consegue!
- Talvez com mais palavras"
Deixando mais ralo o significado
E menos claro o que são essas amarras
Acho
E logo perco
A chave desse berço
De novos textos e versos
Que não chegam a um terço
Dos sentimentos velhos
Antigos relhos
Sem cor
Dor
Me deixa
Quero tentar
Há tanto pra errar
E ao menos eu vou saber
Que se daqui não passar até o inferno vou rimar e nenhuma vírgula vou botar ou verso vou pular
Placebo

Coloquei você onde eu mais queria
Pintei as paredes de branco
Vesti o meu melhor terno
Convidei meus melhores amigos
Será que era alegria?
Talvez existisse um manto
Cara de inverno
"Sou todo ouvidos"
Você foi meu placebo
E como todos, eu sabia
Me enganava que me enganava
Afasia
Você foi meu placebo
Meu desejo de ser
E só agora eu percebo
Que fiz por merecer
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